Capítulo 27

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Comentários de colegas da minha escola, de amigos de Nicholas que eu não conhecia, mulheres dizendo coisas horríveis para Nicholas, dizendo coisas sobre mim, homens sendo abusivos e a minha vida se transformando em um inferno.

Eu precisava fazer algo, mas o que eu poderia fazer? Como a covarde que eu era, passei a fazer as malas, colocando tudo de qualquer jeito dentro da minha mala de viagem. Não demoraria nada para que o vídeo chegasse à quem não devia e eu não queria estar aqui quando a bomba estourasse.

O meu celular passou a tocar e eu congelei no lugar. Quem poderia ser? Quem quer que fosse com certeza não tinha boas notícias. De repente parou e eu soltei o ar preso nos pulmões para só então segurar novamente quando o ouvi tocar insistentemente mais uma vez.

Aproximei-me da mesa de cabeceira e tomei o celular em mãos a tempo de ver a expressão séria de Nicholas ali na tela. Respirei fundo e atendi pouco antes de cair na caixa postal mais uma vez.

- Alô? - Minha voz vacilou.

- Blue... Você já viu? - Questionou e eu sabia exatamente sobre o que ele dizia.

- Já. - Engoli em seco.

- Fique calma. - Eu não percebi porquê ele havia dito aquilo até eu começar a soluçar. Eu estava chorando copiosamente. Como ele havia percebido através da ligação se nem eu mesma havia? - Faça as malas, eu vou te buscar. - E desligou.

Deixei o celular de lado e me sentei na minha cama, que um dia foi cenário de um romance tórrido e impossível, agora do meu pior pesadelo. O choro não cessou e a porta se abriu de supetão. Levantei o olhar apenas para encontrar quem eu não queria ver naquele momento: minha mãe com Marceline de olhos arregalados atrás dela.

- Então a vagabunda está chorando? - Minha mãe se aproximou de mim e desferiu um tapa no meu rosto seguidos de outros por meu corpo enquanto continuava a falar. - Eu cuidei de você, abdiquei da minha vida porque prometi no leito de morte dos nossos pais que cuidaria de você. E olha só se você não foi uma perfeita vaca e me apunhalou pelas costas depois de tudo!

O que ela estava falando? Eu só conseguia gritar para que ela parasse. Pais? Não conseguia entender nada.

Marceline tirou-a de cima de mim e ficou segurando enquanto eu podia contemplá-la da minha cama. Olhos vermelhos e cheios de raiva, as mãos fechadas de quem queria continuar a me bater. Eu não a julgava, ela tinha todo o direito de fazer isso comigo.

- Eu vou embora, Aimée. - Disse quase em um sussurro. - Espero que um dia você possa me perdoar e ouvir tudo o que eu tenho pra te dizer.

- Dizer o que, garota? Você não presta! Não pode ver a felicidade dos outros, sua ridícula! Nunca mais quero te ver na minha frente! - Um cuspe foi dado e alcançou a minha perna.

Levantei-me sem dizer uma palavra enquanto ela me ofendia e Marceline tentava acalmá-la, tirando-a dali.

Fechei minha mala e peguei meu celular vendo uma mensagem de Nicholas dizendo que havia chego. Guardei o celular e segui para a porta, vendo Marceline entrar com minha mãe. Parei ali em frente, vendo Aimée me encarar com ódio.

- O que quis dizer com pais? - Questionei.

- Você é minha irmã, sua idiota. - Ela tinha um sorriso irônico nos lábios. - Meus pais não são seus avós, são nossos pais.

Fiquei paralisada encarando aquela mulher que por tanto tempo chamei de mãe. Como eu poderia ter me enganado por tanto tempo? Com um suspiro seguido de um soluço pelo choro recente, eu saí dali rumando para o incerto.

Parei na porta a tempo de ver um carro que era o de Nicholas, um o qual eu conhecia e ali dentro era ele. Estava me esperando um tanto apreensivo. Quando seu olhar encontrou o meu pareceu que todo aquele problema não era nada se tivéssemos um ao outro.

BlueWhere stories live. Discover now