Capítulo 6

978 82 91
                                    

Nicholas

Joguei todos os documentos que havia em cima da mesa de escritório da minha casa, o rugido alto se misturando ao barulho de todos os objetos se chocando com o chão. Me sentei na cadeira, passando as mãos dos cabelos, irritado demais por pensar no que não deveria.

Quem aquela garota pensava que era para invadir meus pensamentos desse jeito? Ela não tinha esse direito. Era uma criança enxerida que penetrou em meus pensamentos de um modo que chegava a me irritar. Por que era tão parecida com ela?

Me levanto de ímpeto, pegando a fotografia da minha mulher sorridente como sempre fora. Era uma mulher doce, educada e linda. Muito linda. Toquei a foto como pudesse tocar a sua pele, como se pudesse sentir a textura de seus cabelos lisos e loiros, como se pudesse sentir o cheiro do seu perfume. Mas ela não estava ali, nunca mais estaria.

Depois desses anos todos, quem ocupava minha cabeça era uma garota da idade de meu filho. Isso não estava certo. Eu era um pedófilo. Um homem formado desejando uma garota que mal saíra das fraldas! Eu tinha nojo de mim! Não merecia continuar vivendo, não merecia respirar o mesmo ar que pessoas de respeito.

Eu era um pedófilo por desejar aquela garota de corpo e... De alma. Não, eu não poderia fazê-la minha, eu jamais poderia deixar que cometesse um erro daqueles. Eu deveria ser preso como qualquer pedófilo já fora. Dei um soco na mesa, rugindo mais uma vez e sentindo as lágrimas escorrendo por minhas bochechas.

Meu filho não merecia o pai nojento que tinha. Não merecia o pai desejar a melhor amiga do filho.

Um barulho da porta se fechando se fez ouvir no andar debaixo e eu respirei fundo, tentando trazer a calma para o meu corpo. Eu só tinha que parar de pensar nela, tinha que me focar em uma mulher formada, em qualquer uma mesmo. Sem demora, disquei o número de uma das sócias do clube que havia me passado seu número não muito tempo atrás. Se fosse para esquecer o pedófilo nojento que eu era, seria na cama com uma mulher.

Não demorou para que ela me atendesse, a voz cheia de provocação ao notar quem era. Umedeci os lábios e engoli em seco, fechando os olhos. Eu tinha que fazer isso, pelo bem da minha sanidade e da minha liberdade. Eu nunca poderia ter aquela garota e, se fosse para seguir em frente em paz, que fosse conhecendo uma nova pessoa para isso.

- Você está livre para jantar hoje? - Questionei, tentando me animar para àquela noite.

A noite em que eu esqueceria que conhecera Blue.


Noah

Entrei aos beijos com Bianca em minha casa.

Fazia algum tempo que nós havíamos descoberto essa atração sexual que tínhamos um pelo outro, mas até que funcionava já que não envolvia sentimento. Fazer sexo com Bianca não era algo frequente. Ela tinha seus contatos e eu vivia sofrendo por Blue. Então, quando ambos estavam dispostos, nós nos encontrávamos para consumar o ato.

Parei de beijá-la apenas para ver as coisas do meu pai jogadas no chão da sala de estar.

- Droga, meu pai está em casa. - Sussurrei com urgência.

- É lógico que seu pai está em casa, idiota. É sábado! - Ela revirou os olhos e voltou a beijá-lo com ferocidade, mas ele a afastou.

- Faça silêncio. - Pedi e segurei a mão da ruiva, puxando-a pelas escadas até meu quarto.

Um burburinho de uma só voz vinha de dentro do escritório do meu pai e eu notei que ele estava mesmo ali. Essa atitude não era a mais comum do meu pai, mas não me importei. Ele devia ter seus motivos para estar em casa naquele dia. 

BlueWhere stories live. Discover now