Can Ci Pin (殘次品) [PT-BR]

Capítulo 04

Livro I: A Estrela do Deserto
Capítulo 04

"Meu ID contém dados criptografados, o acesso é negado. Você pode me chamar de Zhanlu."

1300, hora universal.

Era tarde da noite no Porto de Vênus em Pequim-ß.

O Porto de Vênus era um porto interestelar quase abandonado. Restavam apenas alguns trabalhadores, vivendo com baixos salários pagos pelo governo.

Estava frio naquela noite e não havia ninguém no Porto de Vênus. Grandes extensões de terreno baldio estavam cobertas de ervas daninhas mortas que eram mais altas do que um humano adulto, farfalhando e balançando ao vento uivante. Era uma cidade fantasma, degradada e sombria. Os edifícios antiquados e plataformas de lançamento no Porto de Vênus eram uma reminiscência de um cenário em uma antiga novel de ficção científica, indescritivelmente feio.

Os sem-teto caminhavam por um caminho estreito forrado de ervas daninhas designadas para os trabalhadores entrarem e saírem do Porto. Os trabalhadores as ignoravam durante o dia, no entanto, eles ainda as usavam para se proteger do vento à noite.

Entre eles estava um homem idoso e nas costas uma criança com roupas surradas como as dele. De repente, o velho desabou no chão, levando a criança com ele. O garoto rolou tenso, revelando seu rosto azul - ele já estava morto há algum tempo.

Uma lixeira próxima detectou o cadáver de uma forma de vida baseada em carbono e o protocolo de limpeza foi iniciado automaticamente. Ela se aproximou, estendendo uma pá fria de um braço robótico para se livrar do cadáver. O velho cobriu o corpo da criança com o seu imediatamente, como se pudesse compartilhar sua vitalidade com a criança morta.

Infelizmente, a lixeira, embora desatualizada, não foi enganada. Ela continuou lutando, travando um cabo de guerra cruel com o velho.

Naturalmente, a lata de lixo venceu.

Espancado pela lata de lixo inanimada, o pobre velho se ajoelhou, gritando em voz alta por tudo que havia sofrido. Seus companheiros de viagem seguiram em frente sem sequer lhe direcionar um segundo olhar. Eles não davam a mínima. Afinal, descartar um cadáver como se fosse lixo não era algo incomum por aqui.

Os sem-teto foram embora. Então um par de botas apareceu no meio do mato claro, indo direto para a lixeira depois de hesitar por alguns segundos.

Era um homem alto com cabelos claros e pele pálida. Havia algo de mecânico nele; suas características faciais pareciam perfeitas demais. Cada passo que ele dava era exatamente do mesmo tamanho, o que lhe dava o ar de um soldado, embora estivesse vestido de maneira casual.

Ele invadiu o programa de segundo plano da lixeira silenciosamente. Depois que terminou, a lata de lixo alcançou a pá e devolveu o pequeno cadáver.