02 | "fede a medo"

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" mamãe, eu sinto muito
A realidade é entediante "

Drugs & money - new mix —
Chase Atlantic.

"O que vocês querem para o futuro?"

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"O que vocês querem para o futuro?"

A voz do professor se repetia várias e várias vezes na mente, me torturando como a porra de uma faca poderia cortar meus pulsos. Essa era a merda da pergunta em que me fazia todas as noites quando me deitava na cama, era a merda do espaço em branco na minha mente. Que faculdade faria quando saísse da escola? Ou onde eu moraria?

Todas essas questões vagavam pela minha mente e parecia um chicote me batendo a cada nova pergunta que me questionava. Essa porra tortura mais que a merda de uma surra, me fazendo esbarrar em uma realidade em que deixo de lado. Eu estava nova demais para pensar nessa merda.

Era o que tentava me convencer, quando na verdade estava velha demais para não ter algo em minha mente. Essa merda de futuro, um dia todos nós vamos ter que pensar o que fazer, quando na verdade você só quer correr e se distanciar do mundo, viver em um mundo onde só você existe.

Meus pensamentos me cercam cada vez mais fazendo com que não veja que a aula já havia terminado. Eu olho para as cadeiras agora quase vazias e arregalo um pouco meus olhos, pegando meus cadernos que usei e me pondo para fora da sala.

O clima hoje estava frio, aquele frio que gela seu corpo por inteiro e mantém sua boca tão ressecada que apenas com um sorriso seu lábio racha todo.

Eu caminho lentamente até os armários e guardo meus cadernos e notebook, fechando a porta de metal com força tendo a bela visão de Damien e seus amigos caminhando pelo corredor. Ele estava como sempre, postura séria, cabelos desarrumados que odeio admitir que o deixam ainda mais bonito. Normalmente eu apenas o observo por segundos e não dou importância para seus outros amigos, não quero parecer outra de suas cachorrinhas que abanam o rabo quando eles estão por perto.

Eu arrumo meus cabelos vermelhos para o lado, ajeitando meu casaco sobre meu corpo sentindo um frio tomar conta. Viro de costas para eles, começando meu caminho até o refeitório onde faria a minha primeira refeição do dia, já que afinal não gostava de comer de manhã cedo.

Sinto um corpo se esbarrar contra mim e na mesma hora meus olhos se encontram com Ashley. Eu respiro fundo já esperando para a porra do seu surtinho de garotinha mimada aparecer. A garota loira vira sua cabeça enquanto seus cachos de babyliss loiro voam com tal ação, seus olhos azuis claros se focam em meu rosto e rapidamente a fúria aparece.

— que merda, você não olha por onde anda?

— foi você que esbarrou em mim, então tecnicamente quem não olha por onde anda é você.

— se eu contar para o diretor aposto que ele ficará ao meu lado — a merda do sorriso em seu rosto me faz apertar os punhos com raiva, me segurando para que não me descontrole e soque a cara dela para arrancar o seu sorriso.

— você é mimadinha ao ponto de chamar o diretor por um motivo tão insignificante igual esse? — eu me aproximei dela.

Meu rosto fica próximo ao seu. Um sorriso convencido toma conta dos meus lábios quando eu analiso seu comportamento vendo seu corpo ficar tenso com a aproximação.

— você fede a medo — murmuro apenas para a garota ouvir.

Nesse momento, alguns alunos do corredor pararam em volta vendo a merda do show em que Ashley insiste em fazer. Eu suspiro quando o silêncio toma conta do local imaginando que sua resposta não iria sair hoje e me afasto, negando com a cabeça e dando um sorrisinho sínico para a mais baixa.

Eu passo por ela sentindo o perfume doce e nojento entrando em minhas narinas e tento afastá-lo abanando as mãos em volta do meu corpo. Odiava perfumes doces, principalmente quando se tratava do de Ashley. Eu caminho tranquilamente e faço o caminho até o refeitório.

Quando adentro o local com várias mesas, observo que há poucos alunos e levanto uma sobrancelha em dúvida. Eu vou até a fila para pegar a minha comida e ouço as senhoras conversando sobre uma briga acontecendo no pátio.

— esses garotos de hoje em dia arrumam motivos para brigar todos os dias.

— você sabe como Damien é, ele é impulsivo e sempre está no meio das confusões.

Damien.

Tinha que ser ele, sempre que há alguma briga ou discussão séria nessa escola pode apostar que ele sempre estará envolvido até a cabeça nela. Eu suspirei, não ficando supresa pela revelação.

Eu me sentei em um dos bancos vagos pelo refeitório e pude descansar com calma e sozinha, sem a movimentação e aglomeração de sempre no refeitório que era pequeno.

...

DAMIENWhere stories live. Discover now