5-LEONARDO

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"Toda doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais inaplicável. Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o indivíduo mas sim a família."

----Vitor Hugo.

     A perda, a infelicidade, o desalento. Nunca pensara que sentiria isso tudo de uma vez. Não parava de se lembrar daquela cena horrível de Al morrendo em minha frente. Não conseguia nem pensar na informação que Al tivera nos repassado. Mesmo vivendo e crescendo na capital nunca me vendi para eles, sempre tive meu modo de pensar normal e decente. A raiva e a angústia me consumiam inteiramente, me sentia culpado por aquilo tudo, mas porque não vivemos com nossos verdadeiros pais? Porque nos sequestraram? Porque matar Al? Só porque ele nos deu uma simples informação?

    Giulia já havia se erguido e ido em direção ao quarto. Sim, ela parece que é bem mais forte do que eu em relação psicológica. Continuei no meu canto até a hora do jantar, teria que reerguer-me psicologicamente e fisicamente, mas não é nada fácil. Então ao sentir o cheiro, vindo da mesa central, levanto-me e me direciono até ela ao lado da mentora. O trem era cheio de pinturas rústicas amarronzadas, com detalhes berrantes. Era tudo bonito, mas como já falei, já estava acostumado com aquilo tudo, nada seria surpresa para nós. Na grande mesa se encontrava um grande frango assado que parecia bem suculento e uma grande jarra de suco que parecia ser de uva. Giulia já se encontrava a beira da mesa pronta para comer.

-Sentem-se queridos. Aproveitem o rango. - Dizia a mentora a nós que parecíamos devorar a comida somente com o olhar.

-Obrigado - Dizia Giulia para a mentora. - Qual é o seu nome?

-Ah, me desculpe, esqueci de me apresentar. Meu nome é Bruna, tenho 25 anos e sou sua mentora. Prazer em conhecê-los. Conte um pouco sobre a história de vocês. Porque vocês chegaram aqui chorando? Aconteceu alguma coisa com seus pais? - Eram tantas perguntas que nem sabíamos a qual responder primeiro.

-Vamos ao início. Eu e Giulia não conhecemos nossos pais, e ninguém os conhece. Fomos criados pela capital, mas depois do nosso aniversário de 12 anos fomos jogados para o Distrito 9, e a partir daí vivíamos com uma família, casal super simpático, mas infelizmente por nossa culpa o rapaz morreu deixando sua esposa com seu filho ao caminho. Eles fizeram algo que a capital não fez em 12 anos, nos amou realmente. Mesmo não sendo de sangue, via a responsabilidade como a parte mais importante.

- Nossa, que história. Meus pêsames pela sua perda. Mas como vocês são fortes vão se recuperar rapidamente. Vocês podem ser novos, mas são super inteligentes, pelo menos eu espero. - Dizia Bruna.- Ela foi tão séria, sem menos ligar para o sofrimento que acabo me assustando.

-Mas não é só isso. Descobrimos que nossos pais estão vivos e não podem nos encontrar. Eles nem sabem quem nós somos, e nem se estamos vivos. E tudo isso têm a ver com quem nossos pais eram, ou quem foram. Talvez fossem "perigosos". - Dizia a ela enquanto pensava se eles realmente estariam vivos.

- Tem alguma informação sobre o paradeiro deles? - Perguntava ela indignada.

- Somente a informação que eles eram vencedores, e de edições diferentes. Talvez você os conheça. Você não conhece ninguém com a feição parecida conosco?

-Infelizmente não. São tantos vencedores, é meio difícil encontrá-los, mas farei o possível para ajudá-los.

-Obrigado mesmo. - Agradecia a ela por toda a preocupação.

-Não aguento mais. É sofrimento para lá para cá. É muito para mim, muito para nós. - Lágrimas saiam dos olhos cristalizados de Giulia enquanto ela reclamava. - O medo está nos corrompendo. Precisamos de ajuda.

-Tudo bem. Vamos começar então. - Dizia Bruna com seus olhos vazados por simples lágrimas minguantes.

      Retiramos-se da mesa e fomos direto em direção ao vagão cinema. Lá ela ligou a TV e começou a comentar sobre alguns tributos. Ela havia pesquisado as habilidades deles para, de tal forma, nos informar por completo seus pontos fracos e apontar bons aliados. Ela não tinha muita informação mais era o suficiente para termos alguma vantagem, e era justamente o que precisávamos.

- Muitos deles são super habilidosos, mas vocês não precisam dos melhores e sim dos corretos. Sohan do D7 é bem habilidoso e parece ser bem confiável e Sadie do D12 também. - Dizia ela enquanto passava trechos das colheitas de outros tributos. - Por serem irmãos, vocês dois irão ser o centro das atenções, com isso vocês podem achar muitas estratégias para conseguirem patrocínios, mas a ação mais importante na arena será de vocês dois. Terão que ter coragem e serem bem audaciosos. Com suas habilidades vocês vão conseguir sobreviver, mas vocês sabem, só um de vocês vence. Mas fiquem até o fim juntos, vai que eles deixam vocês dois sobreviverem.

- Seria bom demais se isso acontecesse. Obrigado mesmo Bruna. Acho que chegou a hora de nós descansarmos um pouco. - Agradecia por toda a generosidade dela. - Onde fica o meu quarto?

-3ª Vagão, segunda porta a direita. - Respondia ela em um tom gracioso.

-Obrigado de novo.

                                                            [...]

"Uma luz aparece

quando a chuva se desfaz

É um manto de segredos

Que o amor faz.

Uma noite curta

Para uma vida longa

Mas que faz

Tudo especial.

Sempre espie

através da janela

veja apenas

a luz do luar

refletida em pequenos pontos.

O mar radiante

e o ato de pensar.

Me fazem querer ver você

junto ao meu lado."

    Sempre que escutava essa música nos meus sonhos acabava me jogando nas letras, em toda a sua melodia. A cada vez que pensava mais em meus pais, eu conseguia escutar mais ainda da canção. Pelo menos a música não me deixava cair em nenhum pesadelo. Poucos eram os pesadelos que eu tinha, graças á ela consegui á me reerguer dessa grande perda.

  A noite teve seu remate. Era o começo de um novo dia, um longo e cansativo. Havíamos chegado à capital. Várias pessoas gritavam nossos nomes no lado de fora. Muitos provavelmente me conhecem, talvez fossem até meus vizinhos. Havíamos voltado para onde tudo começou. Só que por outro objetivo, agora estamos prestes a sermos mortos, ou melhor, sermos assassinos.

- Chegamos crianças, é agora que o show terá início. - Dizia Bruna com entusiasmo.

  Fomos conduzidos ao prédio onde todos os tributos ficavam. O caminho não fora tão longe. Já sabia o caminho de cabeça, acabei até conduzindo o motorista que parecia perdido.

-Senhor quer ajuda a chegar ao destino? Conheço aqui como palma da minha mão. - Me gabava.

   Chegamos enfim no prédio. Sua estatura e seu tamanho eram bem elevados. Por ordem ficamos com o 9º andar. O espaço era bonito, chegava até me lembrar um pouco dos dias que eu e Al treinávamos na floresta, suas colorações e pigmentações eram fantásticas seguidas de um verde musgo e um tom de marrom claro.

   Seguimos em direção ao nosso quarto para se aprontarmos. Ao entrar no meu quarto me joguei na cama. A tensão a cada dia aumentava, teria que salvar minha irmã a qualquer custo, é para isso que deveria viver, era uma coisa praticamente impossível mais teria que conseguir á qualquer custo.

   Cansaço,tensão, responsabilidade. Tudo parecia ser demais para simples jovens de 12anos. Enquanto pensava, procurava algumas roupas no extenso guarda-roupa que emminha frente se encontrava. Coloquei uma roupa confortável azulada e fui parafora. Chegando lá Bruna estava me esperando com mais três pessoas.


Distrito 9. O recomeço do inevitável.Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα