26 | aperto no peito

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"Eu posso ver claramente,
Você está indo
Eu sei porque"

TV dream — Cults

Eu não estava com meu humor bom, tudo a minha volta parecia me irritar profundamente e nesta merda de lugar não tinha aqueles cigarros igual no mundo dos humanos, pelo menos aquela porra me fazia melhorar quando estava em um dia ruim, mas agora tu...

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Eu não estava com meu humor bom, tudo a minha volta parecia me irritar profundamente e nesta merda de lugar não tinha aqueles cigarros igual no mundo dos humanos, pelo menos aquela porra me fazia melhorar quando estava em um dia ruim, mas agora tudo era diferente.

Soquei a cara de um demônio, fazendo o sangue esguichar pelas paredes do beco. Peguei seu pescoço e o joguei contra a parede com toda a força, vendo a sua respiração arfar enquanto tentava falar algo, mas nada nessa merda me faria parar de bater nele.

— tudo o que eu escuto é seus gemidos de dor, e sabe o que merda eles significam para mim? — eu soquei sua cara novamente, o sangue escorrendo entre sua boca — porra nenhuma.

O soquei mais uma vez e o joguei para longe de mim. Ajeitei minha jaqueta preta, meus dedos manchados com o sangue das feridas abertar em meu punho, mas eu não liguei para essa merda quando na verdade a única coisa que quero agora era voltar para a merda do mundo humano ver Talisa.

Meus cabelos castanhos caem entre meus olhos e os puxo para trás com meus dedos. Eu até pensaria em me encontrar com Gabriel ou Enora agora, mas provavelmente a minha raiva iria ser depositada neles e isso não é algo que eu queira arcar depois.

Entrei em um bar, onde várias pessoas estavam sentadas bebendo. Me aproximei do balcão, pedindo uísque puro e o bebendo rapidamente, sentindo o líquido forte descer entre minha garganta.

O meu peito aperta, uma sensação frequente desde que cheguei nesse lugar, e isso me faz ficar louco da cabeça porque toda vez que essa merda acontece penso que é algo com Talisa. Ninguém teria a coragem de encostar nela, ninguém seria tão corajoso em machucar a minha garota, minha, minha em todos os sentidos da palavra, tudo que é dela me pertence desde sempre.

Eu coloco mais bebida em meu copo e viro ele, engolindo em seco nem sentindo a ardência na minha garganta. Essa merda de uísque não chega nem perto de me ajudar com meu estresse, nada que eu possa fazer ajuda, só Talisa.

— vai ficar aqui se enchendo de bebidas?

— será que eu não tenho a porra de um tempo de paz — eu reviro meus olhos, enchendo o copo mais uma vez.

— você vai ter — Enora se senta ao meu lado, pegando um copo — eu também tenho coisas no mundo humano no qual eu tenho que cuidar, Damien, mas estou aqui com você.

— e você não liga se caso a Rita ser machucada Enora? Caso alguém fazer algo contra ela? — murmuro, vendo o maxilar dela trincar e seus olhos ficarem pretos.

Enora não ficava brava facilmente, isso é algo raro de ver.

— nenhuma merda vai acontecer com ela — ela pega no copo de vidro, a prata dos seus anéis fazendo barulho quando bateram-se contra o vidro do copo.

— vou voltar amanhã — digo por fim, empurrando a garrafa de bebida em sua direção — você decide se vai junto ou não.

— eu vou — ela disse por fim, mas sua voz não estava mais calma como normalmente está.

Rita acabou mexendo com ela, tanto quanto Talisa mexe comigo. Consigo sentir a raiva radiante vinda do seu corpo enquanto ela bebe sua bebida quieta, olhando para um ponto específico provavelmente pensando na garota humana na qual mantém sua obsessão.

Eu e Talisa fomos criados assim, nada que é nosso pode ser tirado de nós. Ou machucado, sem ser nós mesmos que fizesse tal ato. Normalmente eu e ela nunca tivemos obsessões, nada temporário na verdade, mas com elas era algo muito diferente do que o normal.

Eu suspiro, olhando em volta vendo várias pessoas aqui, ambas estavam tão bebadas que tropeçavam ao caminhar. Esse lugar me dava nojo, tudo que existia aqui era nojento e me dava ânsia de ficar aqui por duas horas ou até menos.

A mesma sensação de antes foi sentida novamente, aquilo me deixou ainda mais irritado. Coloquei a mão sobre meu peito, não sentindo nada, apenas aquele sentimento passageiro que logo se foi, tão rápido quanto veio.

— acho que Talisa está precisando de ajuda — eu murmurei, prendendo meu maxilar enquanto rodeava o copo com meus dedos e o apertava com tanta força que achei que quebraria.

— você sente essas dores?

— sim, você também?

— a gente tem que voltar — ela murmurou, virando o copo com o líquido e o pondo sobre a mesa de madeira.

— você sabe que não é tão fácil voltar para aquela merda de mundo — eu reviro meus olhos e ajeito a jaqueta quando me levanto.

Eu e ela saímos daquele bar em um passe, sentindo o frio atingindo meu rosto, observo a rua pacata e vou até onde Ariella estava, para me despedir dela.

Enora caminha ao meu lado, o corpo rígido e a mente em outro lugar.

Eu passo pelos becos cortando caminho até chegar na mansão afastada da minha "família" onde Ariella está. Abro as portas em um estrondo até chegar naquele mini quarto pequeno e cheio de poeira e pouca luz.

— você não voltou ainda?

— vim me despedir — eu falo, engolindo em seco e chegando perto da cama, pondo minhas mãos em seu rosto e fazendo carinho. Pela primeira vez em muitos anos eu fiz algum toque físico com ela — vou sentir sua falta, você sempre foi alguém que eu pude contar tudo, eu amo você Ariella.

As palavras saíam difíceis quando eu as dizia, pelo pouco que eu falava elas. Eu sempre tive dificuldade com isso, Ariella sabia e sempre entendeu o quanto pra mim era difícil tudo isso e mesmo assim ela nunca deixou de estar ao meu lado.

— eu amo você, maninho — ela fez carinho na minha mão que estava em seu rosto, eu limpei uma lágrima que escorreu entre seu rosto — tomara que você consiga salvar a humana que você quer, e você também Enora.

— vou sentir falta das noites no bar Ari, amo você — Enora murmurou, se colocando do outro lado da cama e segurando a mão de Ariella.

— nós vamos cuidar bem das duas — eu beijei sua bochecha, retirando os cabelos que caíam entre seu rosto pálido.

— se cuidem, e peço que se puderem fiquem lá, esse mundo é chato e irritante e sei que vocês se acostumaram a conviver com os humanos.

Eu concordei com a cabeça, sentindo uma pontada de dor no meu peito ao ver ela nesta situação. Ela sempre foi alguém cheia de luz, mas agora nessa cama e pálida do jeito que está, ela não parece nem um pouco com a luz do sol, igual antes.

Eu fiz carinho nela, por longos minutos enquanto observava seu rosto, as expressões tranquilas e calmas.

...

DAMIENWhere stories live. Discover now