Capítulo 9 Julia

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Quando a mensagem do Henry chegou, meu coração disparou. Sei que não devia me empolgar assim, afinal, eu só ficaria mais quatro dias na cidade. Mas era impossível não se animar em encontrar um homem como ele. Mandei o endereço para ele.

Eu estava me vestindo casualmente, já que ele disse que almoçaríamos ao ar livre. Optei por uma bermuda de sarja verde e blusinha de alça branca. Coloquei meu tênis e peguei a mesma echarpe que ele me devolveu, e amarrei como um cinto. Caso esfriasse, eu teria com o que me proteger. Já estava terminando de me arrumar, quando Chiara entrou no meu quarto.

- Uau! Você está ótima Ju. Ele vai babar.

- Não é para tanto Chiara. E nós só vamos almoçar.

- Sei..., mas e se ele quiser mais que isso? Você vai negar?

Eu pensei muito sobre isso antes de dormir, e por mais que eu achasse improvável que algo acontecesse, seria difícil resistir ao Henry Cavill.

- Sinceramente Chiara? Não sei...

- Pelo amor de Deus Julia! Não vai dar uma de louca e recusar um homem desses. Se fizer isso, eu juro que não vou mais ser sua amiga.

Eu ri muito, pois ela parecia bem sincera no que disse.

- Vamos fazer assim... Eu te prometo que se ele me agarrar, não vou esbofeteá-lo. Está bom para você?

- Ai de você se bater naquele rostinho lindo. Eu te processo mulher!

Caímos na gargalhada quando meu telefone tocou, e era o Henry.

- Oi!

- Oi. Estou aqui na frente. Está pronta?

- Sim. Já estou saindo.

- Ok!

Desliguei, peguei minha bolsa e minha câmera. Dei uma última olhada no espelho e segui para a porta com Chiara em meus calcanhares.

Quando ia abrir a porta, olhei para minha pequena amiga.

- Então.... Quer dar um oi a ele?

- Eu posso mesmo?

- Claro. Só não faz escândalo. Não queremos tumulto aqui fora.

- Prometo Ju.

Nós duas saímos e um carro preto, com os vidros filmados estava parado em frente ao portão.

Assim que cheguei na calçada, a porta do motorista abriu, mas não foi o Henry que saiu, mas o outro homem que vimos na livraria. Eu não estava entendendo, até que ele se aproximou.

- Bom dia Srta.

- Bom dia?

- Eu sou o Tom, segurança do Henry. Ele está no carro te aguardando.

Ele então abriu a porta traseira, e o Henry estava sorrindo para mim.

- Achei melhor não sair do carro para não causar uma confusão. Entre.

Ele olhou por cima do meu ombro e viu Chiara atrás de mim.

- Sua amiga vem com a gente?

Mesmo sendo o cavalheiro que era, eu não pude deixar de notar o tom de decepção em sua voz ao pensar que teríamos companhia. Não querendo torturá-lo, respondi logo.

- Ah não! Ela só queria te dar um oi. Sabe como ela é sua fã. Tudo bem com isso?

O sorriso voltou imediatamente ao seu rosto.

- Claro! Como se fala como vai em italiano? Eu ainda não falo muito bem.

Cochichei para ele a pronúncia, e depois fiz sinal para Chiara se aproximar. Ele apertou a mão dela.

- Buongiorno! Come sta Chiara?

- Oh! Va bene, Henry. Grazie. Prenditi cura del mio amico, giusto.

Eu ri e ele olhou para mim para que eu esclarecesse.

- Ela disse para você tomar conta direito de mim.

- Diga a ela que estará em boas mãos.

Falei para Chiara o que ele disse, depois me despedi dela e entrei no carro. Minha primeira surpresa, foi receber um abraço apertado e um beijo no rosto. Tenho certeza que corei, pois senti meu rosto esquentar.

- Então, preparada para me aturar o resto do dia?

- Acredito que não vai ser nenhum sacrifício Henry. Mas onde vamos?

- É uma surpresa! Pode ficar tranquila que você vai adorar. Vejo que trouxe sua câmera...

- Nunca saio sem ela. Quem sabe o que pode aparecer no caminho. E não poder registrar está fora de cogitação.

- Então tenho certeza que você vai amar o lugar para onde vamos.

Ele segurou minha mão e deu um aperto. E quando olhei para nossas mãos juntas, ele soltou e quem corou foi ele. Foi a coisa mais fofa que eu já vi na vida. Henry Cavill envergonhado por minha causa.

- Posso perguntar uma coisa?

- Claro Julia. Pergunte o que quiser.

- Por que precisou trazer o segurança? Ontem na praia você estava sozinho.

- Sim. Como era muito cedo, não tinha muito movimento nas ruas. Tanto que tudo correu tranquilamente. Mas a essa hora, a chance de fãs ou paparazzis aparecerem é enorme, e não quero fotos nossas espalhadas por aí.

- Oh... entendo!

Ele deve ter percebido que o que disse me incomodou. Por mais que eu não quisesse atenção sobre mim, saber que ele não queria ser visto comigo, doeu.

Meu desapontamento deve ter ficado explicito em meu rosto, porque ele se virou para mim, colocou a mão no meu rosto e explicou.

- Ei! Julia não leve a mal o que eu disse. Não pense que quero te esconder, não é isso. Só quero te preservar do assédio, e ter paz para que nos conheçamos melhor. Você me entende?

Olhei para ele, e só vi sinceridade em seus olhos. E num impulso, eu o beijei no rosto.

- Obrigado Henry! Por se preocupar e tomar cuidado comigo.

- Não tem que agradecer Julia. Eu faço isso com muito gosto. Não quero que nada de mal te atinja.

Ele beijou minha mão, e dessa vez não a soltou. Em vez disso, entrelaçou nossos dedos e deixou nossas mãos descansando em sua perna, com seu dedão acariciando o meu durante todo o trajeto.

Uns vinte minutos depois, Tom saiu da estrada principal e entrou numa estradinha de terra, e mais dez minutos, avistei os portões da Rosemary Water.

- É aqui que vamos almoçar?

- Tenho que admitir que a ideia foi do Tom. Vamos fazer um piquenique. E aqui tem um lugar perfeito, perto de um lago que você vai adorar. Não teremos que nos preocupar com ninguém nos observando. Eu conheço o dono. Ele deu permissão.

- É, eu sei que você é um dos garotos propagandas dele.

- Andou pesquisando sobre mim?

Eu ri alto.

- Chiara! Ela é sua fã, e sabe tudo que acontece.

- E você não é...

- Henry, eu vi quase todos os seus filmes. Gosto muito do ator, mas estou ficando fã mesmo, é do homem.

O aperto na minha mão se intensificou ao mesmo tempo que vi ele respirar fundo e fechar os olhos por uns segundos. E quando voltou a abri-los, o azul era mais escuro e suas pupilas estavam maiores. Era desejo o que eu estava vendo. E quando lentamente ele vinha se aproximando do meu rosto, Tom parou o carro.

- Chegamos Henry. E ali está o Sr. Spencer.

Romance IntercontinentalWhere stories live. Discover now