CAPÍTULO 20 - O DIA DA DECISÃO

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No carro, o nervosismo era geral. Todos já estavam uniformizados e armados como se fizessem parte do exército. Briel, assim como Esteban, residia nos ouvidos de cada um dos integrantes por meio dos intercomunicadores. Relatava o andamento de sua invasão ao Computador Administrador. Quando o grupo chegou aos arredores do prédio, ele já tinha o controle do sistema de segurança de toda aquela área. A hora aparecia no canto da visão de Kristina no capacete militar: 04:00h em ponto. Briel deu a indicação para iniciar e eles saíram do carro.

— Tem poucos guardas — disse a voz de Briel, soando como se ele falasse por um telefone — e em lugares mais ou menos fixos, com pouca movimentação, então nem rola se infiltrar entre eles. Se tiver uma movimentação diferente eles vão perceber. Bem como a gente imaginava. Então atravessem o gramado como quem não quer nada, e logo na entrada do pátio vocês vão ver dois guardas em cima do telhado do prédio. Eu vou colocar o programa nos capacetes deles e vocês podem derrubar.

Marko apontou para si mesmo e para Adriana, que anuiu com a cabeça.

Os cinco se aproximaram dos muros que davam acesso ao pátio. O pátio tinha uma iluminação moderada, tal qual o gramado. Os guardas no telhado estranharam a chegada do pequeno esquadrão. Um deles fez sinal de pare e mexeu em seu capacete na altura da alavanca para o microfone — o que era inútil, pois Briel tinha desativado os comunicadores dos soldados. O outro permanecia alerta, com uma mão no coldre da pistola. Antes que a situação se demorasse, Briel contou um, dois, três, e imediatamente os guardas caíram de joelhos, paralisados. Nesse instante, Marko e Adriana sacaram suas pistolas silenciadas e atiraram juntos, cada um em um guarda. Ao invés de um barulho comum de tiro, o som era como o clique de uma caneta que alguém aperta para sair a ponta. Os guardas tombaram, um meio em cima do outro, e Kristina ficou satisfeita por não terem caído do telhado. Briel liberou o portão para eles entrarem no pátio, sempre agachados e com Marko na liderança dando sinais para seguir ou aguardar.

Tudo era verde pela visão noturna: o piso de pedra do pátio, as luminárias nas paredes do prédio, o vidro das janelas, as pessoas que entravam ilegalmente no Palácio Presidencial. Era agoniante só poder enxergar daquele jeito tão incompleto. Além disso, o fuzil nas costas de Kristina pesava, tal qual todo o equipamento, e qualquer movimento no ambiente acelerava seu coração. Contudo, ela precisava se manter firme como os outros. Tinha uma grande responsabilidade, que, olhando para trás, nunca imaginaria ter. Porém, agora, era como se todo o caminho tivesse sido inevitável. Desse modo, mais do que nunca ela deveria conduzir aquilo até o fim, sendo este qual fosse.

O Palácio Presidencial era um edifício antigo, construído por Kailo na Segunda Idade do Império para sediar o governo da Província Central. Desde então fora conservado na medida do possível, por isso a estrutura remetia àquela época: o teto alto, as janelas arqueadas, os pilares redondos.

Entrando pela porta dos fundos, o grupo se deparou com um corredor pequeno. Havia, ao todo, seis portas: além daquela pela qual eles entraram, duas em cada parede lateral e uma à frente, no fim do corredor. Deveriam seguir pela porta à frente, mas Briel alertou:

— Tem três guardas na sala principal: dois no chão e um na sacada.

— E os caminhos laterais? — perguntou Adriana.

— Limpos.

— Porque eu tenho uma ideia — disse ela. — Um de nós vai por um lado, enquanto o resto vai pelo outro. Vamos sair pelas laterais opostas da escada. Os guardas vão ter ângulo pra ver a gente?

— Se vocês colarem na escada e eles não andarem muito, não — disse Briel.

— Você tá propondo uma distração? — disse Kristina.

AO NOSSO HERÓI, UM TIRO NO PEITOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora