Distrito 9. O recomeço do inevitável.

23 - LARISSA

   
      "...para que serviria uma raça perfeita de seres humanos, quando a imperfeição é, ela própria, uma das características mais fascinantes da nossa especie?"
-Gonçalo Pereira.

             Alguns dias atrás...

  

  Enquanto Thiago permanecia na busca de contatar Léo, eu não conseguia permanecer sozinha. Minhas noites eram infestadas de pesadelos. Desde que eu soube que os dois estavam vivos tento achar algumas informações úteis sobre o passado deles, mas ando meio sem sucesso. O desespero é tamanho fazendo com que o ato de desistir seja dispensável.

   Depois do que Léo disse na entrevista sobre viver na capital, pistas começaram a se firmar ao meu redor. Eles viviam na Capital, Snow cuidava deles, então moradores devem ao menos saber  algo sobre eles. E eu preciso descobrir.

Hoje é o dia que procedeu a entrevista. O dia que os dois entrarão naquela arena. E talvez nunca sairão. Lágrimas escorrem imediatamente. Recomponho-me. E logo vou em busca de meu objetivo. O táxi é rápido. Em apenas 30 minutos estou em frente a grande mansão do Snow. Ela é gigantesca, lembro como se fosse ontem, eu aqui vestida de jeito anormal para a festa depois da turnê dos vitoriosos. As flores enfeitam toda a vizinhança, demonstrando a formusura e as maravilhas do bairro. Rosas brancas permanecem penduradas em todos os portões. É tudo muito bonito e estranho ao mesmo tempo. Paredes pintadas e lascadas de ouro, típico da soberba da Capital.

   Havia um moradora pronta para entrar em sua casa, mas logo a impedi, perguntando-a:

- Olá, bom dia. Você mora aqui a muitos anos?

- Sim, por que pergunta? - Ela retruca.

- É que queremos fazer uma matéria sobre a vida dos irmãos do distrito 9. - Invento  na tentativa de obter informações sem nenhuma suspeita. - Eu soube que eles moravam por aqui.

- Eu já os vi por aqui anos atrás. Eram crianças adoráveis. Pergunte aquele garoto - Dizia enquanto apontava para um garoto de cabelos claros do outro lado da rua. - Ele brincava com os dois. 

- Obrigada.

"Espero que dessa vez eu consiga algo. Eu preciso."  Vou em direção do garoto. Ele parecia ter seus 14 anos, era loiro, e possuía um rosto infestado de sardas.

- Como posso ajudá-la senhora? - Perguntava ele sem ao menos me esperar falar.

- Você conhecia Leonardo e Giulia?

- Claro. Eles eram ótimas pessoas, pelo menos o Léo era. Sempre achei Giulia reservada e estranha. Quando era bem mais nova era um anjo, mas depois do acidente, tudo mudou. Mas enfim, quem é você?

- Sou a mãe deles.

Logo percebe-se um olhar de espanto dele, não é normal a mãe de alguém aparecer depois de anos. Ainda mais quando eram considerados órfãos.  Que acidente foi esse? Fico curiosa.

- Que acidente?

- A explosão. Há alguns anos, um quarto da mansão do Snow explodiu por motivos desconhecidos e Giulia estava lá.