Capítulo 2

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Quando eu conheci o Noah, já estava me envolvendo com Zack. Mas não deixei de notar quando ele chegou atrasado em seu primeiro dia de aula e levou uma bela bronca. Desde aquele dia, ele nunca mais chegou atrasado.

Era um garoto mais reservado e não gostava de ser o centro das atenções. Apesar das meninas sempre quererem se aproximar e ele se envolver com algumas delas, não acho que ele faça o tipo "pegador". Com toda a certeza do mundo Noah é um romântico incurável, só não encontrou a garota certa para compartilhar o seu sentimento.

Comecei a falar com ele durante o intervalo entre uma aula e outra, pedindo um lápis emprestado sem necessidade. Eu só tomei coragem para engatar algum outro assunto em meio a espera de uma borracha ser devolvida. Nem notei quando já fazia dele o meu melhor amigo.

Eu gostava muito de Zack e o tinha como meu melhor amigo também, mas não restava dúvidas de que Noah sabia mais sobre mim do que meu próprio ex namorado. Eu me sentia mais à vontade com Noah, eu podia ser mais eu mesma com ele.

A tensão sexual não existiu entre nós e, se existiu, eu nunca notei. Estava preocupada demais namorando um idiota que não me merecia. Nossa amizade sempre foi muito sincera, do tipo que eu sempre pude contar à ele tudo o que aconteceu e acontece na minha vida, sem medo dele me julgar. Poderia dizer que ele era a Marceline de cueca.

Ele sempre dormia na minha casa, mais até do que a própria Bianca. Eu confiava em Noah e sabia que ele nunca me desrespeitaria. Mas sempre que dormia na minha casa, era uma nova briga com Zack com alegações de que ele não tinha atenção, que eu passava tempo demais com o meu amigo e se dormíamos na mesma cama.

Tudo bem, talvez ele tivesse um pouco de razão, mas ele tinha que confiar em mim e na minha fidelidade. A resposta era sempre a mesma: ele confiava em mim, mas não em Noah. Como se meu amigo tivesse dado muitos motivos para desconfiança.

Por isso deixei de dizer à Zack que Noah dormiria na minha casa e passei a contar mentiras. Não sei se nosso relacionamento já desandava antes disso, mas posso afirmar que depois disso só afundou mais.

Pensando bem, talvez a culpa fosse minha, talvez eu tivesse acabado com esse relacionamento. A desconfiança dele o fez me trair, pagar na mesma moeda algo que nem havia acontecido.

Minha mãe não se incomodava, pelo contrário ela ama o Noah. Desde que o apresentei à ela, vi seus olhos brilharem ao garoto que estava em sua frente. Por isso sofria de constantes comentários constrangedores na frente do meu melhor amigo com perguntas sobre uma possível traição com Noah. Minha mãe não era a pessoa mais discreta e seus comentários me deixavam encabulada no começo.

Quando a campainha toca, checo para ver se está tudo no seu devido lugar e corro ao encontro de Noah. Chego à soleira da porta enquanto ele já entra com sua típica pose de menino tímido, segurando a alça da mochila tão conhecida por mim. Era a mochila-para-dormir-na-Blue.

Eu sabia que estava tímido pela presença de Marceline que, por mais que essa já o tratasse como um filho, ele insistia em não se soltar na frente dela. Nem dela e nem de qualquer outro adulto. Me perguntava o porquê.

Com os braços enroscados em seu pescoço e sentindo o aperto firme em minha cintura, eu me senti em casa. Era bom ter alguém em quem me apoiar, alguém para confiar e saber que poderia me ajudar quando eu precisasse. Me afastei dele e vi o olhar maternal de Marceline em nós dois.

- Obrigada por recebê-lo. - Sorri para ela que me deu um aceno positivo.

- Se precisarem, estarei na cozinha. - E se retirou.

- Acho que precisamos conversar, mocinha. - Ele disse, beijando a ponta do meu nariz.

Fiz uma careta e resmunguei, tocando sua mão e o puxando para o meu quarto.

BlueWhere stories live. Discover now