Capítulo 11 Julia

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Eu sabia que não deveria me envolver, mas não deu para resistir ao Henry. Ele estava tão lindo e o jeito que me olhou. Todo aquele desejo estampado no seu rosto, e evidente em seu corpo, me deixou zonza. E quando ele disse que eu mexia com ele, a única coisa que eu poderia fazer é beijá-lo novamente, e me render às emoções. Deixaria para me preocupar com as consequências disso depois.

Quando o beijo terminou, eu podia sentir o corpo dele trêmulo.

- Você está bem Henry?

- Nunca estive melhor! Mas acho que devemos nos acalmar um pouco. Vamos sentar, comer e conversar, Julia.

A princípio achei que ele tinha se arrependido, mas antes que esse pensamento se enraizasse, ele me agarrou e me beijou duramente.

- Estou viciado em seu beijo, e se não pararmos agora, eu não respondo por mim...

Meu peito inchou com essa declaração. Saber que eu estava afetando-o tanto quanto ele fazia comigo. Então, me afastei e peguei sua mão, e juntos fomos para debaixo do lindo carvalho, e começamos a arrumar as coisas.

Henry forrou um grande cobertor xadrez no chão, e começou a tirar as coisas das cestas. Sanduiches, frutas, pães e doces. E na cesta que o David nos deu, tinha geléias, torradinhas e num recipiente com gelo, duas garrafas da Rosemary Water, duas taças e um champanhe.

- David adivinhou que teríamos o que comemorar.

- E o que seria Henry?

- Este momento. Nós dois, e tudo que o dia nos reserva.

Depois que estava tudo pronto, eu perguntei pelo Tom.

- Ele foi olhar as redondezas para garantir nossa privacidade.

- E ele não vai almoçar conosco?

- Julia, ele vai saber se virar. Mas se você faz questão, eu o chamo.

- Por favor, faça isso. Afinal a ideia foi dele. Acho justo ele desfrutar conosco.

- É isso mesmo, ou está com medo de ficar sozinha comigo?

Eu dei uma gargalhada e Henry sorriu.

- Depois desse último beijo, acho mesmo prudente que não fiquemos sozinhos, para não corrermos o risco de cometermos nenhum ato libidinoso. Eu estou a ponto de te jogar sobre este cobertor e te possuir.

Ainda sorrindo, Henry ligou para ele, que minutos depois apareceu sozinho no carrinho.

- Algum problema Henry?

- Não, mas onde está o garoto?

- Eu disse que não precisava dele, agora que já aprendi o caminho. Mas por que me chamou?

- Julia  pediu para te convidar para almoçar com a gente.

- Senhorita, eu não quero atrapalhá-los.

- Por favor Tom, me chame de Julia. E você não vai atrapalhar nada.

Tínhamos comida para umas seis pessoas, e quando questionei o Henry, ele disse que como pretendia me manter com ele o resto do dia, teríamos que estar preparados.

Nós conversamos sobre vários assuntos. Pude conhecer mais sobre ele através das histórias que Tom contou. Eles eram acima de tudo amigos, a muitos anos.

Nós rimos muito e nem notei o tempo passar. Já eram quase três da tarde, quando vi Henry fazer um sinal sutil para Tom, que disfarçou e saiu dizendo que ia olhar de novo para ver se não havia ninguém espiando a gente.

- Certo Tom, pode voltar em duas horas para nos buscar.

Quando ele sumiu de vista, me assustei com o som da rolha do champanhe que Henry abriu.

- Enfim sós de novo.

- Coitado do Tom. Eu vi quando você fez sinal para ele sair.

- Que nada. Ele já estava incomodado de ficar nos empatando Julia. Eu conheço meu amigo.

Ele serviu as taças, me entregou uma e fez um brinde.

- A você Julia!

- A mim? Por quê?

- Porque você é linda, doce, inteligente, atenciosa, divertida, e muito, muito sexy. E têm povoado minha mente a dois dias.

Com o que ele acabou de dizer, por mais que eu não quisesse pensar no depois, eu tinha que dizer algo.

- Henry, você sabe que irei embora no domingo. Só temos alguns dias...

- Infelizmente sim, mas não vamos pensar nisso agora. Vamos aproveitar o tempo que temos e depois vemos como vamos fazer.

- Você falando assim, parece que tem planos para o futuro comigo.

- Julia, não é que eu tenha planos, mas com certeza gostaria de mais tempo com você. Te conhecer mais ainda e desfrutar da sua companhia.

- Mas isso é impossível, e você sabe.

- Complicado sim, mas não impossível. Eu acho que quando se quer, dá-se um jeito.

- Henry....

Ele tirou a taça da minha mão, colocou sobre a cesta, e com um único movimento, me tinha sentada de lado em seu colo.

- Julia, como você mesma disse, temos só quatro dias, e eu queria aproveitar o máximo deles. Vamos deixar a logística para depois, pode ser?

Eu concordei e embarquei no momento, apreciando os beijos e o toque daquele homem maravilhoso.

Continuamos namorando, deitados no cobertor e apreciando a paisagem, até que Tom retornou para nos pegar.

- Detesto interromper os pombinhos, mas já está na hora de irmos.

- Tudo bem Tom. Eu tenho mesmo que me preparar para o dia de amanhã.

- Nos veremos de novo Julia?

- Não sei Henry. Vai depender de como for minhas visitas.

- Sei que você vai arrumar nem que seja meia horinha para mim, não é?

Com uma carinha daquela, não tinha como recusar um pedido dele. Concordei.

Voltamos para a sede da empresa, onde nosso carro estava estacionado, e quando Tom parou em frente à casa onde estava hospedada, ele saiu do carro para nos dar privacidade.

- Eu gostaria de te levar até a porta Julia, e quem sabe entrar um pouco, mas é melhor evitar o risco.

- Eu entendo Henry, não se preocupe. Eu te ligo amanhã e combinamos algo.

- Isso se eu não te ligar antes. Só em saber que você vai sair desse carro, eu já estou sentindo sua falta.

- Por favor Henry, não fala essas coisas.

- Mas é como eu me sinto Julia. Eu não sei o que está acontecendo, mas não quero me afastar de você.

Depois disso, com um último beijo, me despedi dele e saí do carro. Dei tchau ao Tom e entrei em casa, onde Chiara me esperava na sala.

- Pela sua cara, o passeio não foi tão bom.

- Pelo contrário Chiara. Foi maravilhoso. Ele é maravilhoso!

- Então por que parece tão triste?

Me sentei ao seu lado e contei como foi o dia. Falei dos beijos, das coisas que ele me disse, e como tudo aquilo estava mexendo comigo.

- Poxa Julia, eu nem sei o que te dizer.

- Não há o que dizer Chiara. Essa situação é no mínimo complicada. Eu não devia ter me metido nela.

- Mas agora que se meteu, o que pretende fazer?

- Nada, a não ser aproveitar os dias que me restam. Não há mais nada a fazer.

Romance IntercontinentalWhere stories live. Discover now