Distrito 9. O recomeço do inevitável.

1-LEONARDO

" Distrito 9 é taça de pão de Panem, dando-nos a colheita fértil da qual precisamos continuar subindo como uma nação. Suas ondas âmbar de grãos são uma inspiração para todos nós. "

-- Presidente Snow.

   As pequenas estrelas do céu que ali perduram me fazem lembrar dos dias bons que tive a alguns anos. A alegria, a luxúria, a diversão, tudo havia ido embora. Aqui estamos, no distrito 9, eu e minha irmã, um distrito muito urbano apesar de ser responsável pelo cultivo de grãos. A pobreza reina aqui, um espaço totalmente diferente do que vivíamos a cinco meses atrás.

   Eu e minha irmã "gêmea", Giulia Toledo, fomos criados pela capital. A nossa vida era só brincadeira. Tínhamos tudo o que queríamos, éramos soberbos e providos de luxúria. Ver programas de televisão e jogar vídeo games de ultima geração era a nossa rotina do dia-a-dia. Nunca soubemos o paradeiro de nossos pais. Sempre perguntávamos ao presidente Snow, mas nunca havia resposta.

   Adorava brincar com os pássaros que perambulavam a varanda de meu apartamento. Era assim que me sentia livre. Com meus 12 anos tinha a total noção das injustiças que a capital resplandecia em relação aos distritos, mas como bom cidadão ficava calado. Mas como chegamos ao distrito 9? Eis a questão.

   Após a noite do nosso aniversário de 12 anos fomos sequestrados, dopados e jogados numa simples casa, do Distrito 9, onde morava um casal de jovens. Mary e Al, que nos acolheram com todo o amor que alguém poderia nos dar, nos deu comida e um lugar para que pudéssemos viver. Mary tem apenas 22 anos e Al tem 25, um casal com um sonho de ter um futuro melhor com seus filhos.
                                                                                       
                                                                                              [...]

"Uma luz aparece

Quando a chuva se desfaz

É um manto de segredos

Que o amor faz."

      Era essa música que escutava na maioria dos meus sonhos. Com um som melódico e simples fazia-me feliz, mas curioso para saber de onde ela veio. Ela parecia familiar, mas tinha certeza que nunca tinha escutado algo do tipo na capital. Será que veio dos meus verdadeiros pais?

           Era um dia simples, raios de sol tremeluziam através das janelas. Amanhã seria a colheita, nós dois botaríamos nossos nomes para ajudar Al e Mary nos gastos com a comida. Toda manhã saiamos, eu e Al para caçar, ele me ensinara a usar um machado e atirar facas. No início foi meio difícil, eu era praticamente um menino meio mimado da capital, mas agora quatro meses depois do primeiro treino, já havia pegado a prática.

         Despeço de minha irmã e saio com Al. Era apenas 7 horas da manhã. A paisagem do lado campista do distrito era linda. A cor de trigo expandia a simplicidade, mas ao mesmo tempo a complexidade do distrito. Aves voavam em volta de árvores dispersas e gigantes, com minhas facas as acertava fazendo-as cair. Enquanto isso, Al matava um porco que, por sorte, ali estava.

        Depois de caçar a quantidade suficiente para três dias, fomos para casa. O caminho é meio longo, mas observar a paisagem deixava-me mais relaxado. Um pouco depois que passamos pela cerca, Al me puxou para o lado para que pudéssemos conversar.

- Leo, preciso falar com você agora. - Diz Al num tom preocupante.

- Desembucha então. Só não me assuste assim. - brinco para descontrair.

- Nós fomos contratados pela capital para cuidar de vocês. Somos pagos para isso. Desde que nasceram já estava decidido que aos 12 anos vocês iriam participar dos jogos. Desejaríamos não ter se apegado tanto á vocês. Vocês agora fazem parte de nossa família, mas não posso fazer nada para parar isso, foi ordem do Presidente Snow. - Diz ele chorando.