09. Portugal

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Lisboa, Portugal

Terça-feira


Amélia mal podia acreditar que havia concordado com tudo isso. Ainda no aeroporto de Dortmund pensou pelo menos umas setenta e quatro vezes em desistir e nunca mais olhar na cara do jogador, mas continuou com essa ideia de ouvir o coração e seguiu em frente. O plano era o seguinte: Ela iria pagar o próprio hotel (mesmo que Marco, na ligação, tenha insistido por muitos minutos que o faria) e voltariam pra Alemanha somente na noite de quarta-feira, diferente do resto do time que voltaria ainda na terça-feira, depois do jogo.

Assim que chegou a Portugal, foi automático lembrar-se de seu mochilão. E mesmo que tenha tido que trancar a faculdade, não se arrependia em momento algum, principalmente quando se lembrava de todos os países que visitou, de todas as pessoas que conheceu e do quanto tinha amadurecido. Ouvir as pessoas de Lisboa falando em português a fazia quase se sentir novamente no Brasil, nas praias do Rio de Janeiro, nos centros históricos espalhados pelo nordeste, lembrava-se das pessoas que conhecera em Belo Horizonte e sentia vontade de chorar de saudade da vida de mochileira que durou seis meses. Seus pensamentos foram interrompidos pela ligação que recebia de Marco.

- Eu disse que não me atrasaria, você não pode duvidar de mim. – Disse ao atender.

- Você já chegou? Está no hotel? Não esqueceu seu ingresso, né? – Perguntou rapidamente.

- Sim, não, ainda estou no aeroporto, mas meu ingresso está na bolsa. E eu espero que essa sua agitação não seja nervosismo, porque, Marco Reus, você não precisa disso e sabe muito bem. – Amélia tentou responder com mais calma do que o normal, numa tentativa de transmitir isso ao amigo.

- Não estou nervoso, apenas ansioso. – Rebateu tentando convencer a si mesmo.

- Ah, por favor. Escuta, você é perfeitamente capaz. Me prometa que vai se tranquilizar e fazer um bom jogo. – Falou enquanto pegava sua mala.

- Prometo, Meli.

- Ótimo.

- Preciso desligar. – Disse com pesar.

- Tudo bem.

- Espera! – Exclamou antes que ela desligasse. - Que roupa você está usando?

– Moletom azul e jeans. - Estranhou e respondeu desconfiada, mas decidiu não perguntar nada e apenas ignorar a pergunta não usual.

Minutos depois que a ligação foi encerrada, ainda dentro do aeroporto Amélia sentiu alguém tocar seus ombros, ao virar encontrou uma mulher com um sorriso simpático a encarando.

- Amélia Boehl?

- Sim?

- Alguém chamado Marco pediu pra te entregar. – Falou estendendo um copo de café apoiado em um suporte.

- Obrigada. – Respondeu em choque e recebeu a bebida.

Ele havia feito de novo! Como Reus conseguia realizar esse tipo de coisa? Em outro país?!

E o mais importante. Em um país em que a língua nativa é o português?

•••

Amélia estava devidamente acomodada em um assento privilegiado no estádio da Luz, vestida à melhor maneira torcedora do Borussia Dortmund com sua camisa amarela que estampava o número 11. Mais um presente de Marco.

Infelizmente, as informações agradáveis acabavam por aí.

O árbitro encerra a partida na Luz com a vitória do Benfica por 1 a 0.

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