28 | bar de estrada

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"Essa é a merda que seu amor ama demais
Prometo que farei um filho com você
Farei de você uma mamãe"

Jealou$y — The neighbourhood.

O fato engraçado da vida é que nunca estamos 100% na rédia, o destino sempre será incerto e nós as vezes não conseguimos mudar o que é para ser nosso

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O fato engraçado da vida é que nunca estamos 100% na rédia, o destino sempre será incerto e nós as vezes não conseguimos mudar o que é para ser nosso. A vida muda em um estralar de dedos, em um momento inesperado tudo ao seu redor pode girar e você nem ao menos percebe. Mas eu percebi quando aconteceu comigo. Eu percebi quando tinha alguém me protegendo sem que eu ao menos o conhecesse.

Quando meu pai não entrava a noite no meu quarto, quando minha mãe não se entupia de drogas e decidia descontar sua frustração em mim. Tudo isso mudou, tudo se tornou diferente e embora eu tenha sido uma criança, a mudança era inevitável ao meus olhos.

E agora, sentada aqui com Damien em uma lanchonete simples de um bar de estrada, vejo como seria diferente as coisas se aquele dia à tarde ele não tivesse me visto de longe. Ele teria passado e reto e minha vida teria continuado assim por anos, anos e anos,

— o que você está pensando?

— se um dia você não tivesse me visto naquela praça — eu encosto minha cabeça sobre a mesa e observo o garoto de cabelos bagunçados e maxilar definido me analisando com cuidado.

— mesmo que aquele dia não acontecesse, eu iria achar você — ele deu de ombros, pegando uma das batatas fritas e mordendo — você está destinada a ser minha, Talisa. Você não pode fugir disso.

Eu engoli em seco.

O fato de ser dele não me assustava, mas tinha medo de tudo isso dar errado no final das contas. As coisas não são fáceis na minha vida, tudo que faço sempre tem algo no caminho para interromper meu percurso até meu objetivo. Eu estava acostumada com tudo isso e para falar a verdade, se tornou algo normal para mim.

— não pense nisso, não foi o que aconteceu — ele trincou o maxilar, olhando para meus olhos castanhos.

Seu olhar não era admirável, ele sempre está com esse olhar assustador, hipnotizante, e obscuro. Cercado de caos e obsessão. Toda vez em que ele me observava, a obsessão era vista estampada em seus olhos escuros que ficavam ainda mais quando me observava.

— porque você tem esse olhar? — questiono, bebendo meu refrigerante e sentindo o gás queimar minha garganta quando engoli.

— qual?

— como se fosse obcecado por mim — seus dentes brancos apareceram quando ele soltou uma risada rouca, olhando para mim com as sobrancelhas juntas.

— pensei que você sabia que isso é verdade — ele deitou sua cabeça para o lado e eu senti minha pele formigar pela atração demoníaca que eu sentia por ele — eu sinto suas sensações, sabia foguinho?

Eu dou um sorriso na sua direção e lanço o dedo do meio para ele.

Seus dedos tamborilavam sobre a mesa como se estivesse apressado para algo.

— porque você está assim?

— pensando sobre aquele verme do seu padrasto — ele murmurou as palavras, minhas pernas se arrepiaram e na mesma hora senti vontade de vomitar toda a comida. Por um momento eu tinha esquecido de tudo aquilo..

— o que você fez com ele?

— matei, da pior maneira — ele disse tão naturalmente que até acreditei não ter sido nada demais.

— não quero mais ficar naquela casa — murmuro, respirando fundo e olhando as gotas da chuva que começou a cair na janela do bar — vou pegar meu salário e alugar um apartamento longe dela, longe daquele lugar.

— posso te ajudar se quiser, e fazer você sair daquela merda de bar, odeio aquilo — ele parece ter ficado irritado porque agora suas mãos se fecham em punhos em cima da mesa.

— eu também odeio aquele lugar, mas você sabe tão bem quanto qualquer um que era a única maneira de não me fazer passar fome.

— quando você pegou aquele emprego, eu queria te matar e levar você para o inferno. Eu odiava observar seu desconforto, me irritava ainda mais saber que aqueles homens estavam olhando para você. Para algo que é meu.

— eu não sou um objeto para vocês ter posse de mim — eu junto minhas sobrancelhas e solto um suspiro frustrado.

— mas você é minha, querendo ou não.

— não sou.

— você é sim, e se não for eu faço ser — ele sorriu de uma forma aterrorizante que fez os pelos do meu corpo se arrepiarem.

— você sabe tudo sobre mim, mas eu não quase nada sobre você — eu mudei de assunto, apoiando minha cabeça em minhas mãos para observá-lo melhor.

— o que quer saber?

— você tinha uma vida antes de virar um... demônio?

— sim, eu era um nerd esquisito — eu quase sorri com a resposta, mas seu olhar me fez prender o riso e continuar séria — mas tudo o que você passa lá embaixo te faz tornar um monstro horrível. Eu era certinho, mas eu falhei, me tornei um assassino e as coisas desandaram.

— quem você matou?

— meu pai — senti o seu olhar abaixar e a sua mandíbula apertar, demonstrando que aquele assunto era delicado para ele — ele batia na minha mãe e em mim, e então eu o matei. Dezessete facadas no peito, quebrei as costelas primeiro e em seguida o braço antes de matá-lo.

Eu não sabia como eu ainda estava sentada aqui nesta mesa com ele, depois de tudo que ouvi essa noite. Minha vida mudou tanto de um dia para o outro e as coisas nem parecem reais.

— ele era igual o meu pai? — ele assentiu, e então pude perceber o porquê sempre quis me proteger logo quando me viu sobre aquela cadeira de balanço com meu pai ao lado — sinto muito.

— isso não me atinge mais, não precisa sentir pena — ele bebeu um gole de seu refrigerante, me observando.

— não gostava quando as professoras me olhavam com pena na escola também, não foi minha intenção.

— elas não te ajudavam? Seu pai era um merda, matar ele foi a única coisa que sua mãe fez de bom.

— não, elas viam mas fingiam não notar por medo — eu respirei fundo, desviando o olhar e apreciando a visão da estrada onde passava diversos carros — foi bom o que ela fez, mas quando tive que ficar na minha tia por algumas semanas foram os piores dias da minha vida.

— sua tia era uma prostituta.

— eu sempre soube — falo rindo para ele, o que o fez sorrir — eu era uma adolescente e ela achava que eu não sabia o que ela ia fazer a noite.

— ela era idiota, mas pelo menos o humor salvava, afinal de contas.

— ela era engraçada mesmo — eu sorrio.

O meu celular que estava dentro do bolso  da minha calça apita, indicando que uma nova notificação havia chegado. Eu puxei meu celular, vendo diversas notificações da minha mãe e mensagens, mas desliguei o celular novamente e o guardei.

— acho que minha mãe já soube.

...

O meu @ do instagram; @autora.nev4sca

Seguemm amores 🤍

DAMIENOnde as histórias ganham vida. Descobre agora