01. Segunda-feira

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Dortmund, Alemanha.

Segunda-feira

Às vezes as pessoas não se dão conta quando lhes é dito que não se sabe o dia de amanhã, da incerteza que é a vida; não se dão conta do quanto isso é grandioso e de como uma manhã completamente típica pode se tornar o grande plot twist da sua vida.

Mesmo que o dia exageradamente frio implorasse para que todos os moradores da cidade ficassem em casa, no conforto do seu lar e no aconchego do seu cobertor, Meli estava saindo de seu apartamento com a mesma animação que alguém sairia se estivesse indo ter o melhor dia de sua vida. Mas Amélia Boehl era assim, uma amante do vento frio que soprava em seu rosto quando fazia seu caminho até o Café Asemann, que em sua opinião servia o melhor cappuccino de toda a Alemanha.

Um par de minutos depois e já estava em seu lugar usual ao lado da janela, bebericando seu cappuccino e ocasionalmente dando garfadas em seu pedaço de bolo. Provavelmente se sentia mais em casa ali do que em seu próprio apartamento.

Mais cedo na rua do estabelecimento estava Marco Reus, inconformado que havia levantado cedo pra ir até Brackel por nada. Tinha estado com a mente ocupada demais na noite anterior pra se lembrar que não haveria treino nesta segunda feira e para compensar a não tão boa manhã, resolveu que pararia em algum café no caminho. Esta era a razão para Marco estar ali, pedindo no balcão o que quer que fosse o especial do dia e se dirigindo a uma das mesas ao lado da janela. Pegou o celular e releu novamente as ultimas mensagens recebidas, ainda sem saber como deveria se sentir ou lidar com tudo aquilo. Não podia negar sua vontade de chorar como um bebê e gritar para quem quisesse ouvir que se sentia o homem mais usado do mundo. Passou a mão pelos cabelos, respirou fundo e decidiu focar somente no seu café da manhã que já chegava a sua mesa.

Meli sempre fora uma boa observadora, essa é provavelmente a explicação pra sempre sentar no mesmo lugar com vista privilegiada para o lado de fora, onde casais se encontravam, adolescentes passavam rindo escandalosamente, crianças brincavam, homens iam e vinham com suas maletas, entrando e saindo de seus carros. Mas hoje, em especial, a mulher tentava observar discretamente o homem sentado a sua frente, que não parava de passar as mãos pelos cabelos enquanto olhava angustiado para o celular. A situação era extremamente incômoda pra quem observava de fora. A perna frenética, o olhar desolado fixado no aparelho. Era claramente um desesperado.

E Meli não sabia ficar longe de desesperados.

Marco bebericava seu café quando sentiu um olhar sobre si, levantou a cabeça e encontrou a moça da mesa à frente. Sustentaram o olhar por alguns segundos até que ela involuntariamente abaixasse a cabeça sem conseguir segurar um sorriso e por pior que o homem pudesse estar se sentindo, um sorriso era sempre um carinho na alma machucada, não conseguiu segurar o riso também.

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