15 - LEONARDO

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Na noite anterior...



A festa e as entrevistas já haviam tido seus fins. Já estava em casa, mais precisamente na sala, perto da janela, observando o amplo espaço da capital. A capital em que fui criado, onde fui feliz com tudo que eu queria. Um sonho de criança. Só que agora que crescemos, aqui estamos, prestes a lutar por nossas vidas, e tudo por causa de um sistema que fui criado a obedecer.

Sinto uma presença chegando. Era Giulia, estava com um sorriso na boca, mas parecia cansada. Parecia que não estava conseguindo dormir.


-Não está conseguindo dormir? - Pergunta ela.

- É, fico pensando em amanhã, quando teremos que lutar para sobreviver.- Eu falo.

-Será difícil, mas conseguiremos. Temos bons aliados, Sadie e Sohan serão de grande ajuda. - Ela explica.

-Claro, e se caso sobrar só nós quatro? Você terá a coragem de matá-los?

Ela não responde.

-Infelizmente sobrará para mim.

-Você está sofrendo antes da hora irmão. Coisas podem acontecer, qualquer coisa.

-Talvez.

Passamos alguns minutos sentados conversando e observando a visão, mas logo vou embora, e ao sair falo:

- Irmã, não se apegue tanto a ele, somente um sobrevive.

Ela sabe de quem eu me referi, mesmo sendo nova, ela é esperta o bastante. Só que sei que os sentimentos dela podem acabar interferindo na sua ação. Sohan pode ser um rapaz bom para ela, mas nas circunstancias que se encontramos isso pode nos causar certo prejuízo.

Vou em direção ao meu quarto e me jogo em direção da minha cama. Precisava de algum conforto pelo menos uma ultima vez, até ir para a arena. Posso concordar com Giulia em um aspecto, não podemos prever o que irá acontecer conosco lá. Temos então que aproveitar o máximo até que nossa hora chegue só que temos a nossa missão de fazer com que só chegue na hora certa, na hora que deveria. Infelizmente passar por fome, ficar desidratado, sentir calor ou frio será inevitável. Caio no sono e logo uma visão aparece na minha frente.

***

Um sonho? Talvez, mas parece que é alguma lembrança. Aqui estou eu, que acabei de nascer aos braços de minha mãe todo sujo de sangue. Vejo o rosto dela em lágrimas de alegria e emoção. No momento só escuto a célebre melodia da música que escutava noites passadas, acompanhada de choros, que incluía os meus.


"Uma luz aparece

Quando a chuva se desfaz

É um manto de segredos

Que o amor faz

Tudo especial.

Sempre espie

Através da janela

Veja apenas

A luz do mar

Refletida em pequenos pontos

O mar radiante

E seu ato de pensar

Me fazem querer ver você

Junto, ao meu lado."

Distrito 9. O recomeço do inevitável.Where stories live. Discover now