Capítulo XV

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Por Alana

Respirei fundo, me olhando no espelho mais uma vez. Meus olhos ainda estavam vermelhos e a falta de sono estava visível em forma de olheiras. Uma semana se passou desde o incidente da festa, Marcus e Fred me encontraram chorando e soluçando alto e decidiram me trazer pra casa, porém bastou apenas a menção do nome dele pra que eu chorasse ainda mais, então Marcus já sabia o que tinha acontecido. Não foi muito difícil de juntar os pontos, Anastasia estava se gabando por finalmente mostrar ao Ian quem eu era de verdade. Fred teve que segurá-lo para que ele não voasse no pescoço dela.
Desde então eu me tranquei no meu quarto, esquecendo que o mundo lá fora ao menos existia. Eu sabia que o que eu tinha feito não tinha sido certo, Deus sabe o quanto eu me culpei por conta do acidente com minha mãe, não tinha um dia que eu não pensasse nela e em como seria nossas vidas se eu não tivesse ido pra casa com ela. Minha vida a partir dali virou uma série de "E se...". E se eu tivesse obedecido ela? E se eu não tivesse bebido tanto? E se eu tivesse escutado ela? E se eu não fosse tão mimada? E se, e se...
Hoje eu tinha criado coragem e tinha decidido ao menos tentar conversar com Ian, eu sabia que ele tinha todo o direito de estar chateado comigo, porém eu também sabia que eu tinha o direito de me explicar. Eu tinha dado outra chance a ele quando estávamos em Londres, escutei tudo que ele tinha falado sobre Sansa e o acidente, era mais do que justo que ele me escutasse também. Marcus achava que não era uma boa ideia, que ele precisava de espaço e tempo pra absorver tudo, mas eu sabia que se eu fizesse isso teria uma boa chance de perdê-lo para sempre.
Passei pela sala vendo que Marcus não estava lá, ele provavelmente me impediria de fazer o que eu estava prestes a fazer. Abri a porta do meu apartamento, respirando fundo e batendo na porta do apartamento da frente.
- Ian, sou eu, Alana. – bati na porta não obtendo resposta – Ian, por favor, abre a porta! – bati na sua porta – Ian, me deixa explicar. Eu preciso que você me deixe explicar.
- Ele não está em casa - virei meu rosto para o lado - Ele está em Londres. – vi meu pai andando em minha direção – Eu encontrei com ele e quando perguntei de você, ele me ignorou. – ele parou ao meu lado – Alana, o que foi que aconteceu? Até uns dias atrás vocês estavam no maior clima de apaixonados.
- Ele descobriu tudo. – respondi, vendo minha voz falhar e logo depois as lágrimas caírem. Meu pai me puxou pra perto, me abraçando forte.
- Você contou pra ele?
- Não, ele descobriu sozinho. – me afastei dele.
- Como ele descobriu?
- Anastasia contou pra ele. – entrei em casa com meu pai logo atrás. Sentei no sofá, vendo-o fechar a porta e sentar-se ao meu lado – Ela ficou bêbada e contou tudo pra ele.
- Anastasia? Sua ex melhor amiga Anastasia?
- É, aparentemente ela trabalha para os Jones e se apaixonou por ele. – olhei para ele – Ele me odeia, pai.
- Alana, isso não é verdade.
- É sim, pai, e eu não tiro a razão dele disso. Eu sou uma pessoa horrível, eu tirei a pessoa que você mais amava no mundo porque eu era uma pirralha mimada.
- Alana, você sabe que isso não é verdade. Não foi você que estava dirigindo um carro bêbado e avançou o sinal, foi o outro motorista, lembra? Às vezes eu acho que você esquece que isso não foi sua culpa.
- Mas foi! – falei um pouco mais alto – Se eu não tivesse entrado naquele carro nada disso tinha acontecido, se eu não tivesse inventado de tirar um ano viajando nós não brigaríamos tanto e ela estaria com a gente agora. Isso tudo é culpa minha!
- Você não deveria se martirizar por coisas na qual você não tem controle.
- Mas eu tinha controle, pai.
- Alana, você não é Deus. – ele me puxou pra perto – Eu sei que você tem esse complexo de Mulher-Maravilha igual à sua mãe, mas você não controla tudo. Você não controla o tempo, as pessoas, às vezes, nem a você mesmo.
- Por que você nunca me odiou pelo o que eu fiz?
- Porque eu te amo, você é minha filha e eu sei que não foi sua culpa. Às vezes eu acho que você pensa que fez de propósito, que você entrou naquele carro já sabendo que aquele motorista bêbado ia entrar na contra mão e bater em vocês. Você não pode prever o futuro, e se fizesse, faria tudo diferente, não faria?
- Sim.
- Está vendo? Você precisa se lembrar que você não é um monstro, você é um ser humano e na minha opinião um com um bom coração.
- Eu não sou uma pessoa boa.
- O que torna uma pessoa boa não é a habilidade de fazer bondade ou a coisa certa, e sim quantas vezes ela tem de errar, se desculpar e fazer a coisa certa. – ele se levantou – Agora vamos, eu tenho um lugar pra te levar.
- Pai, eu não quero sair.
- Mas você vai, Alana. Eu nunca deveria ter deixado você sair daquela psiquiatra, eu não vou errar duas vezes.
- Por favor, pai.
- Você sabe que eu não te forçaria a nada, certo?! Mas dessa vez quem vai fazer diferente sou eu. Você precisa de ajuda, Alana, e você sabe disso.
- Tudo bem, eu vou.
- E eu consegui uma vaga com a sua antiga psiquiatra, Dra. Tessa.

Fui o caminho inteiro calada, meu pai não tentou puxar assunto porque ele sabia o quanto eu detestava ir à psiquiatra. Quando o juiz sentenciou que eu deveria passar a ver uma psiquiatra, eu faltei a primeira semana inteira com a desculpa que tinha perdido a hora, mas meu pai quando descobriu passou a vir em todas as sessões comigo e esperava até a hora de eu sair. É, eu não gostava nem um pouco de falar sobre o que tinha acontecido, talvez seja por isso que eu estava aqui, sentada no banco de passageiro, a caminho da mesma psiquiatra de cinco anos atrás.
Quando chegamos ao hospital, meu pai se assustou quando alguns dos funcionários me cumprimentaram, ele sabia que eu tinha continuado meu trabalho voluntário depois que minha sentença acabou, mas o que ele não sabia é que eu ainda estava trabalhando lá.
- Eu pensei que você tinha parado de ser voluntária aqui. – ele perguntou, me guiando pelo hospital.
- Eu não consegui. – respondi, entrando no elevador junto com ele – Eles não tinham ninguém pra ajudar e eu já estava aqui.
- Então você ainda trabalha aqui?
- Na verdade, eu não sei. Eles conseguiram uma pessoa pro cargo agora, uma com um diploma, nas últimas semanas eu só estava vindo pra ajudar a treiná-la, sabe? Pras crianças se acostumarem com ela.
- Mas e se eles pedirem, você vai ficar?
- Honestamente? Eu não sei, eu realmente não sei. – saímos do elevador pelo corredor no qual eu conhecia muito bem, mesmo depois de cinco anos não vindo aqui, o lugar ainda me dava calafrios. Maggie ainda era secretária e quando ela me viu, abriu o maior sorriso.
- Alana. – ela disse, se levantando e me abraçando. Maggie sempre foi muito carinhosa comigo, não sei ao certo porque, mas ela sempre tentava melhorar o meu humor.
- Oi, Maggie.
- Você continua linda. – ela se separou de mim – Jimmy.
- Oi, Maggie. – Maggie foi para de trás da sua mesa avisando a doutora que eu estava aqui – Ela está esperando por você.
- Obrigada, Maggie. – me virei para o meu pai – Você vai me esperar?
- Claro. Eu só preciso arrumar um lugar pra colocar meu notebook.
- Aqui o sinal é péssimo, mas na cafeteria é muito melhor.
- Você vai ficar bem sozinha?
- Claro. - ele beijou minha testa e desapareceu pelo corredor. Virei-me para Maggie, andando até a porta do consultório. Respirei fundo antes de abrir a mesma dando de cara com a Dra. Tessa em pé ao lado da sua mesa.
- Olá Alana, como vai?
- Doutora Tessa, vou bem, e a senhora? – respondi, fechando a porta atrás de mim. Tessa apontou para o sofá na frente da sua cadeira. O lugar não tinha mudado muito, talvez um quadro aqui ou um vaso ali, mas tudo continuava o mesmo.
- Eu estava esperando o dia que você ia voltar. – ela disse se sentando na poltrona a minha frente.
- Verdade? Sou tão previsível assim?
- Não, Alana, é que você nunca terminou seu tratamento.
- Mas eu cumpri o tempo que me foi estimado.
- Sim, cumpriu, mas não cumpriu o seu tratamento. O que você passou não foi nada fácil, lembra da primeira vez que você chegou aqui? Você nem ao menos falava direito e quando falava, você chorava. Demorou meses pra eu conseguir alguma coisa de você e quando eu consegui, a única coisa que você dizia era: a culpa foi toda minha.
- Mas a culpa foi minha.
- E por que você acha que a culpa foi sua?
- Porque eu que estava dirigindo o carro! Se eu não tivesse insistido pra passar um ano viajando, nós não brigaríamos tanto. Se eu não tivesse entrado naquele carro, eu não teria batido! Se eu não fosse tão mimada e não tivesse bebendo, minha mãe ainda estaria aqui.
- Mas não foi você que estava bêbada e entrou na contra mão batendo do lado em que sua mãe estava. – ela deu uma pausa – Faz mais de cinco anos que eu não te vejo, mas eu posso ver que você não fez nenhum progresso. Você continua dizendo a mesma coisa que dizia há cinco anos, sua vida continua sendo na base do "e se". Quando é que é que você vai começar a viver o agora? Quando é que você vai parar de viver no passado e focar pra melhorar o seu futuro?
- Você fala como se fosse fácil esquecer o que eu fiz.
- Eu nunca pedi pra você esquecer nada, até porque quanto mais você se esforça pra esquecer algo é quando mais pensa naquilo. O que eu sempre tentei trabalhar com você foi a única coisa que você ainda não conseguiu fazer: se perdoar. Você ainda não se perdoou, Alana, e como é que você espera seguir em frente se você não pode perdoar a si mesma? – a doutora Aurora não sabia, mas ela tinha acabado de colocar um pouco de sal numa ferida ainda aberta. Abaixei a cabeça, vendo minha visão ficar embaçada e logo senti o gosto salgado na minha boca.
- O que mudou na sua vida depois que eu te vi? Pelo o que eu me lembre, você tinha sido aceita na faculdade e estava prestes a cursar publicidade e propaganda. Tinha conhecido um garoto, vocês ainda estão juntos?
- Eu me formei, arrumei um emprego bom e fiquei por lá durante um ano inteiro. E o garoto, não estamos mais juntos.
- Por que eu tenho a sensação de que você já não está mais por lá?
- Porque eu briguei com um dos meus colegas e meu pai me ofereceu um emprego melhor.
- Então você se mudou pra Londres com ele?
- Não, eu apenas o aconselhava em algumas campanhas. Ele achou melhor eu sair de lá, pra evitar conflitos.
- Então você acha que tomou a decisão certa ao sair do seu emprego e não encarar os seus problemas?
- Acho que sim, meu pai acha que sim.
- Eu não estou perguntando o que o seu pai acha, Alana, estou perguntando o que você acha.
- Eu não sei, ok?! Eu realmente não sei, eu só achei que seria mais fácil pra evitar conflitos.
- Então toda vez que você ficar de frente com algum conflito, você vai simplesmente ignorá-lo? Não vai nem ao menos tentar fazer as coisas melhorarem, vai simplesmente fazer o mais fácil e desistir? – fiquei calada, limpando as lágrimas – Veja bem, Alana, desde o acidente da sua mãe, você colocou na sua cabeça que você não é capaz de se virar sozinha quando, na verdade, você é mais capaz do que você imagina. Você se apoia nos outros e escuta o que eles tem pra dizer, mas não leva em consideração a sua opinião no assunto. Você deixa os outros tomarem as decisões da sua vida, quando você é quem deveria estar fazendo isso. Você não pode fugir dos seus problemas porque uma hora ou outra eles voltam pra te assombrar, já está mais do que na hora de você tomar as rédeas da sua vida.
- Meu pai me obrigou a vir aqui.
- Eu sei que sim, mas depois dessa sessão a escolha deve ser sua se você vai voltar ou não.
- E se eu não quiser vir?
- A decisão será sua.
- Mas e se meu pai me obrigar?
- Ele não fará isso, eu posso falar com ele dizendo que ele deveria deixar você começar a decidir as coisas por conta própria.
- Mas e se eu admitir que eu tenho um problema e começar a vir pras suas sessões, você vai poder me curar?
- Eu posso ajudar o quanto você quiser, mas a iniciativa de melhorar de vida tem que partir de você. Você tem que ter em mente que você é o seu problema, mas você também é a sua solução. Entretanto, tenha em mente que eu não estou pedindo pra você mudar completamente de vida da noite pro dia, é uma batalha diária que você vai ter que travar.
- Você acha que eu posso melhorar de vida? Seja sincera, doutora.
- Sinceramente? Eu acredito que todo mundo pode mudar de vida, o que você precisa é só querer. A vida é uma eterna batalha, de altos e baixos, num dia você ganha, no outro você perde, e o mais importante é que você tenha em mente em não desistir. Eu sei que pode parecer o fim do mundo às vezes, Deus, e como eu sei, mas daqui um tempo você vai olhar pra trás e perceber que fez o certo em não desistir.
- Você sempre deu ótimos conselhos.
- Obrigada. – ela respirou fundo – Então, o que você decidiu, vai continuar vindo pra minhas sessões?
- Acho que está mais do que na hora de eu admitir que eu tenho um problema. – olhei para ela – Eu sempre soube que eu nunca superei o que eu fiz, mas eu não percebi o quando isso podia interferir no meu futuro, na minha chance de estar feliz.
- Você está falando do seu relacionamento com aquele garoto?
- Oh não, James e eu não estamos mais juntos faz um tempo, e pra falar a verdade eu não sei como ficamos juntos por tanto tempo.
- Por que diz isso?
- Sabe quando você acha que merece o que está vivendo mesmo sendo um dos piores tempos que você está passando? – ela assentiu para que eu continuasse – Bom, James foi isso. Eu sabia que ele não era lá um dos caras mais fiéis e eu arrumava desculpas pelo jeito que ele me tratava porque eu achava que merecia aquilo.
- E por que você achava isso?
- Porque eu sempre achei que nunca merecia alguém que me amava, mesmo porque alguém como eu – que tinha tirado a vida da própria mãe – não merecia amor. Eu merecia sofrer porque eu tinha feito os outros sofrerem e depois que eu e James terminamos eu prometi que não ia mais me apaixonar, alguém como eu não merecia nem ao menos estar em um relacionamento. Boba era eu que achava que podia controlar meu coração.
- Então você se apaixonou outra vez?
- Como eu nunca pensei que aconteceria. – respirei fundo – Mas as coisas não deram certo, ele descobriu tudo e foi embora. Eu não o culpo por ter feito isso, se você soubesse o que eu o fiz passar, doutora, me abandonaria também.
- Que tal você guardar essa história pra próxima sessão? Acho que você precisa passar um tempo pra absorver o que me disse hoje. É como eu disse: uma batalha diária, um passo de cada vez. Que tal dessa vez você começar a encarar os seus problemas de frente, hein?! Tentar ao menos conversar pra resolver a situação.
- Acho que eu posso trabalhar com isso. – me levantei da cadeira – Eu tinha até me esquecido.
- Esquecido?
- É, de como era bom ter alguém pra conversar, você sempre deu ótimos conselhos.
- Obrigada. Se você quiser, esse horário está vago. É só falar com Maggie que ela pode marcar pra você.
- Obrigada, doutora. – andei até a porta – Te vejo amanhã. – fechei a porta e fui em direção à secretária, marcando mais algumas consultas. Eu sabia que a Dra. Tessa poderia me ajudar, depois do acidente ela tinha me ajudado bastante, porém quando a minha sentença acabou eu achava que estava curada. Ou pelo menos era isso que eu continuava me dizendo pra poder passar pelo o dia. Estava na hora de eu admitir que eu precisava tomar as rédeas da minha vida, fazer coisas que me ajudassem a melhorar o que em mim ainda era um problema. Não mudar de vida pra noite pro dia, mas como ela disse: uma batalha diária que eu tinha que travar todos os dias.
- Alana? – saí do elevador indo em direção a cafeteria quando uma voz me tirou dos meus pensamentos. Virei para trás vendo Rose indo do outro lado do corredor, em direção à ala de pediatria.
- Rose?
- O que é que você está fazendo aqui? Veio visitar as crianças?
- Na verdade, não. Vim ver a Dra. Tessa.
- Está tudo bem? Você está bem?
- Não, mas espero que eu vá ficar.
- Quer ficar um pouco com as crianças? Você sempre fica melhor depois que fica com elas.
- Acho melhor não.
- Por que não?
- Você me conhece há mais de cinco anos, certo, Rose?! Então você já deve ter percebido que eu sempre resolvo o problema dos outros, mas nunca os meus.
- Você usava as crianças como uma forma de esquecer do que você passou. – ela falou cruzando os braços.
- Então você percebeu.
- Não foi muito difícil, Alana. Quando você percebeu que não pensava tanto na sua mãe enquanto estava na ala de pediatria, cuidando daquelas crianças, você se jogou com tudo. Você ficava aqui dia e noite fugindo dos seus problemas em vez de encará-los.
- Não é a primeira vez que eu escuto isso hoje.
- A questão é o que você vai fazer sobre isso: vai continuar fugindo ou vai encarar seus problemas?
- Eu estou com medo, Rose. Muito medo mesmo. – olhei pra ela, me encostando na parede atrás de mim.
- E quem não está, minha querida?! Todo mundo tem medo de alguma coisa, medo de perder alguém, medo de não ter tomado a decisão certa, medo disso, medo daquilo. Sentir medo também faz parte da vida, a vida não é só felicidade, tem vários obstáculos e não importa quantas vezes você caia, quebre a cara, chore, o importante é que você não pare de lutar. E você, Alana, é uma baita de uma lutadora.
- Obrigada, Rose.
- De nada.
- Tem certeza que não quer ficar um pouco com as crianças?
- Acho que já está na hora deles se acostumarem com a nova voluntária.
- Então quer dizer que você não vai voltar?
- Está mais do que na hora de eu colocar a cara a tapa e aprender a lutar contra meus medos. Não vão ser fácil, mas eu tenho esperança que eu vou conseguir.
- Estou orgulhosa de você. – ela me deu um beijo no topo da minha cabeça.
- Eu preciso ir, meu pai está me esperando. Obrigada, Rose.
- Sempre que precisar. – andei em direção à cafeteria encontrando meu pai, sentado, concentrado na tela do computador. Ele viu e fechou o notebook, colocando dentro da bolsa.
- E aí, como foi? – meu pai perguntou se levantando.
- Foi bom.
- E você vai voltar? Porque se você não voltar, eu juro que te trago arrastada.
- Não vai ser preciso. – segurei-o pelas mãos – Pai, eu preciso te pedir um coisa.
- Qualquer coisa.
- Eu não quero mais te aconselhar nas suas campanhas publicitárias.
- O quê? Por quê?
- Você sabe porquê. Eu te "aconselhar" é só uma desculpa pra você colocar dinheiro na minha conta.
- Alana...
- Eu preciso aprender a me virar sozinha e com você me sustentado isso não vai acontecer.
- E o que você vai fazer? Vai usar o dinheiro que sua mãe te deixou?
- Não, eu vou arrumar o emprego. Depois que eu terminar o treinamento da nova voluntária, eu vou procurar um emprego pra me sustentar.
- Tem certeza?
- Tenho. Eu tenho que começar por algum lugar, eu posso estar um pouco enferrujada, mas eu sei que eu consigo. Um passo de cada vez.
- Tudo bem, eu não vou interferir na sua decisão.
- Obrigada. – eu o abracei – Agora vamos comer que chorar me deixa com fome. – me separei dele, segurando em seu braço – Você paga, hoje eu ainda sou filhinha do papai.
- Não tenho o que reclamar disso.   



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