19. Quinta-feira

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Dortmund, Alemanha

Quinta-feira

- O que está fazendo? – Marco perguntou quando entrou em seu apartamento e a primeira imagem que viu foi a de Amélia na cozinha, andando de um lado para o outro.

- Pizza! – Ela respondeu sem desviar o olhar da geladeira.

- Não sabia que você gostava de cozinhar. – Ele disse, jogando as coisas que trouxe do CT em algum canto da sala. Gostava da ideia de ter as mãos livres quando estava perto da namorada. Andou até o cômodo a tempo de ouvi-la responder:

- Eu não gosto. – Sorriu o abraçando e depositando um beijo em seus lábios. – Mas estou nervosa e preciso me distrair de alguma forma.

- Ainda bem que eu cheguei, então, porque acho que algo está queimando.

Assim que Marco terminou de falar, a mulher pareceu perceber que o cheiro que invadia toda a cozinha vinha da panela de molho que estava fazendo, com muito esforço e dedicação.

- Ah, droga.

Correu rápido até o fogão, desligando o fogo para tentar ver o que poderia ser salvo dali. Não havia queimado tanto assim, ela achava. Talvez se mudasse a panela e acrescentasse mais alguns ingredientes...

- Prova. – Ela disse, estendendo uma colher contendo um pouco do molho para o loiro, que instantaneamente fez uma careta. – Vai, Marco.

- Tudo bem, tudo bem.

Pôs o conteúdo líquido na boca e sentiu um gosto amargo que foi facilmente externado em sua expressão.

- Puta que pariu, amor.

Amélia suspirou, frustrada, e largou a panela na pia, ao seu lado.

- Não consigo fazer nada direito.

- Amélia... – Marco começou a dizer. – Relaxe.

- Não consigo, liebe.

Ele se lembrava facilmente de quando a namorada lhe disse, há um bom tempo atrás, que nutria um medo apavorante do futuro e do fato de não saber o que viria depois que se formasse. Pois bem, sua formatura seria dali a poucos dias e seu comportamento entregava todo o seu nervosismo. Boehl não conseguia controlar as batidas aceleradas de seu coração quando pensava sobre o assunto e Marco se sentia inútil por não conseguir fazer nada a respeito. Respirou fundo e beijou-a na testa.

- Vamos pedir uma pizza. Depois vamos assistir um filme ou, não sei, qualquer coisa que ocupe sua mente. Apenas tente não se preocupar tanto, Meli. Você não combina com o medo.

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Estavam deitados no grande sofá da sala, ouvindo a TV ligada em algum programa bobo. O céu já havia escurecido, trazendo consigo algumas poucas estrelas perdidas em meio a tantas nuvens carregadas. Amélia estava aninhada no abraço de Marco e não tinha nenhum plano de se soltar dali, mas lembrou-se de algo que a fez levantar num impulso e pegar sua bolsa, na poltrona do outro lado da sala.

- O que foi? – Marco perguntou.

- Tenho algo pra te mostrar. – Falou com um envelope delicado em mãos, estendendo-o para Marco em seguida. – Irmela entregou para nós dois.

- Você sabe do que se trata? – Abriu devagar e leu as palavras com atenção.

- Claro que sim, eu não conseguiria esperar você chegar em casa para descobrir.

- Ela vai se casar? – Indagou confuso depois de conferir todo o conteúdo do papel. Amélia deu alguns pulinhos de alegria, assentindo.

- É uma cerimonia de renovação de votos. Está completando 50 anos de casamento e quer muito nossa presença.

Das BesteWhere stories live. Discover now