17. Quinta-feira

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Dortmund, Alemanha

Quinta-feira

Após o reencontro de Amélia e Marco, as coisas se mostraram desenrolar com uma facilidade que não era esperada. Irmela, a senhora funcionária do Asemann que esbanjava doçura, foi a primeira a notar que o jogador e a quase-veterinária haviam voltado a fazer os encontros no Café uma rotina particular. Na verdade, os mais antigos clientes, que assim como eles batiam ponto no estabelecimento todas as manhãs, já se sentiam a vontade em acenar em cortesia, tamanho era o costume de encontrá-los.

Marco achava tudo isso magnífico. O fato de ter uma rotina, mas ainda assim não sentir que vivia o mesmo dia todos os dias, não quando estava com Meli. Sentia que conhecia tudo sobre ela, que conseguiria descrever cada mania que a mulher possuía, mas ainda assim se surpreendia descobrindo coisas novas a cada conversa. Percebia que, aos poucos, ela permitia que ele voltasse a fazer parte de sua vida do jeito especial que era antes.

Ela percebia que estava cedendo.

Foram dias muito ocupados. Envolveram tanto problemas na faculdade quanto convites inusitados. Amélia assustou-se quando uma representante da revista WildFox entrou em contato com a proposta inesperada de que fizesse parte da edição especial de aniversário, que iria ter uma matéria belíssima com filhotes de cachorro abandonados.

Sua primeira reação foi soltar gritinhos de felicidade enquanto pulava pelo minúsculo apartamento, depois de prometer devolver a ligação com uma reposta na tarde seguinte. No entanto, trinta minutos depois, já deitada em sua cama, o cenário mudou. O celular vibrou em sua mão, indicando uma nova mensagem de Marco, que avisava já estar chegando para o filme que marcaram de ver. Só bastou um segundo para que ela fizesse as associações. Àquela altura, não era nenhum segredo para o público a amizade entre Amélia e Marco. Até que ponto a proposta do ensaio para a revista era por causa dessa relação com ele? Sentiu um arrepio pelo corpo e toda a animação que outrora esteve presente, sumiu numa velocidade admirável.

Permaneceu ali até que a campainha tocasse. Levantou-se, ainda meio aérea e quando abriu a porta, sentiu dois braços envolverem-na em um abraço de urso. Liz se afastou segundos depois e olhou para a amiga.

- Tá tudo bem? Pensei que Marco estaria aqui. – Ela disse, fazendo uma careta quando pronunciou o nome do jogador.

- Eu estou. – Ele respondeu, assustando-as, enquanto saia do elevador.

- Puta que pariu, Marco! – Com a mão no coração pelo susto, Meli, finalmente, se manifestou.

- Desculpa o susto, não foi a intenção. – Ele respondeu risonho, deixando um beijo no topo de sua cabeça. – Mas vocês que não ouviram o elevador chegar.

Era a primeira vez que Marco e Liz se viam e isso assustava Amélia porque a melhor amiga não poderia ser definida como a maior fã de Reus.

- Oi você. – A loira disse olhando no fundo dos olhos de Marco.

- É um prazer te conhecer, Liz. – Respondeu estendendo sua mão, receoso.

- Pena que não posso dizer o mesmo.

- Ana Liz! – Amélia repreendeu e viu a amiga erguer os ombros com ar de indiferença.

- Eu não minto, você sabe. – Disse.

– Vamos entrar de uma vez por todas.

Os três caminharam até a sala bem decorada da anfitriã e Marco pôde notar alguns objetos peculiares que com certeza não faziam parte da ornamentação, como o jaleco, por exemplo, pendurado na cadeira da mesa de jantar, um estetoscópio na mesa de centro e alguns tubos de ensaio guardados em um pequeno nicho, contendo algo que preferia não saber o que era, no chão ao lado de Morris, o gato. Amélia logo seguiu até a cozinha dizendo que faria pipoca. Quando voltou achou Marco em um sofá usando o celular e Liz em outro o encarando furiosamente. Por Deus, ela nunca pararia de odiá-lo pelo que fez?

Das BesteWhere stories live. Discover now