Distrito 9. O recomeço do inevitável.

2- THIAGO

 


     Eu e Larissa desde o ocorrido, nunca paramos de procurar por nossos filhos sequestrados, mas ao longo dos anos nossa esperança cada vez mais se dissipava. Nós nos encontrávamos sentados no sofá, da nossa casa, na aldeia dos vitoriosos do Distrito 4. O clima permanecia agradável e ameno. As flores permeavam a varanda da casa. Mas a tensão nem sempre era boa.

-Amor, já faz 12 anos ? Às vezes ainda penso e me pergunto o que aconteceu com os dois. Sinto que os dois ainda estão vivos. E ainda vou tentar descobrir algo. - Digo á Larissa.

- Ei Thiago meu amor, sei que você nunca desistiu, é bem desconfortante lembrar-se dos rostos, lindos, que saíram de dentro de mim, e não tê-los aqui, mas já se passou tanto tempo e nós já temos nosso Ricardinho, devemos seguir em frente. - Diz Larissa num tom encorajador.

- "Eu não desistirei."

  Lembro-me como se fosse ontem a tristeza que eu tive ao saber que meus bebês haviam sido sequestrados. Na hora, o choque foi tão grande que eu não sabia como reagir. Tinha acabado de saber que minha mãe havia falecido, e logo recebi outra bomba. A primeira coisa que eu fiz foi correr gritando, em prantos, por todo o hospital a procura do meu filho. Depois que eu percebi que isso não daria em nada fui ao encontro de Larissa, para então acolhê-la.

   Os primeiros dias foram terríveis, a dor da perda era descomunal, e eu fui ingênuo pensando que teria uma vida normal e tranquila. Checamos todas as câmeras do hospital, mas por um azar elas estavam fora de ar justo naquele dia. A notícia viralizou, mas como o povo da Capital é, eles nem ligaram muito e logo outro assunto polêmico tomou seu lugar.

   Enfim, muito tempo se passou, alguns anos depois tivemos Ricardo, mas sempre ao olhar para ele, lembro de quando peguei Leonardo e Giulia no colo. É doloroso para mim até hoje, mas algo me diz o jogo vai virar e eu finalmente vou encontrá-los.
   Eu não desistirei!