CAPÍTULO 15 - NO ALBERGUE I

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Kristina quase não foi capaz de acordar, tamanho seu sono. Dormira por menos de três horas. O céu ainda estava escuro quando Elinor foi ao quarto de Adriana acordar as garotas.

— Comam alguma coisa e arrumem o que tiver pra arrumar — disse. — A gente vai às seis e meia.

A bagagem não foi muita. Cada um levava mochilas com o mínimo de coisas possível, as armas escondidas entre as roupas. Também havia sanduíches, biscoitos, sucos e água para provê-los durante o dia. Às seis, já estava tudo pronto. Adriana foi buscar a van da LanPaker que seu avô concedera a fim de camuflar a viagem. Esteban não iria. Os que iriam combinaram de se revezarem no volante ao longo do caminho. O tempo estimado até Briel era de dezessete horas, incluindo as paradas para abastecer.

Na faixa das duas da tarde, estavam na metade do caminho. Marko dirigia.

— A gente vai cruzar a fronteira — disse ele.

Alguns metros à frente havia um pedágio com uma faixada grande em que se lia FÍGADO – KAILAN, e uma bandeira do país ao lado das palavras.

— Olha aí a integridade nacional que o querido presidente tanto fala — disse Tone. — Um pedágio todo protegido separando os estados.

— Faz parte da nossa "República Federativa" — disse Adriana, fazendo sinal de aspas com os dedos.

Franke tirou de uma das mochilas uma camisa de botão, usada pelos motoristas da LanPaker. Entregou-a a Marko, que a vestiu.

Perto da cabine do pedágio havia dois soldados, um de cada lado da fileira de veículos. Usavam os capacetes e tinham fuzis à mão. Quando chegou a vez do grupo de passar, Marko baixou o vidro escuro e entregou o dinheiro ao homem da cabine. O homem colocou o dinheiro no caixa, olhou para a van de novo, verificou a tela de seu computador. Botou a cabeça para fora da cabine e chamou a soldada que estava daquele lado. Cochichou algo para ela. Ela cochichou algo de volta. Kristina nunca ficara em um pedágio por tantos segundos antes de a cancela se levantar. Viajar de carro para outro estado era sempre assim? Seu coração batia veloz.

A soldada foi até Marko, que a cumprimentou com uma continência. Elinor, no banco da frente, seguiu o cumprimento, mas logo prendeu o olhar na janela ao seu lado. A soldada levantou a viseira do capacete e perguntou:

— São quantas pessoas no veículo?

— Seis — respondeu Marko.

— Alguma carga?

— Não. Só umas bolsas de viagem.

— Posso pedir pra baixarem todos os vidros?

Marko virou para trás, buscando com certa agonia o olhar de Adriana.

— Abre aí, flor — pediu ela a Kristina, que ocupava o banco da janela ao seu lado. Tone, na fileira de bancos atrás, também baixou seu vidro, e Franke foi até a última fileira para fazer o mesmo.

Quando a soldada foi examinar a primeira fileira, Adriana chamou:

— Com licença. — E a saudou com uma continência. Kristina imitou o gesto, depois baixou a cabeça, sentindo o peso de estar literalmente no meio daquele diálogo. — Boa tarde, eu me chamo Adriana Lan Paker. Tem algum problema aqui?

A mulher fardada arregalou os olhos ao ouvir aquele nome.

— Senhorita. De maneira alguma. Eu só tava checando o veículo.

AO NOSSO HERÓI, UM TIRO NO PEITOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora