33 | cigarro

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"Você liga as luzes à tarde
E as noites se estendem
E você beija para acabar com a tristeza"

Knee Socks — Arctic

Knee Socks — Arctic

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10 anos atrás...

Era mais um dia ruim na casa de Talisa, ela estava sentada sob a cadeira de madeira da cozinha enquanto sua mãe cozinhava furiosa. Seu pai estava sentado no sofá, assistindo algum filme enquanto o volume da televisão era só o que podia ser considerado um som no ambiente.

Talisa não queria fazer lição, mas entre não fazer lição e seus pais serem chamados ou fazer e acabar tudo bem, ela com certeza escolheria a segunda opção. Seus dedos finos doíam pela grande quantidade de tempo que ela segurava aquele lápis e então a garotinha resolveu dar um tempo pequeno para seu descanso.

Sua cabeça latejava de dor a cada passo que a garota dava até seu quarto, indo buscar um lugar silencioso e sem os olhos atentos de seus pais. A garota odiava ficar no mesmo ambiente que eles, principalmente quando sua mãe estava furiosa igual àquela noite.

Ela se sentou sobre a cama e observou o a sua vizinhança pela janela velha e rabiscada de canetinha preta. Seus olhos castanhos quase se fecharam com o sono forte que acabara de sentir, e ela não poderia dormir tão cedo, antes de lavar a louça do jantar.

Ela escorou sua cabeça na madeira da janela e decidiu que apenas fecharia seus olhos um pouco. Mas aquilo certamente não daria certo, mas a garota não estava ciente disso.

O corpo pequeno e miúdo de Talisa pulou quando a porta de seu quarto foi violentamente aberta pelo homem velho e barbudo. Seu pai se dirigiu até a garota, enrolando os dedos grandes e judiados entorno do seu pequeno braço e puxando ela para se levantar.

— garota idiota, você deveria estar lavando a porra da louça — ele empurrou a menininha para a porta do seu quarto, fazendo ela quase tropeçar em seus próprios pés.

— desculpa papai — ela choramingou, ajeitando seu cabelo e caminhando com cabisbaixa até a cozinha.

Seu pai não satisfeito, pegou nos cabelos castanhos e puxou ela para se sentar na cadeira. Ela rapidamente arregalou seus olhos temendo o que ele faria agora, mas ela sabia muito bem, ela sempre recebia esse "tipo" de castigo.

O cigarro que estava colado nos lábios do mais velho foram retirados e a garotinha tentou negar, tentou fugir, mas seu pai a prendeu sobre a cadeira e sem piedade alguma flexionou a ponta do cigarro vermelha em sua pele, ela soltou um grito agudo e rapidamente lágrimas começaram a brotar de seus olhos.

— por favor, para — ela soluçava, sentindo a queimação forte no seu pequeno braço e observando o sorriso nojento do seu "pai".

Olhei para meu braço, passando a mão pela cicatriz pequena de ponta de cigarro e soltando uma respiração trêmula. Eu tinha vergonha dessa cicatriz, ela era feia e era bem visível aos olhos de todos. Observei mais uma vez o uniforme ridículo do colégio entre meu corpo e sai do banheiro de Damien, o vendo sentado sobre a cama fumando e mexendo no celular.

Eu engoli em seco vendo o cigarro, indo até minha mochila e tirando meu único perfume de lá. Dei três borrifadas e o guardei novamente, sentindo o corpo de Damien agora mais perto do meu.

Seus dedos encostaram na minha coxa quando ele puxou a saia para baixo me dando um tapa na bunda. Eu me virei mandando dedo e recebendo um beijo em meu pescoço que fez os pelos do meu corpo se arrepiarem com a ação.

— muito curta, amor — ele falou perto do meu ouvido — não quer que alguém morra hoje, não é?

— você é tóxico — eu ri, tentando afastá-lo, mas ele nem sequer se mexeu de lugar.

— cuido do que é meu, particularmente eu não acho isso tóxico — ele apertou minha cintura por cima do tecido enquanto seus olhos escuros me observavam enquanto ele soltava a fumaça presa dentro de sua boca.

Conseguia ver a maldade através deles, o tom de malícia que se escondia diante das órbitas negras. O olhar dele era uma das minhas partes favoritas do seu corpo, ele me prendia apenas me observando do jeito que estava agora, como se soubesse o que penso em relação a ele. Eu passei meus dedos entorno de suas bochechas pálidas, fazendo um carinho leve antes de dar um último beijo e me afastar.

— pra você é normal — dei de ombros, pegando minha mochila que estava jogada no chão e colocando a grande quantidade de livros dentro dela.

— pra você também, só teve namorados idiotas — ele revirou seus olhos, bagunçando seus cabelos e jogando o cigarro pela janela.

— eu nunca mais os vi — senti um sorriso discreto crescendo em seus lábios e eu rapidamente olhei com as sobrancelhas franzidas para ele — o que você fez?

— nada amor, nunca machucaria eles — eu sabia que ele estava mentindo. Coloquei minhas mãos em minha cintura, parando de ajeitar minha mochila para encarar o garoto em minha frente — ok, ok... eu matei, mas foi com motivos, está bem?

Eu arregalei meus olhos, olhando assustada para ele que mantinha sua expressão neutra observando o meu rosto. Seus dedos passaram entorno da alça da mochila, a erguendo e a jogando contra seus ombros cobridos pelo tecido do uniforme que vestia.

— não pode ser possível — vi ele dando de ombros e rapidamente fechei a minha expressão para ele — porque caralhos você fez isso? você sabe que não pode ficar matando os outros apenas porque me machucam.

— é claro que eu posso — ele murmurou, seu tom saindo indignado e a brincadeira que antes passava entre seus olhos não estava mais lá — Talisa, eu não vou deixar que te machuquem. Aquele merda do jack, jackson, sei lá, iria estuprar você, acha mesmo que essa merda não teria um preço? Ninguém mexe com a minha garota e sai vivo, ninguém.

Ele parecia assustador agora, seus olhos estavam mais escuros e seu peito subia e descia. Falar do meu passado o afeta tanto assim? nunca se preocuparam comigo tanto, não igual Damien. Ele sempre está aqui, cuidando e me protegendo, deve ser o motivo por trás da minha incapacidade de me afastar dele mesmo aabendo o que ele é...

— você devia me conhecer o suficiente para saber sobre isso, minha foguinho.

...

DAMIENWhere stories live. Discover now