Capítulo 3 Julia

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Eu saí da livraria completamente atordoada. Nunca, em meus melhores sonhos, poderia imaginar que conheceria Henry Cavill, e que ele seria tão simpático e gentil daquele jeito. Se bem que a forma que ele me puxou contra seu corpo, não tinha nada de gentil, mas eu me senti bem com o contato. Bem até demais.

Eu estava andando às cegas devido as sensações que ainda corriam pelo meu corpo, até que Chiara me tirou dos meus devaneios.

- O que foi que ele te disse Ju?

- O quê?

- O Henry. O que foi que ele falou em francês para você?

- Ah! Eu disse que falava várias línguas, mas era brasileira. Aí ele disse que adorava o Brasil e tinha vontade de voltar lá um dia.

- Viu? Ele é um doce de pessoa. E você quase me faz perder uma oportunidade de ouro de falar com ele. Apesar de que ele só falou com você né?!

- Ele não fala italiano Chiara. E realmente, eu não esperava que ele fosse assim. Sabia que era educado, mas não imaginava que fosse tão simpático. Até pediu que o marcássemos nas fotos.

- Sério? Vou fazer isso agora mesmo.

- Ok, mas cuidado com a legenda que vai colocar. Lembra que estou aqui a trabalho.

- Pode deixar. Agora vamos logo na praia, para podermos voltar logo para casa e comer.

- Eu não sei como você é tão magrinha. Do jeito que você come, era para estar obesa. Almoçamos não faz nem duas horas.

- O que eu posso dizer... genética.

- Eu te invejo....

- Que isso Ju? Você está ótima. Viu como o Henry te deu uma sacada dos pés à cabeça?

- Deu nada! Agora vamos logo...

Nós rimos e seguimos o caminho para a praia Spiaggia Grande, que como o nome já dizia, era uma enorme extensão de areia, com água cristalina e uma enseada cercada de pedras no canto esquerdo. Minhas fotos ficariam maravilhosas.

- E então Ju, gostou?

- É lindo Chiara. Olha que no Rio, temos as mais belas praias do mundo, mas aqui é fantástico.

- É mesmo, mas me explica de novo para que são essas fotos.

- É um projeto pessoal. Estou montando uma exposição só com fotos de praias e lagos pelo mundo, e depois quero publicar um livro.

- Por isso aceitou ser a fotógrafa de sua empresa...

- Sim. Já que eles queriam economizar, eu disse que só aceitaria se pudesse tirar fotos para isso.

- Mas se são pessoais, por que precisava da autorização deles?

- Porque a viagem para estes lugares, está sendo custeada pela empresa, não por mim. Eles teriam direitos sobre as imagens.

- Entendi. Com autorização, as fotos são somente suas?

- Isso. Todos os direitos e o que eu vier a ganhar através delas é meu.

- Boa jogada amiga.

Continuei tirando algumas fotos, mas a luz não estava perfeita. Eram quase quatro da tarde e ainda não tinha aquela atmosfera do entardecer.

Estava tentando convencer a Chiara a segurar a fome para que esperássemos mais umas horas, quando um rapaz muito bonito se aproximou. Ele era italiano.

- Boa tarde senhoritas. Sei que vou parecer abusado, mas não pude deixar de notar que você é fotógrafa. Será que poderia lhe pedir um grande favor?

- Em que podemos ajudá-lo?

- Foi ali, naquela pedra, que eu pedi minha esposa em casamento há quatro anos, e todas as vezes que eu venho a Acciaroli, eu tiro uma foto no mesmo lugar e mando para ela, para que saiba que está sempre em minha mente e coração.

- É um gesto muito romântico. Parabéns! Mas do que realmente precisa?

- Eu sempre uso meu celular, mas acredito que uma foto de um profissional, seria muito mais bonita. Você deve saber sobre foco e essas coisas muito melhor que eu. Eu poderia pagar por isso, se a senhorita me fizesse essa gentileza.

Fiquei comovida com o pedido dele. Era tão raro, homens que demonstrassem tamanha devoção.

- Claro que posso! E não vai te custar nada.

- Oh... Obrigado. Aqui meu celular.

- Não, vou usar minha câmera. E se você tiver um e-mail que eu possa enviá-la, seria ótimo.

- Minha nossa! Claro! Minha esposa vai ficar muito feliz. Com certeza vai querer emoldurar num quadro. É uma pena que ela não tenha vindo comigo...

O rapaz estava muito satisfeito, e se colocou sobre a pedra na mesma posição em que fez o pedido. Tirei mais umas seis fotos em diferentes ângulos e filtros para escolher a melhor e mostrei a ele.

- Caramba! Ficaram maravilhosas. Ela vai enlouquecer com qualquer uma dessas.

- Ficaram boas mesmo. Mas se fosse mais tarde ou ao amanhecer ficariam melhores ainda.

- Muito obrigado Srta.?

- Julia, me chamo Julia Santos.

- Muito prazer, meu nome é Pietro. Trabalho em um vinhedo em Florença e venho vender os produtos aqui. Este é meu cartão. Aqui tem meu e-mail.

- Ok Pietro Dommani. Pode conferir seu e-mail à noite. As fotos estarão lá.

- Tem certeza que não quer receber por elas? Afinal é seu trabalho.

- Não. O amor não tem preço Pietro. Fico muito feliz em te ajudar. E além do mais, fotografia é mais um hobby do que trabalho.

Pietro me agradeceu novamente e se afastou um pouco, já ligando para a esposa para contar o que aconteceu.

- Você é tão boazinha Ju... Deveria ter cobrado.

- Você não tem coração Chiara? Ele só queria agradar a esposa.

- Tá bom..., mas podemos ir agora? Estou faminta.

- Certo monstrinho, mas amanhã cedo você volta comigo. De manhã as fotos são melhores.

- E de quão cedo estamos falando?

- Por volta das cinco, eu já quero estar aqui. Se for seguro, claro.

- Deus me livre Ju, é muito cedo. Diz que eu não preciso vir, por favor... Aqui é muito seguro. Pode confiar. Não vai precisar de mim.

- Tudo bem Chiara. Vou te poupar o sacrifício de acordar cedo.

- Amém Dio mio!

Rindo do dramalhão que ela estava fazendo, nós voltamos para casa. Eu detestava ficar em hotéis, por isso me hospedar na casa da Chiara, tinha sido um ótimo arranjo. Para mim, que ficava mais à vontade e teria uma companhia 24 horas, e para ela que faturava uma grana a mais.

Romance IntercontinentalWhere stories live. Discover now