Capítulo 10

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Mesmo que não tivesse necessidade de estar em seus braços, não reclamei. Poderia muito bem ir mancando até a enfermaria, ele apoiaria o braço na minha cintura e estaríamos lá sem demora. OK, talvez fosse demorar muito mais. 

Cada lugar tocado ainda formigava quando ele me colocou na maca para o enfermeiro me examinar. Acho que eles diziam algo, mas eu não conseguia me concentrar em nada que não fossem os olhos verdes do senhor Hayes.

Alguns homens nasciam para serem chamados assim e aquele era um deles. Era só olhar para o seu rosto com a barba por fazer que o deixava charmoso e não desleixado. Cada parte daquele corpo clamava para que você o desejasse em sua cama. 

Balancei a cabeça, não poderia pensar assim do pai do meu melhor amigo. Será que era por isso que ele escondera o pai esse tempo todo? Por que todas se sentiam atraídas? Não era uma possibilidade a ser descartada.

- Blue? - Sua voz me chamou e eu atendi, olhando-o. - Está tudo bem? Ouviu o que o enfermeiro disse?

Ele tinha os olhos em mim, as sobrancelhas arqueadas esperando uma resposta. Me senti uma criança indefesa ou só uma adolescente idiota, mas com certeza passaria uma primeira impressão ruim para ele. Não que eu esperasse alguma chance, mas...

- Senhor, ela bateu a cabeça? - Ouvi o enfermeiro perguntar.

- Eu estou bem. - Olhei para o meu pé que estava bem enfaixado. - Logo vou estar boa.

Passei as pernas para o lado e desci da maca. O choque do meu pé no chão me fez gemer alto pela dor e eu me apoiei a maca. Respirei fundo, procurando fazer a dor passar pela expiração, mas sabia que não era possível.

- Venha, menina. Te deixarei em casa. - Nicholas disse.

Sem demora, eu tinha meu braço envolto no seus ombros. Eu estava me sentindo, definitivamente, um bebê. Novamente no colo dele, eu senti seus dedos apertarem a minha coxa e seu olhar indo diretamente para as minhas coxas vez ou outra. Tomando coragem para falar sem parecer idiota, eu quebrei o silêncio:

- Senhor Hayes, eu peço para um táxi me buscar...

- Pode me chamar de Nick. - Pediu, me cortando de imediato. - Pegaremos suas coisas e eu te deixarei em casa em segurança, OK?

De algum modo, aquele jeito autoritário dele me excitava e eu assenti, obediente. Pegamos nossos pertences e então estávamos em seu carro, rumo à minha casa.

- Eu sinto muito por isso. - Apontou para o meu pé. - Se precisar de qualquer coisa, por favor, me ligue. - Ele estendeu um cartão negro com seu nome, logo do hotel e telefones abaixo. 

Nicholas Hayes. Era um nome forte, autoritário e sedutor. Ah meu Deus, onde é que eu tava com a cabeça? Parecia até que tinha um órgão sexual masculino entre as pernas.

- Obrigada senh... Nick. - Mordi o lábio inferior e vi um sorriso brotar em seus lábios pelo meu pequeno deslize.

- Tudo bem, pequena Blue. - Ele continuou sorrindo, mas pude ver suas mãos apertando o volante. Franzi o cenho imaginando o que ele estaria pensando naquele momento.

Peguei as fotos que tirei e sorri para cada uma das paisagens. Eram lugares bonitos, momentos que não ficariam muito tempo grudados na minha mente. A não ser por um deles, um que havia tirado mais cedo antes da partida de tênis. Sorri comigo mesma, mordendo o lábio para me conter e não deixar que ele visse.

- Você gosta de tirar fotos? - Perguntou, chamando a minha atenção em mais uma tentativa de começar uma conversa.

- Oh, sim, eu amo paisagens. - Olhei para ele que, apesar de prestar a atenção no trânsito, vez ou outra me lançava um olhar de todo o tipo: curioso, atencioso, relaxado. Era lindo ver como seus olhos brilhavam e faiscavam na minha direção, quase como se produzisse choques elétricos no meu corpo.

BlueWhere stories live. Discover now