Capítulo 19

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Nicholas

Pai, eu amo a Blue.

Eu amo a Blue.

Eu.

Amo.

A.

Blue.

Já era difícil o bastante digerir aquelas cinco palavras dentro daquela frase que fez o meu mundo desmoronar, ficava pior quando elas se repetiam continuamente na minha cabeça.

Fiquei grato por Noah ter desaparecido da minha frente depois de ter dito aquilo. Eu simplesmente não sabia como reagir, fiquei apenas um bom tempo encarando o vazio até que uma solução para tudo aquilo viesse à minha mente magicamente.

Mas não veio.

Eu tinha dormido com o amor do meu filho e pior: tinha me apaixonado perdidamente por ela. Tinha sonho de lhe mostrar ao mundo, de amar ela como amei Angelique, mas não podia magoar meu filho. Não depois da promessa que havia feito no leito de morte da minha mulher.


Flashback

- Promete pra mim. - Angelique pediu, tocando minha mão. A sua estava muito gelada e eu sabia que ela partia. - Prometa que vai cuidar dele, que vai protegê-lo de todo o mal e que vai mostrar que o amor existe.

- Eu prometo. - Beijei sua testa, apertando sua mão fortemente para que minha voz embargada não passasse daquilo ou eu ia desabar em lágrimas. Não era assim que eu queria me despedir da minha mulher. - Prometo que ele nunca vai duvidar do amor por nem um segundo. Prometo que ele vai acreditar no amor, mesmo com todas as suas complexidades.

- Eu te amo, Nick.

- Eu te amo, Angel. - Colei nossas testas e fechei os olhos com força.

Fim do Flashback


E era eu quem ia destruir o conceito de amor para o meu filho, era eu quem ia magoá-lo. Se não o magoasse, magoaria Blue. Minha menina Blue, à quem prometi o mundo. Talvez fosse esse o meu problema, promessas demais me levaram ao fundo do posso.

Mas eu tinha que tomar uma decisão e sabia qual delas seria a certa naquele momento.



Blue

Nick já não me mandava mensagens e quando me respondia era seco, quase rude. Eu não sabia o que estava acontecendo, o que eu tinha feito de errado. Será que ele estava me usando? Será que era como todos os homens e havia mentido para mim todo esse tempo?

Eu andava triste, sempre amparada por meus amigos, mas parecia que nunca ficaria bem. Decidi então dar um gelo nele, parei de mandar mensagens, mas nunca sem deixar de ver nossas fotos. Algumas estávamos na cama e aquelas eram as minhas preferidas. Mordi o lábio inferior com os pensamentos, as lágrimas escorrendo contrastando com os sentimentos.

Marceline ainda não falava comigo e era ótimo que eu tivesse meus amigos sempre ao meu lado. Mesmo sem fazer perguntas, eles me ajudavam, forçando-me a ficar de pé. Como eu poderia depois de uma decepção como essa?

Queria confrontá-lo, mas parece que ele nunca estava no Clube e quando ia procurá-lo em sua sala, estava ocupado demais para atender a amiga do filho. Isso era o fim? Era assim que terminava? Ele me usava o quanto queria e depois me jogava fora? Era assim que funcionava?

- Meu pai está estranho. - Noah comentou na mesa do jantar em uma noite na minha casa.

Parei de comer - o que mal havia começado a fazer - e olhei para ele.

BlueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora