12 | outro demônio?

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"Você não faz ideia de que é minha obsessão?"

Do I Wanna Know? — Arctic Monkeys

Do I Wanna Know? — Arctic Monkeys

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Aquilo me irritou, profundamente.

Não sei qual dos demônios estava aqui pela cidade atrás da minha garota. Eu apertava as mãos com força embaixo do chuveiro onde caía água quente, pensando e pensando em quem merda estava a perseguindo e como conseguiu.

Embora ela seja minha, os demônios não ligam muito quando querem fuder você, e sabem que ela é a porra do meu ponto fraco. Eu me segurei para não socar a parede preta do banheiro enquanto encostava a cabeça sobre a parede gélida.

Talisa Baratheon.

Eu venho perseguindo-a faz muito tempo, quando ela tinha apenas onze anos, quando ela ainda se drogava pela merda de família que ela tinha. A mãe drogada e o pai alcoólico, dois fudidos que só a machucavam.

Eu gostaria de mata-los, seria bom o sangue sujo deles nas minhas mãos depois de tudo o que fizeram para ela, de todas as merdas que aquele filho da puta fez com ela. Mas eu nunca seria perdoado por ela, embora soubesse que tanto quanto eu, ela não deu a mínima pela morte do seu pai abusador, e também esconder algo assim eu jamais faria, minto com muita pouca frequência e isso estava fora de cogitação fazer.

Até o dia em que a mãe dela o matou, a primeira vez que aquela vadia fez algo realmente grande e bom. Era ótima ver o corpo sangrento deitado sobre o carpete branco da casa deles, o sangue nunca mais saiu. O cheiro fresco de morte ainda rodeavam aquele apartamento e quando entrei para achar quem estava lá, pude sentir novamente. Eu emiti um sorriso olhando aquele carpete onde uma vez aquele homem imundo estava caído.

Desde os onze, venho cuidando dela, matando quem faz mal a ela e quem entra em seu caminho. Quando ela se drogou na noite em que o pai dela foi morto, eu mesmo me certifiquei de alguém a ajudar, manipulando uma vadia qualquer da festa. Era engraçado como humanos se rendem fácil quando se trata de dinheiro.

Desligando a água do chuveiro, coloco uma toalha em minha cintura e passo meus dedos sobre os fios de cabelo castanho que estão pingando água pelo meu rosto. Eu remexi eles, fazendo pingos de água voarem para o chão e o deixando menos úmido que antes.

Observei meu corpo pelo espelho vendo uma cicatriz entre meu abdômen, uma sobre a lateral da minha cintura e outra sobre o ombro. Brigas, brigas e mais brigas. A forma em que eu aliviava o estresse era bizarro, mas mesmo assim ajudava.

Eu passei pelo corredor entrando no meu quarto, vendo-a parada sobre a janela enorme de vidro. Eu levantei uma sobrancelha quando ela se virou e seus olhos passaram pelo meu corpo, ela desviou prendendo a surpresa dentro de si, mas eu a conhecia o suficiente.

— você quer tomar um banho?

— não, já tomei em casa.

— coloque uma camisa mais leve, caso a Enora obrigue você a ficar aqui hoje.

Não era uma opção, ela iria ficar aqui hoje, nem que para isso precise manipular sua mente.

Ela não voltaria tão rápido para casa, não agora com esse demônio que está por todo canto perseguindo-a. Ela está salva aqui, caso ele entre e eu possa saber quem diabos ele era, ninguém persegue minha garota.

porque você não me diz quem ele é? — ele.

O demônio que persegue você, minha anjinha? Era irônico a chamar assim considerando o fato que eu seja um demônio.

— porque não é hora de você saber disso — eu olhei em sua direção — você vai saber logo logo, eu prometo.

Eu peguei uma camisa minha jogando em sua direção que a pegou no ar. Eu me virei para achar alguma roupa para mim, enquanto ela se trocava. Peguei uma calça moletom cinza e uma blusa larga preta.

— isso... isso ai que está me observando, é um demônio?

— você acredita em demônios?

— eu costumava ler e ver bastante filmes sobre isso quando era pequena — é, eu sei — então talvez acredite.

— não sei o que pode ser, pode ser da sua cabeça também, nenhum demônio iria persegui-lá.

Mentira.

Quanto mais calma que ela ficar, é melhor. Ela não precisa saber por agora o que era aquilo atrás dela, ela pode criar suposições sobre mas ainda não era a hora para falar, ela pode se desesperar, mesmo com sua pose de durona eu conheço ela.

Sei que chora várias vezes pela sua mãe, pelo seu pai quando se lembra o que ele fazia, por trás da sua pose durona, ainda sim tinha uma garotinha assustada, igual quando tinha onze anos, e era minha obrigação protege-lá do que for necessário. E se caso ela souber que é um demônio que provavelmente quer mata-lá, ela se desesperaria e tentaria matar ele.

Pobre humana inconsequente, ela acharia algum jeito de derrotá-lo e quem acabaria sendo derrotada era ela.

— então porque eu estou aqui?

— porque Enora queria você aqui — eu digo simples, retirando a toalha da minha cintura.

Vesti as roupas enquanto o silêncio reinou sobre o quarto. Me virei para ter a visão dela sentada com minha camisa que cobria sua bermuda curta. A blusa preta ficava grande nela, ela era magra e pálida e a forma em que eu queria possui-lá por inteira nesse momento era intensa e enorme.

não sei porque, mas eu estou... — ela coçou o coro cabeludo, se esforçando para dizer as palavras — com medo. Demônios não podem ser socados no rosto, mas ainda sim não vou poder fugir para sempre se caso realmente ser um.

— porque tem tanta certeza que é um demônio?

— eu costumava ver um deles quando era mais nova, eu tinha as mesmas sensações de hoje mais cedo quando ele ficava no meu quarto. Ficava a noite inteira parado sobre a porta do quarto, quando meu pai... — ela ligeiramente parou de falar quando percebeu, e eu suspirei, já sabendo o que falaria.

Ela me via?

Eu costumava ficar em pé a noite em frente a porta do seu quarto se caso aquele verme asqueroso tentasse algo contra ela. Eu me mantive todas as noites, até o momento em que ele morreu e ficou apenas ela e sua mãe, mas mesmo assim eu cuidava de longe, todos os dias.

— e você não sente medo deles?

— eu não sentia medo quando era pequena, ele me ajudava, de qualquer forma — a maneira em que ela murmurava as palavras eram frias e gélidas, escondendo a garota assustada dentro dela.

— mas se isso for um demônio, ele parece não ser bonzinho — ouvi os seus batimentos cardíacos aumentando, ela balançou a cabeça em compreensão.

— eu não vou me esconder dele, Damien, se ele for um demônio — ela parecia tão determinada a vencer o monstro que estava atrás dela, mas ele não teria tempo de encostar nela antes de ser morto, cruelmente.

Se for preciso ficar todos os dias em seu quarto a noite cuidando dela novamente, eu ficaria.

...

DAMIENWhere stories live. Discover now