Capítulo 1 Julia

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Eu sou designer de interiores, e formada em fotografia. E se aproveitando dessa minha habilidade extra, a empresa para qual trabalho, me mandou em um tour pela Europa, para recolher novas tendências.

Já passei por Madri na Espanha, Berlim na Alemanha, Lisboa em Portugal e Versalhes na França. Meu cronograma consiste em pelo menos dez dias em cada cidade.

Estou longe de casa há mais de um mês, e a uma semana, trabalhando em Acciaroli na Itália. Depois irei para Dublin na Irlanda, Londres na Inglaterra e Santorini na Grécia.

Falar inglês, espanhol, francês e italiano, facilitou muito a minha vida.

Mas o trabalho não era de todo ruim. Apesar de cansativo e da saudade do Brasil, eu podia fotografar para o livro que eu pretendia publicar, e conhecia lugares incríveis e pessoas muito interessantes, como a Chiara, que era a minha guia e anfitriã na Itália.

A baixinha de cabelos loiros, era muito divertida e com uma animação invejável. Ainda mais quando tínhamos momentos de folga como hoje.

- Chiara, eu quero aproveitar o dia para tirar umas fotos na praia.

- Eu sei, mas antes quero que você conheça aquela livraria que te falei ontem. É perto da praia e você vai adorar o lugar.

Nós seguimos pelas ruas estreitas de pedra, que parecia nos levar ao passado. Uma arquitetura fantástica, com vielas curtas e pequenas árvores. Muitos bistrôs e praças onde turistas e locais apreciavam um bom vinho ou um café. E numa dessas praças, havia um movimento mais intenso. Muitas pessoas amontoadas em volta da praça.

- O que será que está acontecendo ali Chiara?

- Parece um tipo de filmagem. Fiquei sabendo que o ator Henry Cavill está na cidade gravando uma campanha para a Rosemary Water.

- É aquela marca de água que você me deu outro dia?

- Sim. Vamos lá dar uma olhada?

- Claro que não. Não gosto desses tumultos e meus momentos de folga são poucos, então vamos seguir nosso caminho.

- Poxa Ju, é o Henry Cavill!

- Se você quiser ir vai. Só me mostra como chego na praia.

- Ok. Eu vou com você. Sabe que além de guia virei sua amiga. Não vou deixá-la perambulando por aí sozinha.

Chiara ficou chateada por perder a chance de ver o ator. Mas também quem não ficaria... Era o Henry Cavill, um dos homens mais lindos do planeta. Eu mesmo adoraria vê-lo, mas não tinha tempo para isso.

Andamos mais uns 150 metros e viramos numa ruazinha mais tranquila. Basicamente era residencial. Apenas uma padaria e a pequena livraria que Chiara falou.

Assim que entramos, pude ver por que ela gostava tanto do lugar. Era uma loja antiga, de uns 16 metros quadrados, com um balcão de madeira entalhada a mão no fundo e algumas estantes não muito altas, mas abarrotadas de livros.

Atrás do balcão, tinha uma senhora com os cabelos totalmente brancos, rechonchuda e baixinha, com um sorriso que imediatamente me fez sentir acolhida.

- Boa tarde Sra. Andreina!

- Chiara! Há quanto tempo.

As duas se abraçaram apertado, e eu vi o carinho que havia entre elas.

- Sim, faz tempo. Muito trabalho, graças a Deus. Mas hoje pude vir e trouxe uma amiga para conhecer seu santuário. Essa é Julia Santos, está a trabalho aqui, e eu sou sua guia.

- Seja bem vinda Julia.

- Obrigado Sra. Andreina. Sua loja é muito acolhedora.

- Você é muito gentil. Fique à vontade. Qualquer dúvida é só me chamar.

Comecei a explorar o lugar, enquanto Chiara colocava o papo em dia com a senhora. Fiquei impressionada com o acervo dela. Muitos livros tops e muitos clássicos. Cheguei na seção de fotografia, e estava imersa em um livro de Stif Saeed1 quando Chiara chegou perto de mim meia ofegante e cochichando.

- Ju.... Olha quem acabou de entrar aqui....

- O que foi Chiara? Por que está sussurrando?

- Ali, na primeira estante, de boné preto... É....é ele... O Henry Cavill!

Quando olhei na direção que ela falou, quase perdi o fôlego. Era mesmo ele, e ele era maior e mais bonito do que nos filmes. O homem era um verdadeiro Apollo.

Vestindo uma camisa branca, que destacava ainda mais seus músculos dos braços e o tórax, ele era uma escultura. Dava até para ver os gomos de seu abdômen. E com um jeans surrado e chinelos, parecia delicioso.

Fiquei hipnotizada olhando enquanto ele andava entre as estantes folheando alguns livros.

- Fecha a boca amiga. Está quase babando.

- Chiara... Não é...

- Eu sei... É impossível não olhar.

Nossa interação acabou chamando a atenção dele e de um outro homem, tão grande quanto ele que acabou de entrar. E quando olhei novamente, pude ver o fim de um sorrisinho de quem sabia que era o assunto em pauta, antes dele voltar a olhar para o livro que tinha nas mãos.

Ele com certeza estava acostumado a ser o motivo de cochichos, 1 - Paquistanês, considerado o melhor fotógrafo de paisagem e natureza do mundo.

em qualquer lugar que estivesse. E ao mesmo tempo que me irritou ele achar graça disso, também fiquei penalizada. Devia ser terrível não ter privacidade nem para comprar um livro sem ter alguém te olhando ou assediando.

- Vamos aproveitar e pedir uma foto!

- De jeito nenhum.

- Oi? Mas por que não?

- Chiara, ele deve ter entrado aqui por que viu que estava tranquilo, e eu não vou acabar com o sossego dele.

- Mas Ju, ele está acostumado. E vai ser rápido...

- Já disse que não. Se põe no lugar dele Chiara. Deve ser um saco viver assim. Deixe-o em paz.

- Mas sabe-se lá quando vou ter outra oportunidade dessas?

- Olha só, apesar de estarmos de folga, tecnicamente sou sua chefe, e te proíbo de perturbar aquele homem. Me entendeu?

Sei que fui muito dura com ela, mas eu não ia mesmo incomodar ele.

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