11. Domingo

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As consequências da viagem vieram cedo para Amélia, que ocupou todos os seus dias desde que voltara de Portugal, com horas extras em seu estágio, já que uma folga de dois dias exigia alguns sacrifícios. Não conseguiu sequer sentir o cheiro do Asemann.

Ou de Marco.

Este se manteve focado para a partida de sábado, ou pelo menos tentava. Às vezes se tornava difícil tirar Meli da cabeça.

Trocaram mensagens durante todo o período em que não se viram, mas em nenhum momento o beijo foi mencionado. Não sabiam como se comportar e nem se deviam realmente falar sobre isso. O que importava é que tinha acontecido e não tinha se repetido.


Dortmund, Alemanha

Domingo


- O que vai fazer hoje? - Marco perguntou quando ligou pra Amélia no início da manhã.

- Estágio. Trabalhar é a única coisa que eu tenho feito desde que chegamos de Portugal. - Respondeu e suspirou cansada. Ainda estava deitada, procurando as forças necessárias pra começar mais um dia. - Eu amo o que eu faço, juro, mas estou exausta.

- Hoje é domingo, Meli. Até eu tenho folga hoje!

- Você tem muito o que aprender sobre a agenda de trabalho dos veterinários. - Riu caçoando.

- Você é a única que pode me ensinar. - Disse sugestivo, esperando que ela entendesse a proposta disfarçada.

- Não sei o porquê, mas acho que não vai vir coisa boa do seu tom insinuante.

- Por que você não me mostra a famosa agenda veterinária me levando para esse seu estágio hoje?

- Marco... - Fechou os olhos, prevendo a confusão que aceitar isso causaria. - É meu local de trabalho.

- Mas você disse que a fazenda é de um amigo da sua família. - Insistiu.

- Continua sendo meu local de trabalho.

- Meli, posso te perguntar uma coisa? - Seu tom de voz mudou drasticamente para preocupado e cauteloso. Recebeu um "sim" murmurado. - Você não pode mesmo me levar ou está evitando me ver por causa do beijo?

Amélia não soube o que responder.

Quis gritar com todas as suas forças que não sabia como se comportaria na frente dele e por isso gostaria de adiar ao máximo esse encontro.

Mas a ideia de passar um dia inteiro ao lado dele lhe parecia tão agradável, a fazia tão feliz e tinha certeza que não precisaria de muito esforço pra conseguir que ele pudesse acompanhá-la. Esse sentimento era mais forte que o primeiro.

- Seu carro não foi feito pra desbravar a zona rural. Te pego em 45 minutos, Marco, esteja pronto.

O loiro sorriu contente e fez uma dancinha vitoriosa, que seria adorável se não fosse assustadora. Parou bruscamente quando se lembrou de algo extremamente importante.

- Espera, Amélia...! - A única resposta que recebeu foi a do som que indicava que a ligação estava encerrada. Deu um tapa em sua testa e perguntou-se baixinho. - Que roupa se usa pra desbravar a zona rural?

•••

- Que roupa é essa, Marco?! - Meli perguntou e em meio a uma crise de riso.

Vestia uma blusa xadrez marrom que combinava com sua bota de couro e um cinto com uma fivela maior do que o considerado aceitável. Não que estivesse feio, na verdade ela o achou bem sexy, no melhor estilo agroboy, mas era muito diferente, em sua concepção, o ver com roupas que não estampavam o símbolo da Puma.

Das BesteWhere stories live. Discover now