Capítulo 39 Julia

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No meu segundo dia, eu já estava bem melhor. A energia daquele lugar estava me ajudando muito. Só a noite, deitada em meu quarto no hotel, é que a saudade e a tristeza batiam.

Não tinha como não pensar no Henry. Apesar do pouco tempo, o que vivemos foi muito intenso.

A partir de amanhã, eu teria um guia comigo. O nome dele era Nikolas , e eu só tinha falado com ele por telefone, e iria encontrá-lo num café para a visita a uma mansão na cidade.

Passei uma noite péssima, pois o pouco sono que tive, foi povoado por sonhos com o Henry. Ele aparecia chorando pedindo perdão, e em outro momento, ele e Stella riam de mim.

Acordei cedo, tomei café e me preparei para o dia, e apesar de não gostar, tive que recorrer a maquiagem para amenizar as olheiras.

Cheguei no ponto de encontro dez minutos atrasada, e fiquei preocupada que ele já tivesse ido embora. Liguei, mas ele não atendeu.

Olhei em volta e não vi ninguém. O pior é que eu não sabia chegar na mansão, e não falava nada de grego.

Já estava me virando para ir embora e ligar para a empresa, quando ouvi alguém chamar meu nome.

- Srta. Santos! Julia Santos! Espere....

Eu vi um homem muito bonito correndo em minha direção. Ele era moreno, cabelos pretos curtos dos lados, mas despenteado em cima, olhos verdes e um sorriso de matar. Realmente um Deus grego.(foto do capítulo)

- Nikolas?

- Sim... Desculpe o atraso, meu carro quebrou e acabei deixando o celular dentro dele.

- Tudo bem, também acabei me atrasando. Muito prazer.

- O prazer é meu Srta. Santos.

- Julia...Sem o senhorita.

Ele sorriu e estendeu a mão para mim, mas quando retribui, em vez de apenas apertá-la, ele a levou aos lábios.

Eu senti um arrepio. Mas também não tinha como ficar imune àquele charme. Chiara enlouqueceria se o visse.

- Bem, vamos lá? A casa é aqui perto, então acho que podemos ir andando.

- Certo! Você é o guia.

Ele então pegou a bolsa com meu equipamento para carregar.

- Não precisa Nikolas. Estou acostumada a carregá-la.

- Imagina. Por minha causa você vai ter que andar, então eu carrego o peso.

- Ok! Obrigado.

Seguimos por dois quarteirões conversando sobre tudo para nos conhecermos melhor. Nikolas era guia, professor de inglês, o que explicava a fluência dele, e modelo nas horas vagas, o que era de se esperar.

Ele era muito articulado e divertido, e o papo estava tão bom, que nem senti a distância que andamos.

Por ser modelo, ele entendia um pouco de fotografia e me ajudou bastante na sessão de fotos.

Quando terminamos, fomos almoçar num restaurante familiar, muito aconchegante, que Nikolas indicou.

- Quer dizer então que a senhorita é brasileira?

- Já te pedi Nikolas, só Julia.

- Ok, mas só se me chamar de Nik. Mas me conte sobre seu país. Eu nunca fui, nem nunca conheci alguém de lá. Sempre tive curiosidade, porém.

- O que eu poderia te dizer, que não esteja na internet, ou foi dito na TV?

- Me fale a sua visão. Como você enxerga sua terra natal.

- Ahhh... É um país lindíssimo, cheio de problemas e desigualdades, mas eu amo minha terra. E apesar desses problemas e de algumas opiniões muito contraditórias, temos o melhor povo. Ele nunca desiste e é muito caloroso.

- Tenho que discordar.... O melhor povo é o grego.

Ele me olhou sério quando disse isso, mas logo abriu aquele sorriso lindo.

- Vamos ficar brigando o dia todo por isso Nik.

- Claro que não! A última coisa que eu quero é brigar com você Julia.

Ele me olhou de um jeito, que me deixou sem graça. A última coisa que eu precisava agora, seria um homem desse dando em cima de mim. Mas não vou negar, que isso fez bem para minha auto-estima tão abalada por tudo que aconteceu nos últimos dias.

À noite, no hotel, eu liguei para Chiara.

- Poxa Julia, até que enfim. Já estava preocupada com seu silêncio.

- Desculpa!!! Eu precisava de um tempo para colocar a cabeça em ordem.

- Ainda está com o celular desligado?

- Não Chiara, mas se eu não atender, você pode ligar para o hotel Elysian Santorini, quarto 308. É melhor assim, pois não quero ter que atender um número desconhecido e ser o Henry.

- Tudo bem, mas me conta como estão as coisas aí.

- Ahhhh Chiara.... Aqui é maravilhoso. Você tem que conhecer. Parece que está em outro mundo.

- Vou me programar para ir nas próximas férias. E as pessoas? São agradáveis? Conseguiu um bom guia?

- É um povo fantástico! E amiga, os homens daqui parecem todos ter saído de uma capa de revista. Se você ver meu guia, vai cair para trás. O cara é lindooooo.

- Ahhhh, isso não é justo. Você sempre consegue os bonitões onde quer que vá... rsrsrs

Sei que ela não disse por mal, mas mexeu um pouco comigo.

- Acredite Chiara... se eu pudesse escolher não seria assim....

- Amiga...me desculpe. Eu só estava brincando.

- Eu sei... Não se preocupe.

- Você ainda está muito mal?

Pensei no dia gostoso que passei com o Nikolas e que não tinha pensado no Henry até aquele momento, e percebi que realmente eu estava melhor.

- Ju? Está aí?

- Sim... Estou bem Chiara, melhor até do que eu esperava.

Contei sobre meu dia, e como foi ter a companhia do Nikolas. Que ele me fez esquecer os problemas por algumas horas.

- Que bom Ju! Tomara que ele te faça esquecer de vez o 'outro'.

- Chiara, você pode falar o nome dele...rsrsrs. Mas Deus me livre outro romance intercontinental. Seremos só bons amigos.

- Você é quem sabe.

Continuamos conversando mais um pouco, e depois me despedi da minha amiga e fui dormir.

Essa primeira semana em Santorini, estava sendo um verdadeiro bálsamo para minha dor.

Os lugares que Nikolas descolou para as fotos, eram incríveis. Ele me levou a muitos restaurantes e bares divinos, fazendo os dias ficarem mais leves, e as noites mais fáceis de aturar.

Nikolas até tentou algo algumas vezes, mas eu sempre o desencorajava e ele respeitava. E assim, íamos levando nosso trabalho e amizade.

Romance IntercontinentalWhere stories live. Discover now