22. Sexta-feira

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Dortmund, não por muito tempo

Sexta feira


Ainda no elevador, Meli jogou seu jaleco por cima do ombro para ter suas mãos livres e finalmente conseguir tirar sua botina do pé. Já era fim de tarde e estava fora de casa desde as 3h da manhã, quando o proprietário da fazenda em que atendia ligou avisando-a que havia uma vaca com complicações no parto. Dirigiu sua caminhonete recém-comprada até lá, já desperta e ansiosa para avaliar a situação que encontraria quando chegasse. Tudo deu certo no final, mas estava tão exausta que não conseguia pensar em outra coisa senão tirar seu pijama cirúrgico e tomar um bom e demorado banho.

- Que merda. – Choramingou quando lembrou que tinha que arrumar sua mala porque na manhã seguinte viajaria com Marco. Aquele famoso presente que renderia aos dois alguns poucos dias em alguma ilha na Tailândia, cujo nome ela não conseguia lembrar. – Eu estou morrendo de preguiça.

Balançou a cabeça em negação, repreendendo a si mesma por ter preguiça de viajar. Onde já se viu?

Já estava morando com o jogador há um mês e as coisas estavam sendo incrivelmente fáceis e leves. Tirando aquela vez em que brigaram por causa da toalha molhada em cima da cama.

E quando Amélia saiu cedo para uma cirurgia e Marco esqueceu de deixar ração para Doki e Morris. Ela ficou bem brava.

Mas em geral tudo estava bem. Marco amava o fato de sua cama – da cama deles – ter o cheiro dela. Gostava de encontrar vários óleos de banho, hidratantes e perfumes ocupando o espaço do armário do banheiro que antes era vazio. No inicio teve medo, por mais que toda aquela situação tenha partido dele. Tinha medo de que começasse a comparar morar com Meli com morar com Lara. Mas isso logo passou porque as coisas conseguiam ser bem diferentes.

Depois de tomar seu banho e colocar seu pijama cirúrgico para lavar, Meli deitou na cama acompanhada de Morris. Sabia que ele deixaria soltos alguns pelos por ali, mas se recusava a tirar o bichano do seu próprio conforto.

Mandava uma mensagem para Liz, pedindo que a amiga viesse lhe ajudar com as malas, quando foi interrompida pelo próprio corpo. Dois espirros seguidos.

- Ué. – Passou a mão no nariz e fungou. – Será que estou gripada, Morris? – Perguntou para o gato, que não deu nenhuma atenção para a dona. Seria muito azar ir pra Tailândia doente e só a simples ideia de ter que passar por isso a fez descer correndo até a cozinha para descascar uma laranja.

Pouco tempo depois o apartamento já havia sido invadido por aquele furacão loiro que era Liz, sempre muito animada e ansiosa, já estava separando as roupas que Amélia tinha que levar na mala com toda certeza.

- Esse biquíni é tão lindo! Por que nunca vi você usá-lo? – Perguntou à amiga.

- Ana Liz, pelo amor de Deus! Você sabe em que país nós moramos? Além do mais eu o recebi de alguma marca que não conheço no início da semana. – Respondeu colocando a peça por cima da roupa enquanto se olhava no espelho e decidia se o levaria ou não.

- Ih, virou blogueira?

- Me respeita, Liz. Eu passo muito tempo com o braço enfiado em retos de vacas para ser considerada uma blogueira. Marco é mais blogueiro do que eu. – Meli disse e logo depois jogou um dos travesseiros no rosto da amiga que ria desesperadamente.

- Essa informação surpreende um total de 0 pessoas.

- Quer saber de algo realmente surpreendente?

- Isso é coisa que se pergunte? Pode falar. – A atenção de Liz era toda de Meli, que dobrava algumas blusas lentamente, de forma proposital. – Amélia!

A veterinária riu, respirou fundo e fez um carinho leve na barriga antes de falar, Liz se desesperou imediatamente ao ver este pequeno ato.

- Você tá brincando comigo? Eu não acredito que você tá grávida! O Marco sabe? Meu Deus do céu, eu não acredito que minha melhor amiga 'tá prenha de um jogador de futebol. Amélia, isso é sério?

A única resposta que recebeu foi a crise de riso que tomou conta de Meli, que se jogou na cama tentando buscar um pouco de ar. Suspirou e, quando mais calma, foi surpreendida novamente por um espirro.

- Merda de resfriado. – Praguejou.

- Oi? Eu ainda estou aqui esperando uma resposta. – Liz disse estalando os dedos na frente do rosto da amiga.

- Você é muito boba, claro que não estou grávida. Marco e eu não pensamos em chegar nessa fase tão cedo, pode ficar tranquila.

- Depois de quase me matar de susto você me diz pra ficar tranquila. – Respondeu com uma falsa cara de brava. – Você não existe.

Mais tarde as duas, que já haviam desistido das malas e estavam na cozinha devorando um pote de sorvete, ouviram a porta se abrir, indicando a chegada do jogador.

- Ora vejam só. – Ele disse quando entrou no cômodo e as encontrou. – Se não é o amor da minha vida e sua melhor amiga chata.

- Também estava morrendo de saudade de você, querido. – A loira respondeu. – Te trouxe um presente.

Levou uma das mãos até o bolso tirando-a logo em seguida, vazia, mas com o dedo do meio se destacando dos demais, apontando-o para Marco.

- A amizade de vocês me comove. – Manifestou Amélia.

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Na manhã seguinte, logo cedo Meli foi acordada por Marco, que distribuía vários beijinhos pelo seu rosto. Na noite anterior, depois que Liz foi embora, o casal arrumou as últimas coisas que faltavam para a viagem e decidiram abrir um vinho, o jogador cortou alguns cubinhos de queijo e gastaram o resto da noite assistindo Outlander, a série que acompanhavam juntos.

- Acorda, amor. – Marco disse, puxando o lençol da namorada, numa última tentativa de fazê-la acordar. – Você não quer perder o voo, quer?

Recebeu um resmungo em resposta. Meli sentou na cama com o rosto amassado, esfregou os olhos e estendeu os braços para Marco, parecendo uma criança por um momento.

- Me leva para o banheiro, meu bem. – Ela disse.

- Você está muito dengosa, Amélia Boehl. – Respondeu, se abaixando no colchão para que ela pudesse subir em suas costas.

- É o preço que você paga por morar comigo.

Tomaram um banho rápido, apressados para chegar ao aeroporto porque por mais que Meli estivesse com sono, odiava perder a hora. Além do fato de que estava ansiosa para chegar à Tailândia, claro.

- Está tudo bem? – Marco perguntou quando já estavam no avião, esperando que o mesmo decolasse. – O que é esse sorrisinho bobo no seu resto?

- É que na última vez que voamos juntos você me pediu em namoro, lembra?

- Foi o melhor dia da minha vida. – O jogador respondeu, levando o rosto de Meli para perto do seu, para que pudessem dar um último beijo antes que saíssem, literalmente, do chão.

Mantiveram as mãos unidas por algum tempo, até que ambos pegassem no sono, eram longas horas até que chegassem ao seu destino final.

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Oiiiiii. Esse capítulo ficou menor que os outros dois últimos, mas era o que eu tinha pronto, então decidi liberar logo ele pra vocês. O que acharam? 

Qualquer dúvida, sugestão, pedido de spoiler etc, fiz esse ask:

https://ask.fm/alicemarix

Se gostaram do capítulo, não esqueçam de dar estrelinha e comentar.

Abração,

Até a próxima!!!

IG da Amélia: ameliaboehl  

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⏰ Last updated: Mar 24, 2018 ⏰

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