Capítulo 5 - Incêndio

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Finalmente chegou o fim do quarteirão. Virando a esquina dava pra ver uma praça enorme, toda aberta, poucas arvores, pouca vegetação, muito concreto, bancos, uma pista de skate e um ponto de ônibus com uma cobertura de metal. Do outro lado havia um grande shopping center. Atrás de tudo isso, só grandes prédios. Mais concreto, mais vidros, mais cidade!

-A senhora não precisa ir comigo, vovó – Gabrielle tentava fazer com que aquela senhora ficasse perto do local onde ela estava acostumada a estar, perto dos seus amigos...

-Negativo, minha menina... Eu vou com você. Você pode se perder nesta cidade, ainda mais você que não se lembra de nada, nem porque estava nua naquela praça.... Que isso!!! Eu vou com você sim senhora! Vamos!

A velhinha pega Gabrielle pelo braço e a puxa para a rua.

-Eu é quem deveria estar te ajudando a atravessar a rua, não acha, vovó?

A velhinha dá uma risada gostosa, e deixa seus dentes amarelados aparecerem. Logo elas chegam do outro lado da rua. Estão na praça. Gabrielle está vestindo um vestido que ganhou de uma das pessoas que ajudam a cuidar dos moradores de rua, a tesoureira da ONG SORRISOS URBANOS. É um vestido simples, azul escuro, comprido e frisado. Ela também ganhou um tamanco cinza, que aliás acabou combinando com o vestido. Ela estava feliz.

Mas aquela felicidade parecia que não iria durar muito. Olhando para além do shopping, a moça viu uma fumaça cinza, pesada... Aquela imagem fez seu corpo inteiro tremer. Isso era um mal sinal.

-Vovó, a senhora precisa ficar aqui. Eu tenho que ver o que está acontecendo.

-Não seja boba, menina. Onde há fumaça há fogo! Nós aprendemos a correr na direção contrária de qualquer perigo!!!

-Eu não posso abandonar isso... e se tiver alguém precisando de mim, de minha ajuda?

A velhinha segura no vestido de Gabrielle, com bastante força:

-Não, minha menina... Você pode ser um anjo, mas não vejo suas asas...

Gabrielle sorri e olha fixamente para "sua vovó":

-É porque eu ainda não as mereço, vovó...

A garota olha fixamente para a fumaça, que já está tomando uma proporção maior, deixando todo o céu acinzentados:

-Eu jurei que não iria perder mais nenhuma oportunidade, por isso ele me mandou aqui!

-Do que é que está falando? Você deve ter batido a cabeça em algum lugar, eu...

Gabrielle tocou gentilmente o rosto da senhora, e começou a correr em direção ao local do incêndio.



Ao chegar no local a moça se surpreendeu. A visão era de um ambiente de guerra! Um grande caminhão pipa dos bombeiros estava interditando a rua, e vários bombeiros estavam entrando e saindo de um prédio que estava sendo consumido pelas chamas. Conforme Gabrielle ia dando passos em direção ao incêndio, seu coração batia mais e mais rápido. De repente ele começou a doer. A moça coloca a mão em seu peito, tentando de alguma maneira conter a dor, mas enquanto ela continuava a caminhar, a dor ia aumentando...

Um bombeiro segura Gabrielle pelos braços:

-Por favor, pare aqui mesmo! Ninguém deve chegar mais perto, é muito perigoso!

O bombeiro aponta para pontos específicos do pequeno prédio:

-Está vendo? Ali, ali e ali... aqueles pilares estão até envergando por causa de tanto calor!!! Não posso deixar ninguém chegar mais perto...

-Mas e quanto as pessoas lá dentro?!?!

Pessoas – grita o bombeiro, agora visivelmente preocupado – mas nós tiramos todas as pessoas que estavam nos três andares, moça!

Gabrielle fecha seus olhos e sente uma onda de energia azulada e doce findo do prédio. Sim, ainda havia uma vida, e inocente, vindo daquele lugar em chamas:

-Sim, ainda há uma criança lá, moço...

Gabriele se desvencilha dos braços do bombeiro, e dá alguns passos pra trás, Quando o jovem combatente do fogo tenta caminhar até ela, esticando sua mão, ele vê o corpo de Gabrielle ir desaparecendo lentamente... ela foi ficando invisível de forma bem devagar bem ali diante de seus olhos. Ele tenta pegá-la, mas seus dedos passam por dentro de seu corpo... então a moça não está mais ali!

Um outro bombeiro o chama para que ele possa vir ajudar do outro lado do prédio, na casa que foi incendiada à princípio e deu origem a toda essa confusão... O Bombeiro demora a retornar a si, devido ao choque do que acabara de experimentar... ele vai se virando lentamente em direção á voz de seu companheiro... e consegue ver atrás dele, dentro do fogo, uma imagem de uma garota de vestido escuro entrando dentro do prédio.

-Eu só posso estar ficando louco!!! Mendonça, cara... você está vendo aquela mulher...

-Que loucura, ela está entrando no prédio!!!

...e assim os bombeiros ficam assistindo a Gabrielle desaparecer no meio de todo aquele fogo!


Fim do Capítulo 5

Fim do Capítulo 5

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