18. Segunda-feira

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Dortmund, Alemanha

Segunda-feira


- Você é um teimoso, Marco Reus. Já te disse isso, não disse? – Amélia resmungou quando desceram do carro. Estavam em frente a grande casa onde a sessão de fotos aconteceria. O jogador com Morris, o gato, no colo e Liz levando Doki, o cachorro, pela coleira.

Meli acordou cedo naquela manhã com um nervosismo gostoso. Confortável até. Principalmente porque recebera uma ligação da responsável pela organização do ensaio fotográfico convidando-a a levar seus dois animais de estimação para que se sentisse mais a vontade.

- Amigos acompanham outros amigos em dias especiais, Amélia Boehl. – O jogador respondeu.

- Amigos não conhecidos mundialmente. Ah! E amigos que não estão se recuperando de uma lesão. – Falou apontando para sua perna.

- Pensei que já tínhamos encerrado esse assunto. – Liz intrometeu-se.

- E minha perna está ótima. Vamos, deixe de ser encrenqueira. – Marco acompanhou e Amélia fingiu estar ofendida ao ouvir o insulto.

Foram prontamente recebidos quando chegaram mais perto das várias pessoas que estavam ali e guiados até os fundos da residência, em uma área enorme preenchida por inúmeros latidos e câmeras.

- Bom dia, Amélia. É um prazer recebê-la, eu me chamo Eva. – Uma mulher alta e bem vestida a saudou, afirmando, logo depois, que trabalhava como assistente da revista. Deixou que Marco e Liz se fizessem confortáveis em um sofá e arrastou Meli para toda a preparação inicial que deveria acontecer antes que o ensaio começasse realmente.

Ela estava nervosa, não sabia até que ponto as pessoas entendiam que seu relacionamento com o jogador não passava de uma amizade e estar ali, no meio de profissionais que trabalham nesse meio sensacionalista, lhe causava arrepios, principalmente por não saber exatamente o que poderia acontecer com sua carreira com toda aquela exposição. Poderia até estar sendo exagerada, mas era exatamente assim que se sentia. Fraquejou por diversas vezes e teve vontade de desistir daquela loucura outras mil, mas era uma mulher de palavra e tinha noção de que já era tarde demais.

As ameaças e discursos de Ana Liz também foram um fator muito importante.

Um homem apresentado como Tobias fazia sua maquiagem quando ouviu seu nome ser chamado pela milésima vez naquela pequena sala.

- Estamos prontos para a entrevista, tudo bem para você? – Eva perguntou.

- Tudo bem.

Sentiu a mão suar e desejou desesperadamente que Marco e Liz estivessem ali e não brincando com os cachorros no gramado dos fundos. O coração palpitava e o medo das perguntas invasivas crescia a cada segundo.

- Para esta edição especial nós gostaríamos de esclarecer e conscientizar as pessoas sobre o abandono de animais e, principalmente, a adoção responsável de cães sem raça definida. Você poderia comentar mais sobre isso?

- Certo. O mercado de pets mantém um crescimento cada vez maior no mundo inteiro, as pessoas estão cada vez mais interessadas em aceitar animais como membros da família. Dormir junto mesmo, chamar de filho e tudo mais. Tudo isso é maravilhoso. Mas seria de importância gigantesca se essas pessoas ao invés de comprar, adotassem esses animais abandonados que sofrem sem alimento e cuidado.

Com o passar das perguntas Amélia conseguia se sentir cada vez mais a vontade, era sua área de atuação afinal de contas. Tudo estava bem e isso a deixava feliz. Era uma ocasião profissional e não passava disso. Em momento algum alguém lhe perguntou sobre ela e Marco ou o porquê de ele estar ali. Admirou o respeito da equipe da revista e tudo influenciou para que a hora de tirar as fotos fosse um dos momentos mais agradáveis e marcantes da sua vida. E o melhor de tudo era que Marco e Liz estavam lá e vez ou outra ela conseguia vê-los conversando e rindo, por mais que em outras vezes a amiga estivesse com a cara emburrada e o jogador rolando os olhos. Duas crianças.

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