Capítulo 1 - Surge um anjo

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Os Agentes da Penumbra: Gabrielle

Por Marcos Gratão

Capítulo 1

Surge um anjo

Estava amanhecendo. A primeira luz do sol tocava o solo, trazendo a claridade, em uma terra seca... e junto com ela, a vida – a grama começava a brotar daquele solo antes estéril. A vida divina. Logo haviam algumas pequenas margaridas se desabrochando, e logo depois um pequeno jardim se mostrava se assentando naquele local.

Uma moradora de rua puxando um grande saco cheio de roupas passa por alí e fica espantada, maravilhada. Ela coloca as mãos no rosto e grita de alegria, ela não sabe como aquele lindo jardim de margaridas teria aparecido ali durante a noite... mas agradece a Deus por tanta beleza. Quando se aproxima para sentir o perfume das flores, ela percebe que há algo mais ali. Ela dá mais um passo, dá dois passos, três... ela já havia visto os corpos de vários companheiros moradores de rua dormindo em jardins antes, mas ainda não havia visto algo daquele jeito... havia uma jovem mulher morena deitada naquele jardim. Ela estava completamente nua, deitada na posição fetal, como se estivesse ainda dentro do útero de sua mãe... porém já havia saído de lá adulta, e o que mais lhe chamava a atenção, é que a garota brilhava... Sim, sua pele emitia um brilho leve, que ía se apagando a cada segundo... até que o corpo da garota se tornasse opaco como o de todos os humanos.

A moradora de rua não sente medo daquela jovem deitada no jardim, ao contrario, ela se compadece dela... e na tentativa de ajuda-la, dá mais um passo, pisando em um galho de árvore caído no chão. Há um TÉC seco no ar e a garota brilhante abre os olhos. Ela levanta um pouco a cabeça na tentativa de ver quem se aproxima...

-Quem..?

-Está tudo bem, menina... Eu vou te ajudar...

A mulher ajuda a garota a se levantar. Tira de seu saco um cobertor e enrola em seu corpo. Ela tira um pente do bolso do paletó e penteia a jovem:

-Sabe, eu tive uma menina, uma vez... Ela era linda, como você! Mas eu a perdi...

A mulher se cala, não quer se lembrar de memórias doloridas, não naquele momento, ela não pode ficar mal enquanto há uma pessoa precisando dela, não!

-Sua filha, Maria Angélica... a jovem diz essas quatro palavras, ainda de forma fraca, bem baixo... mas já é o suficiente para deixar a velha senhora com todos os pelos de seu corpo arrepiados...

A jovem continua:

-...Ela está bem. Na verdade, ela foi muito bem amparada pela Luz, a senhora não precisa se preocupar. Ela era um espirito que havia sofrido muito em sua vida anterior... tudo o que ela precisava era de um pouco de amor de mãe, entende... e isso a senhora soube dar melhor do que qualquer uma mãe que poderíamos escolher pra ela.

-O que é que está dizendo, minha jovem?

-Sua filha escolheu vir ao mundo através de você... ser amada por você, pelo seu coração bondoso... Tão bondoso que está aqui, agora, ajudando uma estranha, completamente nua, a se levantar... me deu seu único cobertor, suas roupas... a senhora é um ser evoluído, se despojou de tudo o que lhe trazia dor e angústia, aceitando uma vida tão privada como viver na rua, na marginalidade...

-Você, minha linda... é um anjo?

A jovem garota sorri, e passa a mão no rosto da moradora de rua, carinhosamente:

-A senhora também!

Fim da Parte 1


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