17 - LEONARDO

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      Faltava apenas 20 segundos e eu teria que ir rapidamente para o tubo. Dou um abraço em Flávia, agradeço-a por tudo que ela tem feito e entro no tubo. A contagem continua e o tubo subia. Estava confiante e aterrorizado ao mesmo tempo. O meu primeiro objetivo era encontrar Giulia o mais rápido possível.

O tubo para e me encontro num amplo espaço ao lado de vários outros tributos. Uma neblina acaba me impedindo que eu encontre Giulia e os outros. Um frio me pega de surpreso. A roupa que estou utilizando é normal, fazendo com que o frio não seja impedido de ser sentido. Logo em minha frente se encontra a cornucópia, não muito grande, mas carregada de armas. Um sino a cima da cornucópia não para de tocar junto com a contagem regressiva ambulante. 5,4,3...Tento observar a arena ampliadamente, mas já é tarde demais. 2,1...BUM.

A ficha não havia caído ainda. Encontrava-me no disco de metal observando a grande arena que nos cercava. Mortes e mortes eram executadas nesse determinado período. Canhões não paravam de soar, pareciam estar no ritmo cardíaco do meu coração. Finalmente saio e vou em direção da cornucópia, mas sendo cauteloso para que eu não seja visto.

Corro e consigo pegar uma espada além de um pacote de isqueiro. Infelizmente eles não nos proporcionaram machados que era minha especialidade, mas eu conseguiria me virar com uma espada. Olho ao meu redor, exceto o solo manchado de sangue, a arena parecia ser uma ampla floresta, infestada de altos e fortes pinheiros, mas não havia só isso. Por pelo menos alguns quilômetros se encontrava uma mansão. Ao observar com atenção o redor consegui ver lugares que pareciam ser fazendas ou armazéns, que poderiam ser ótimos lugares para se esconder, mas muito arriscados.

Uma espécie de rugido vêm  do outro lado da arena. Parecia ser algum bestante atacando alguns tributos. Dessa vez eles não estão brincando. A coisa está séria, preciso sair daqui agora.

Tentava procurar meus aliados ao meu redor, mas não os encontrava de jeito nenhum. Decidi ir para a mansão, que mesmo por ser um pouco longe terá vários cômodos para que possa me esconder. Talvez até consiga alguma comida, ou água. Tomara que Giulia, ou algum aliado esteja por lá, assim poderemos ter alguma vantagem.

    Então saio de perto da cornucópia e corro através de altos pinheiros em direção a grande mansão. O cansaço é inevitável, os longos 30 minutos correndo, meus batimentos ficaram acelerados de tal forma que paradas eram necessárias, mas o que mais me impulsionava era o medo, não poderia morrer logo agora no início. Enquanto corria indo em direção ao meu destino fui abordado por um tributo desconhecido que arremessou uma lança em mim. Ao pressentir o perigo me abaixei, mas a lança acabou me pegando de raspão. Tentando ignorar a dor se alastrando por minhas costas, corro em direção de onde o tributo me abordou. Infelizmente o tributo já havia fugido, então mesmo com raiva e dor voltei para a trilha que seguia para a mansão.

    A corrida até a mansão durou pelo menos umas 2 horas. A dor que percorria todas as minhas costas não doía tanto quanto antes. A mansão era toda revestida de uma madeira velha e robusta, mas parecia aguentar o meu peso. Entro pela porta da frente que estava aberta. Tenho que tomar todo o cuidado possível para não ser abordado por algum tributo. Não havia iluminação dentro da casa, o medo era inevitável, o que estaria me esperando dentro daqui? Talvez algum tributo? Ou algum bestante? As janelas estavam fechadas, então concluo que mais ninguém está por aqui. Abro algumas janelas da sala para que enquanto ainda há luz lá fora para que o interior da casa fique iluminado.
     
     Vou para a cozinha a procura de algum alimento ou alguma água. Nada. Os armários estavam infestados de baratas e ratos enquanto não tinha água na torneira. Um barulho na janela me chama atenção. Ao ir ver vejo que é um pequeno paraquedas que vai a minha direção. Abro a janela e o pego. Ele estava bem pesado. Dentro dele havia 6 faquinhas, um kit médico e vários alimentos que poderiam me ajudar a sobreviver. Alimentos como 2 pães,1 maçã,3 ervas energéticas e um copo de 100 ml de suco. Pego minhas coisas e subo até um dos quartos do segundo andar e me escondo. Passo a tarde olhando pela janela a procura de Sohan, Sadie e claro de Giulia. Como um pão e bebo o pequeno copo de suco.

     A noite finalmente chega. Já havia cuidado do ferimento das minhas costas assim me sinto menos preocupado. Alguns tributos entraram na mansão, mas não fiz qualquer sinal mostrando que estou aqui. Ficarei escondido aqui, mas se tentarem entrar acabará sendo mortos. A luz ficava cada vez mais escassa. Pego o isqueiro e o acendo. A neblina fica mais densa enquanto o vento fica mais forte. As janelas batem com muita frequência assim me deixando assustado.

   O frio não me incomoda mais, pois com os cobertores que achei consegui inibir toda a ação dele. Vejo algo se movimentar por debaixo da porta. Gritos ecoam fora do quarto. Começo ficar assustado então me preparo pegando algumas faquinhas que ganhei junto com os outros itens que por sorte vieram numa sacola, e pego a minha espada. A porta se abre e na frente dela uma figura grande, magra e preta aparece. Tomo um susto, mesmo sendo difícil de enxergar somente com a luz da lua e do isqueiro consigo ver a ameaça. Jogo facas em direção a ele, mas ele é rápido demais e logo desvia. Ele vem em minha direção. Pego minhas coisas e vou em direção a porta para tentar fugir. Defendo-me com minha espada, mas ele é rápido demais e acaba arranhando meu braço. Vejo pela janela tributos fugirem, cheio de marcas, não posso ficar aqui, não tem como eu sobreviver a isso.

      Mesmo sem luz, saio do quarto e desço as escadas rapidamente. Ele aparece na minha frente, e por reflexo lanço uma das minhas faquinhas nele. Pega ele de raspão, mas não é o suficiente. Não é o suficiente, mas é para que eu saia desse lugar. Quando chego perto da porta da entrada ele me empurra e me faz cair de cara no chão. O impulso foi tanto que fez com que meu nariz se machucasse muito, podendo até ter fraturado. Até que tenho uma ideia. A mansão é de madeira e como posso destruir o monstro que está nela? Queimando-a. Poderia ser impossível, mas a madeira é velha o bastante para que o impossível ocorra. Pego rapidamente um spray que veio no kit médico e junto com o isqueiro uso como um lança chamas. Através do álcool do spray, o fogo teve sua força e se alastrou por toda a superfície de madeira da mansão. Saio correndo o mais rápido possível para longe dali. De algum modo o bestante não veio em minha direção, devia ter alguma presa fácil lá dentro.

  Através de altos pinheiros eu corri. Canhões ecoavam e a mansão estava em chamas. As chamas poderiam chamar a atenção de todos então corri o mais longe que pude. Era noite, mais possivelmente madrugada. Encontrei um lugar bem escondido numa parte da floresta. Peguei o resto do spray e liberei a substancia na ferida de meus braços. Peguei uma pomada e passei nas feridas de meu nariz. É, os jogos começaram e agora estou sozinho no meio do escuro sem fim. Fico deitado observando as estrelas a espera do anuncio dos tributos mortos no banho de sangue. Minha missão é simples, proteger Giulia, mas se ela estiver morta? Como ficarei? Eu falharei.

   O som de um paraquedas emana em meus ouvidos. Fico surpreso em ter ganhado outra coisa, pois já havia ganhado suprimento demais. O que será que Bruna está me trazendo dessa vez? No pequeno recipiente de metal que veio, vinha um bilhete dizendo:

"Giulia Toledo não é sua irmã.
-Larissa T. Sua mãe."





Distrito 9. O recomeço do inevitável.Where stories live. Discover now