CAPÍTULO 3 - TRÊS MESES DEPOIS

2.3K 213 171
                                    

Seria mais um encontro pequeno do que uma festa, embora os convidados chamassem da segunda maneira. Mas o anfitrião deixara claro como as coisas andariam: sete pessoas, música boa, jogos de tabuleiro, besteiras para comer e muita bebida. Parecia uma ótima comemoração de vinte e um anos.

Tiara estava na casa de Kristina, pois as duas tinham combinado de se arrumarem juntas. Prontas, seguiram até a casa em frente.

No aparelho de som, uma música alta marcada por guitarras, violoncelo e um vocal intenso. Os meninos já estavam lá: Alan e Duke, amigos de Briel desde o colégio, e um garoto que Alan apresentou como Oto, seu irmão mais novo.

— Mesmo ele tendo dezesseis anos — disse Alan —, a paranoica da nossa mãe não deixa mais ele ficar sozinho em casa, porque esses dias o vacilão queimou o micro-ondas e quase começou um incêndio.

— Eu só tava distraído — disse o garoto.

— Pelo menos conheceu seu ídolo, nosso aniversariante ali — implicou o irmão mais velho.

— Ídolo é coisa de menininha! Eu só sou o melhor aluno do colégio em física e fiquei curioso pelo projeto do Briel.

— E cadê o Briel? — perguntou Kristina.

— Na cozinha.

Lá, as garotas encontraram o aniversariante sorridente, ao lado de uma mulher quase tão alta quanto ele, magra, cabelos negros e alisados com uma longa franja caindo sobre um dos olhos. Briel não costumava apreciar garotas com muitas joias espetadas no rosto, mas sempre contava que Lorena, com suas argolas no nariz, na boca e nas sobrancelhas, era uma exceção.

— Meninas — disse ele, depois de receber os cumprimentos e parabéns —, essa é a Lorena. Essa é a famosa Kris, e a Tiara, que faz faculdade com ela.

— Prazer — disse Lorena, dando dois beijos em cada uma.

— Fica à vontade, Tiara — disse Briel. — E Kris já é de casa.

Chamando da sala, Duke convidou:

— Peguem logo as cervejas e bora continuar o jogo. É Banco Imobiliário, meninas. Começou agorinha, nem deu tempo de comprar muita coisa.

Briel pegou um engradado na geladeira, colocou em um isopor e levou até a roda em volta do tabuleiro. Tiara, que decidiu tomar o lugar de Duke como banqueiro, distribuiu a si mesma e a Kristina o dinheiro inicial mais dois pró-labores de duzentos mil reais, para compensar as rodadas disputadas antes de elas chegarem. Pouco tempo depois, Tiara tinha três propriedades, incluindo uma Companhia, carta valiosa. Briel tinha duas Companhias, e o pino de Tiara parou em uma delas.

— Opa! — disse Briel. — Pode ir pagando. Trezentos mil!

— Vai ter volta, hein — disse a devedora. — Mas primeiro me passa mais uma cerveja.

— Meu Deus! — gritou Alan de súbito, atraindo os olhares. — Eu adoro essa música. E os meus olhos vão brilhar quando você voltar...

Todos riram.

— Eu também adoro — disse Lorena. — É ótima.

— Eu já toquei ela com minha banda — disse Tiara. — Eu toco guitarra e teclado.

— Eu já tentei aprender violão — disse Briel.

Kristina não tocava nenhum instrumento nem conhecia a música, por isso ficou em silêncio, apenas ouvindo o diálogo.

AO NOSSO HERÓI, UM TIRO NO PEITOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora