Parliament's

Chapter Teen

Você é tudo que eu não
Deveria precisar
Então você será meu pecado.

- Be my sin, Kathry Dean.

Eu me lembro da última discussão que tive com meus pais antes de decidir que já era hora de sair de casa. Na verdade, eu tinha essa ideia há muito tempo, mas ainda era cedo, eu tinha que terminar a escola, e, de algum jeito, eu ainda tinha esperança que meus pais mudassem.

Eu estava no meu quarto, tinha acabado de dizer a Lucy, a empregada, que não precisaria limpar meu quarto. Estava sentada na cama, procurando um emprego no computador, quando bateram na porta de novo.

— Lucy, já falei que realmente não precisa limpar... — Fui falando, mas me calei quando abri a porta e constatei que era minha mãe.

Voltei pra cama e ela me seguiu. Mamãe estava linda e arrumada, como sempre. Um vestido vermelho vivo, com um xale que provavelmente era mais caro que meu computador, joias nas orelhas e nas mãos, um salto preto e elegante.

— Já falei para deixar Lucy fazer seu trabalho. — Mamãe disse se sentando na cama, colocando as belas mechas loiras atrás da orelha. — Seu quarto está uma bagunça.

— Só a cama está desarrumada, porque estou usando ela, mãe.

— É, sei. — Ela disse mexendo em sua pulseira de ouro. — Vamos ter uma pequena festa hoje, para os investidores novos de seu pai.

Eu sabia muito bem o que pequena significava no vocabulário da minha mãe.
— Vocês deram uma festa durante toda a semana. — Falei colocando o notebook de lado.

— O que podemos fazer se seu pai e eu somos brilhantes em arranjar novos investidores? — Ela falou orgulhosa.

São ótimos, realmente, principalmente para viajar sempre atrás deles, me deixarem sozinha até em meu aniversário, e quando voltam, fazem tantas festas e ficam tanto em seus escritórios que é como se nem existissem.

— Seu pai e eu queríamos que participasse hoje. — Falou como um pedido, mas eu sei que mamãe nunca me pedia as coisas, eram sempre ordens.

— Não posso, combinei de ir passar o fim de semana na casa da Dayse. — Menti. Eu ainda não tinha falado nada com ela, mas faria isso assim que mamãe saísse do quarto.

— Pois então você vai ter que desmarcar. — Ela virou o rosto, com uma expressão de desprezo. — Já falei que aquela menina não é boa amiga pra você. Devia convidar suas amigas da escola para passeios, não ela.

— Caso não se lembre, querida mamãe, Dayse já estudou comigo, e ela é uma ótima amiga. Além de eu odiar todas aquelas meninas tão metidas da escola. — Elas me lembram você.

— Não sei onde errei com você. — Ela ajeitou o xale. — Não parece ser alguém dá nossa família.

Eu queria negar, mas doeu. Mamãe achava que dinheiro era tudo, papai não era diferente. Eles se esqueceram da essência da vida, vamos assim dizer, e tudo que eles procuravam era dinheiro e dinheiro e mais dinheiro. Eles nunca se saciavam, e nisso se esqueciam de mim, de todos os amigos que tinham. Se tornaram pessoas desprezíveis que nem se quer olham para alguém que não tenha um terço do que eles têm.

— Não me sinto como alguém dessa família também. — Falei, tentando soar tranquila.

Mamãe sorriu amargamente, já estávamos acostumadas a "discutir" assim.
— Seu pai arrumou um emprego pra você, já que você disse que iria arranjar um.