Capítulo 7 - José Lima

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No outro dia a imagem que se tinha daquele local era muito triste. O chão ainda estava quente. Não sobrara muita coisa daquele prédio de poucos andares, e nem da casa de seu Amadeu, onde aconteceu todo aquele terrível incidente.

Vários peritos da polícia estavam alí, fazendo suas pesquisas, investigações, laudos... Alguns visinhos ainda caminhavam pelas imediações tentando salvar alguma coisa... Uma senhora encontrou um notebook queimado, um menino encontrou uma bicicleta toda retorcida... É, não havia nada que pudesse ser reaproveitado daquele desastre!

-Graças a Deus ninguém morreu, rapaz – exclamou de peito aberto um dos detetives da polícia, de nome José Lima – um estrago desses... não tenho a menor idéia do que foi que deu início ao incêndio, se você quer saber.

À sua frente está o delegado daquela sessão, seu nome é Wagner Marques, um cinquentão em boa forma, mas com poucos cabelos na cabeça:

-Eu não quero nem tomar conhecimento disso daqui, se você quer saber! Deixa os peritos fazerem o trabalho deles aí. Vou pra delegacia, me manda um relatório até o final da tarde que tá bom, entendeu?

-Sim sr, positivo e operante, hehehe - E acende um cigarro.

Depois que o delegado vai embora, um homem de blusa de frio e capuz se aproxima do detetive:

-Esse incendiário fez um belo de um regaço, não acha?

O detetive Lima tira o cigarro da boca e fica encarando o homem:

-Incendiário? Quem foi que disse isso, meu amigo? É isso que saiu nos jornais?

O homem de capuz é Lucious, que, como sempre, trás um sorriso maligno em seus lábios:

-...Mas poderia ter saído isso, afinal, é visível o trabalho de um maluco por aqui!

-E você é perito em maluquice, é?

-Não, Sr. Policial... eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, e...

-Vai, circulando! – o detetive Lima não tem paciência com o jovem curioso, e o põe pra correr Dalí. Dá uma passada pelo pessoal que está fazendo a perícia, como quem não quer nada, e joga no ar algumas perguntas sobre talvez aquilo ter sido o trabalho de um incendiário. Os peritos não dizem que sim nem que não, como sempre... Parece que o trabalho por ali vai durar longas horas, então o detetive Lima resolve dar uma volta. Um café e mais um cigarro! Depois ele volta e tenta recolher mais informações com o pessoal.


Do outro lado da rua estão seu Amadeu e Lucious, de pe, com os braços cruzados, admirando toda aquela bagunça.

-Você devia estar orgulhoso, meu velho. Isso foi uma obra de arte! - Lucious fala com tom irônico.

-Alguém inocente poderia ter morrido... – lamenta o novo viúvo do bairro.

-Hora, não seja bobo. Ninguém se feriu, só aqueles dois promíscuos de merda! Mas eles tiveram o que mereceram, não foi?

Seu Amadeu não responde, ao contrario, se cala. Ele agora começa a ter pensamentos de remorso e desgosto, misturados com pena, medo, tristesa, solidão...

-Venha, vamos dar o fora daqui! Antes que alguém te veja...

-Por que não posso ser visto?

-Ora, porquê você está morto pra eles, ainda não entendeu? Eles acham que você e sua esposa morreram no incêndio.

-E quanto ao seu Samuel, do dep...

-Xiiiiiiiiiiiiii!!!! – Amadeu é interrompido pelo maligno Lucious, que faz o sinal de silêncio com o dedo na frente dos lábios – Não fala nunca mais esse nome, entendeu? ...Ou vai acabar dando merda!

-Mas o sr. Samuel desapareceu! O filho dele já deve ter dado queixa do desaparecimento do pai, e...

-Problema dele! Ele vai ter que tocar aquele negócio sozinho a partir de agora. E cá entre nós, ele já vinha fazendo isso a algum tempo, porque o velho nunca parava no depósito, estava sempre enfiado na sua casa com a sua esposa, você sabe!!!

Aquelas palavras e o tom irônico colocado pelo homem de capuz deixava o seu Amadeu muito triste, aborrecido e com muita raiva ao mesmo tempo. Ele era um homem de temperamento explosivo:

-Nunca mais fale comigo desse jeito, ou eu...

-Velho... –Lucious toca o peito de Amadeu com sua mão direita e de repente tudo ao redor deles fica negro! Não há nada além de trevas, frio, medo e dor! Aquela visão aterroriza instantaneamente o seu Amadeu, que sente seu coração gelar!

Lucious tira, então, a mão do peito do homem. Eles estão de volta, em frente à casa destruída. Lucious anda um pouco, com as mãos no bolso da blusa:

-Vamos, Velho!

-Pra onde vamos?

-Lembra que eu disse a você que iriamos fazer algumas coisas? Pois é. Nosso trabalho já vai começar. Anda!

E os dois começam a andar pela rua, e vão desaparecendo lentamente a cada passo que é dado.

E os dois começam a andar pela rua, e vão desaparecendo lentamente a cada passo que é dado

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Os Agentes da Penumbra: GabrielleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora