UM

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ATENÇÃO: Essa é uma nova versão da história.

Thalles. Verão de 2014.


Na minha longa lista de medos, há dois que mais me abalam nesse verão insano: A Queda da Mariposa e uma abdução alienígena

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Na minha longa lista de medos, há dois que mais me abalam nesse verão insano: A Queda da Mariposa e uma abdução alienígena. Não é à toa que ganhei o mais recente apelido de Cabeça de Vento, ou só Pastel para os que adoram economizar palavras. Mas, se posso botar a culpa em alguém para aliviar a coisa toda, destino grande parte dela a minha melhor amiga, se é que ainda posso chamá-la assim.

            Elay e eu nos conhecemos desde o nascimento, no que se pode chamar de amizade de berço. Nossas mães se conheceram na maternidade, ambas gritando de dor e querendo que saíssemos logo de seus corpos. Foi uma longa batalha, elas contam, mas que as uniram e, consequentemente, eu e Elay também.   

            A conexão naquele dia foi tão grande que elas continuaram mantendo contato, solidificando assim a amizade uma da outra e de seus filhos conforme crescíamos. Dessa forma, Elay e eu nos tornamos inseparáveis.

            Até que nesse verão, quase 14 anos depois, minha melhor amiga foi abduzida por alienígenas e substituída por um, quase conseguindo me manipular para a morte iminente.

            ― Anda logo, Thalles, não é pior do que parece ― Elay diz, com as mãos sobre meus ombros e a voz carregada de empolgação.

            Alguns passos de distância está a Queda da Mariposa, um salto de aproximadamente 15 metros diretamente para o mar, a diversão de adolescentes idiotas da cidade e recentemente a de Elay também, que misteriosamente perdeu o medo de altura.

            Tenho os melhores dos motivos para acreditar que ela não é mais a mesma, de todas as formas possíveis.

            Tenho os melhores dos motivos para acreditar que ela não é mais a mesma, de todas as formas possíveis

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Naturalmente não estou conseguindo mover sequer um músculo e sei que estou sendo mais patético que o normal.  Ao redor, assistindo ao meu vergonhoso show, está o mais novo grupo de amigos de Elay, que se constitui basicamente por babacas. Adolescentes do ensino médio, com um potencial absurdo para se portarem como desmiolados e fazerem coisas estúpidas: Maia, Gabriel, Luan e meu primo Samuel estão presentes, embora o grupo seja bem maior.

            Alguma coisa aconteceu com Elay nessas férias de verão para que ela simplesmente começasse a se tornar um deles e, por falta de argumentos, me sustentei na teoria de abdução. É só muito suspeito que numa noite estivéssemos querendo manter distância desses boçais, retaliando-os pelas costas, e na outra Elay resolvesse que eles não são assim tão ruins se bandeando para o lado deles.

            ― Ele não vai pular ― Samuel diz, acendendo um cigarro. Perto dos meus tios ele é o tipo de garoto exemplar, muito diferente da realidade onde se porta como uma versão fajuta de bad boy. Está sempre usando jaquetas de couro e camisas de banda que ele provavelmente nem escuta, apenas para parecer descolado e conquistar admiradores.

            Elay solta meus ombros e dá um muxoxo. Eu ainda não consigo me mover, completamente paralisado pela possibilidade absurda de saltar. Apesar de ser um dos meus maiores medos, me submeti a ideia para me sentir parte do grupo, ainda mais aterrorizado pela chance de perder a minha melhor amiga, mas quando cheguei perto de concretizar a minha suposta coragem, tudo parou de funcionar.

            Lá embaixo, o mar açoita o rochedo com uma potência ampliada pelo medo, assim como o sopro do vento, que me faz ficar arrepiado. Faz 36⸰C nessa tarde e eu sinto frio, talvez porque tudo dentro de mim esteja congelado.

A minha covardia é como o elefante azul na sala, mas ninguém se importa em tentar ignorar. 

            ― Coitadinho, ele está pálido ― Maia diz, usando seu tom de fala com animais fofinhos e bebês gorduchos. Ela está sempre sentindo pena de mim, o que é muito constrangedor, já que Maia é simplesmente uma das garotas mais bonitas que já vi. 

            Para a minha infelicidade, o que quer que cause o rubor nas bochechas ainda funciona no meu corpo. Quando Maia constata isso em voz alta, todo mundo cai na gargalhada e eu só desejo que os mesmos caras que levaram minha melhor amiga, me abduzam agora também.

            ― O medo só pode ser superado quando é enfrentado ― Elay diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo, tomando a frente e ficando perigosamente na beirada do precipício.

            O mundo todo prende a respiração.

            Quero pedir que se afaste, mas minha voz parece distante agora. E, antes que possa ao menos tentar procurá-la, minha amiga se joga, com toda a graciosidade que possui.

Por um segundo vejo que se trata mesmo dela, quando um fenômeno misterioso faz o tempo parar, com o corpo suspenso de Elay no ar. Seus cabelos negros, gigantescos, que dão a volta no mundo, fazem um desenho bonito no céu, ganhando uma luminosidade diferente em contraste ao sol. Sua expressão é de completa alegria, como se tivesse encontrado o que sempre procurou, com apenas treze anos de idade. É um momento mágico e eu esqueço de todo o perigo... 

            Até que ela mergulha para longe do alcance da minha visão e o que escuto logo em seguida ao seu grito agudo é o baque na água.

            Os outros vão correndo até a beirada no penhasco para checarem se ela conseguiu sobreviver, mas eu só consigo fechar os olhos e suplicar para que esse verão acabe. Algo me diz que será o mais longo da minha vida.


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Olá! Quero avisar que por enquanto posso prometer uma postagem por semana (aos domingos) e que estou muito feliz por estar de volta ao Wattpad. Obrigada por estar aqui <3

Att: Larissa Pontes.

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