Distrito 9. O recomeço do inevitável.

11-LEONARDO

Faltava menos de 20 minutos para o início do treinamento e eu ainda se encontrava na rua. Entrei pela porta dos fundos e fui direto em direção ao 9º Andar. Ao chegar lá Giulia se encontrava já arrumada me chamando na porta do quarto.

- Irmã, estou aqui fora. - Dizia a ela.

-Ah sério? Onde você estava? Estamos te procurando faz 1 hora. - Reclamava ela.

- Fui ali embaixo para tomar um ar, mas já estou melhor. Agora vou me arrumar, obrigado pela preocupação. - Mentia.

Pego a roupa que se encontrava na mão de Giulia e entro no quarto. Coloco-a depressa. E em 5 minutos já estava pronto. Fomos correndo para o setor de treinamento. Lá todos os tributos estavam já reunidos, só faltávamos nós dois. Todos olhavam em nossas direções e rindo ao mesmo tempo. Foi um mico que paguei, mas foi por alguma coisa boa.

Logo que a instrutora nos encaminhou para nós treinarmos, eu fui em direção aos machados. Machados uma das armas que aprendi á usar graças a Al, que infelizmente está morto. Faço cada golpe com muita precisão cortando cada pedaço do boneco em minha frente. Lembro das palavras de Al, ele me dizia "Concentre-se no alvo. Seja preciso."

Enquanto saia da ala dos machados via minha irmã conversando com Sohan, o garoto que Bruna nos indicou como aliado. Giulia mesmo por ser nova é uma garota esperta, sabe em quem confiar. Ela ria num tom meio engraçado, mas até que ficava feliz que ela estava fazendo amigos, mesmo que eles sejam um pouco mais velhos. Só que como bom irmão, terei que ficar de olho.

Vou em direção á ala das facas treino minhas pontarias e vou para o computador para treinar um pouco da minha memória, da minha inteligência, da minha estratégia. Bruna havia mencionado em não mostrar muito das nossas habilidades, então me contenho um pouco. Tenho poucas habilidades, fui criado na capital, só tive a chance de treinar numa floresta em 5 meses, sou um simples alvo dos outros tributos, e o meu papel será mostrá-los o contrário.

Os outros dois dias foram normais, escolhi não ligar para Thiago ainda, pois nesses dias eu me encontrava muito cansado e precisaria me concentrar na minha sessão individual. Esforço era pouco, eu fazia de tudo para melhorar ainda mais meus reflexos, minha velocidade no ataque, que por sorte aumentaram um pouco graças aos equipamentos.

Os dois dias de trabalho duro haviam tido seu término. Já era 13:00 e estávamos sentados junto aos outros tributos esperando sermos chamados. Cada pessoa demorava pelo menos uns 20 minutos lá dentro. Lá tínhamos 10 minutos para se apresentar, mas até limpar e organizar tudo, acabava demorando demais.

Sentamos perto de Sohan, o garoto que Giulia conversou durante o treinamento. Ao lado dele havia uma garota bonita, seus olhos eram lindos e elegantes. Dava vontade de beijá-la, mas não, nem tenho tempo para pensar em amor.

- Oi, prazer sou irmão dela, Leonardo. - interrompo a pequena conversa que ele havia começado com Giulia.

-Oi, prazer, sou Sohan. Essa aqui do meu lado é Sadie.

-Olá. - Dizia Sadie.

-Que tal sermos aliados. Pelo que vi parecem ser pessoas boas, em quem podemos acreditar. O que vocês acham?- Perguntava.

-Claro. Seria ótimo. O que mais queremos é ter gente que não nos mate lá dentro. - Eles riem.

-Então combinado. Vocês são de que distrito mesmo?- eu perguntava.

A conversa durava e nós acabávamos nos conhecendo cada vez mais, até que aos poucos nós começamos a ser chamados. Primeiro foi Sohan e depois de um bom tempo fui eu.

- Leonardo Augusto. Distrito 9.

Abracei Giulia e fui em direção á porta. Ela seria depois de mim, tomara que ela se saia bem, faça o melhor dela. Mas tenho que pensar em mim agora, chegou a minha vez, chegou a hora de mostrar do que eu sou capaz.

Dois pacificadores me levaram até o grande espaço onde se encontrava todos os equipamentos. Fico um pouco nervoso e penso numa forma alternativa de mostrar os meus golpes, as minhas artimanhas. O que eu tenho por traz desse lindo rosto fofo.

- Você terá dez minutos para mostrar suas habilidades corretamente. Boa sorte e pode começar.

Saí correndo em direção ao espaço onde se encontra as simulações com bonecos virtuais. Botei no nível "HARD" e peguei um machado e 10 adagas. Foi tudo rápido, quando entrei no espaço um boneco veio por trás de mim com uma lança, graças ao meu reflexo me joguei para o lado e atirei uma faca bem na cabeça dele. Depois outro boneco vem em minha direção só que por cima, mas logo atiro minhas facas nele e desvio de seu ataque. Dois bonecos vêm em minha direção com suas espadas, tento tacar minhas facas neles, mas eles acabam desviando. Ao chegarem perto de mim eles preparam para me matar e assim eu me abaixo, corto as pernas de um dos bonecos e depois jogo meu machado em direção á cabeça do outro.

Peço para acabar com a simulação, não poderia perder muito tempo nela. Só estava me aquecendo. Pego minhas facas e vou em direção á ala dos bonecos. Para mostrar minha velocidade de ataque atiro minhas adagas na cabeça de cada um com uma velocidade incrível. Em apenas 5 segundos havia matado 4.

Já havia mostrado praticamente toda a minha habilidade que com apenas 12 anos havia aprendido, mas eu devia mostrar minha inteligência, mas de modo mais, como podemos dizer, sagaz. Há uma escada bem ao sul, com baldes de tinta ao lado. Cordas ficam penduradas perto da escada, assim acabam me fazendo ter uma grande ideia.

Subo a escada com um machado e uma lanterna, e ao chegar ao topo pulo pelas cordas como se fosse o "Tarzan", o medo me fazia tremer na hora, mas tinha que impressionar eles, era o único jeito. Com minha belíssima mira, lancei meu machado bem no pequeno gerador de luz que se encontrava na frente deles. Todas as luzes se apagaram. Com minha lanterna consegui pular normalmente e fui em direção às tintas. Eles já vão ligar os geradores reservas e então eu preciso ser rápido.

Pego a tinta e escrevo no chão a seguinte palavra: MORTE. A tinta que parecia ser azul me manchou todo, mas consegui sair da sala antes que eles me vissem. Bem que eu queria ter escrito algo mais ameaçador, algumas frases de efeito, mas o tempo era meu inimigo na hora.

Estou satisfeito, fiz o meu melhor ali. Mostrei minhas habilidades, fui esperto e surpreendi. Agora só nos resta esperar a minha nota. Infelizmente a vez de Giulia vai demorar um pouco, até eles limparem a bagunça, tomara que ela se saia bem. Acredito na irmã que tenho, e ela é bem mais forte do que transparece.

Ao chegar ao meu quarto de volta aquele pensamento de fugir volta a pesar. Se eu fugir todas as pessoas que amo vão morrer, e provavelmente não será fácil fugir. O que nos resta é apenas uma coisa. A morte. Esse é o símbolo que nos segue por toda a nossa vida. Penso no que pode acontecer se eu me encontrar com Thiago de novo, será que vão matá-lo? De repente um desejo de conversar com ele se remete á mim. Pego o número e disco-o no pequeno telefone que se encontra na pequena cabeceira da minha cama. Depois de chamar pelo menos umas 4 vezes ele finalmente atende, mas não é ele que atende, a voz é do Presidente Snow.

- Alô Leonardo. Se quiser eles vivos nunca contatem eles. Se caso você tentar algo, seus pais e seu irmãozinho serão mortos. Boa sorte meu pequeno.

- Leonardo. - Dizia uma voz parecida com o do meu pai no fundo. A voz parecia estar fraca.

E então eu desligo e caio em prantos.