Capítulo 11

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Depois que o senhor Hayes me deixou em casa, Marceline me encheu de perguntas desconfortáveis e eu inventei uma dor de cabeça para que ela me deixasse descansar, assim poderia formular uma boa desculpa.

Era ruim ter que esconder sentimentos de Marceline, porque eu nunca o fizera antes. Marceline era a minha melhor amiga e me conhecia como ninguém, se eu não pensasse em respostas convincentes para dar à ela mais tarde, com certeza despejaria tudo em cima dela em um piscar de olhos.

Deitei-me na cama e me abracei em algum bicho de pelúcia que havia ali. Primeiro eu tinha que pensar sobre o que havia acontecido, digerir e ter a certeza de que não era apenas um sonho como estava parecendo ser.

Num minuto eu estava nos braços dele, no outro eu estava nos braços dele novamente, no seguinte ele apertava minha coxa... Aquilo deveria significar algo? Talvez fosse só um reflexo do corpo ou talvez eu só estivesse caindo. Mas por que me levar nos braços? Não conseguia engolir a desculpa de "outro modo demoraria mais". Ele não poderia solicitar um carrinho de golfe ou algo do tipo?

A minha cabeça doía de verdade agora.

O carro dele cheirava a Nicholas e isso não era ruim. De longe era o perfume mais viciante e extasiante que eu já sentira - tudo bem, talvez eu estivesse me forçando a pensar isso, então talvez devesse começar a pensar que nem era tão bom assim. O jeito como ele puxava assunto, não deixando de tentar me conhecer, significava algo?

A minha cabeça latejava.

E por que a mudança repentina de humor quando chegou na minha casa? O que tinha de tão diferente ali para ter aquela expressão voltada ao meu lar? Eu tentava pensar, mas não chegava à nenhuma conclusão. Não havia nenhuma explicação.

A minha cabeça ia explodir e eu não estava nem perto de terminar de digerir tudo.

Conferi as horas e fechei os olhos para tentar dormir um pouco antes de Marceline vir me chamar para o jantar. Eu teria tempo para explicar à ela o que quer que fosse depois que os analgésicos tivessem efeito no meu organismo.

Sem demora, eu caí em um sono leve e, de tão leve que estava, acordei com o simples mexer da maçaneta. A luz do corredor adentrou no quarto e eu pude ver a silhueta de Marceline. A mulher se aproximou de mim, acariciou meus cabelos claros e eu sorri, sentindo a dor no tornozelo suavizando aos poucos enquanto o mexia.

- Se sente melhor?

Apenas assenti, me espreguiçando e sentando na cama. Eu havia me sentido melhor depois do cuidado que só ela me fazia, por isso me levantei, caminhando até meu banheiro e lavando o rosto para finalmente acordar.

- Tenho que te agradecer, Marceline. Você é a melhor. - Disse, voltando ao quarto e encontrando-a na mesma posição. - Sem você, não encostaria o pé no chão ainda hoje. - Beijei seu rosto e vi seu meio sorriso.

- Sente-se aqui. - Pediu, batendo ao seu lado na cama e eu o fiz, sem questionar. Pegou minhas mãos entre as suas e, sem me olhar, continuou: - Estamos distantes... Por que sinto que esconde algo, menina?

Quando me olhou, vi seus olhos nublados e meu coração se apertou. Era isso o que acontecia, ela me desvendava como ninguém. Umedeci os lábios e desviei o olhar para meus próprios pés.

- Marceline, o que quer saber? Pergunte! Eu só não tenho muito a dizer depois do fim do meu relacionamento com Zachary. - Fiz uma careta e dei de ombros.

- Querida, pode ser algo da minha cabeça, mas eu me sinto tão por fora da sua vida. - Agora ela me abraçava e seu colo me confortava.

- Não se sinta assim, por favor. Eu a amo e não há nada para saber, OK? - Me afastei para olhá-la. - Consegue confiar em mim?

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