4-LARISSA

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      Nem mesmo os braços do Thiago, podiam conter os tremores e as minhas lagrimas quando vi o casal de gêmeos que haviam sido "sorteados" para os Jogos Vorazes. Tentei me jogar contra a televisão, mas o Thiago não deixou, e mesmo comigo me debatendo em seus braços, ele não me soltou. A dias que ele vinha com o pensamento de achá-los e eu não queria, porque eu sabia o quanto a Capital poderia ser cruel, mas confesso que hoje quando vi a garotinha linda de olhos azuis se apoiando no ombro do menino, com aquele olhar que eu reconhecia tão bem, pois eu via esse olhar sempre que me olhava no espelho. E o menino, ele era totalmente o Thiago, ele se parecia com ele. Sabia que precisava encontrá-lo.

     Há 12 anos em que fui impedida de vê-los, quando os vi a imagem deles bebês vieram a tona, não apenas isso, mas um turbilhão de emoções que mesmo depois de tanto tempo nunca foi apagado. O menino do meu distrito que eu amava e o matei. O Thiago que me ensinou como dar a volta por cima, meu primeiro namorado, pai dos meus filhos, e agora eles, que terei que ver lutando com pessoas do dobro de seus tamanhos.

- São eles !

      Gritei para que ele pudesse entender o motivo de meu transtorno, mas se levar em conta a quantidade de lágrimas que saiam de seus olhos, e a expressão sem vida que seus olhos apresentavam, percebi que ele também havia percebido. Ele apenas me abraçou, e senti como se o peso que minha alma estava carregando tivesse sido transferido para ele naquele momento. O homem que se voluntariou para que pudesse me ver novamente, o homem que fez o impossível para voltar para o seu lar, para mim, para Giulia e para o Leonardo, o homem que chorou quando segurou pela primeira vez os dois em seus braços... Eu não o merecia.

    Era tudo minha culpa, eu havia irritado Snow, e ver o homem que fez de tudo para que eu pudesse sorrir, chorando... Era uma dor insuportável, ele me amou muito mais do que eu pude amar alguém. Me solto de seus braços e corro para a janela, fugindo para o oceano, o único lugar onde não ferirei ninguém.

      Os nossos filhos estavam bem na nossa frente, crescidos e fortes, mas porque se voluntariaram? Só um deles sairá vivo. Tudo permanecia confuso. Nós sabemos o que devemos fazer. Devemos ir para a capital e dar um jeito para se comunicar com eles. Temos que salvá-los, temos que fugir com eles. Eles não merecem isso.


Distrito 9. O recomeço do inevitável.Where stories live. Discover now