Chapter Eighteen

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Eu sei que você terá uma vida bonita
Eu sei que você brilhará
Em outro céu
Mas por quê?
Por quê?
Nao pode ser no meu?

Black, Pearl Jam.


Quando eu era mais nova e ainda morava na casa dos meus pais, eu amava ler. Não que eu tenha deixado de gostar disso agora, mas eu lia dezenas de livros em uma semana. Como meus pais passavam a maior parte do tempo fora, eu tinha a casa toda para mim, se não fôssemos contar a dezena de empregados.

Eu gostava de sentar na grama do jardim e ler, alternando meu olhar entre o livro e as estrelas, ou as nuvens, quando dia. Eu me perguntava se em algum dia eu me sentiria tão segura e amada nos braços de alguém, como as personagens dos meus romances preferidos se sentiam.

Ali, nos braços de Hayden, dançando, era quase como se eu pudesse voltar no passado, me agachar diante de mim mesma e dizer que sim, eu encontraria alguém que fizesse mais do que isso.
Mas que eu não podia ficar junto.

Não falamos muito enquanto a música tocava e a gente dançava lentamente. Estávamos completamente colados um no outro, como se não pudéssemos nos separar. Aproveitamos o momento de paz para relembrar de que sentíamos falta um do outro, embora tenhamos fingindo que estávamos completamente bem sozinhos durante dois meses. Ele e eu colocamos máscaras de orgulho e mostramos um para o outro que não ligávamos que estivéssemos separados, e agora ambos tiramos as máscaras que apenas escondiam o quanto aquilo era mentira, o quanto nós, de fato, precisávamos da companhia um do outro.

— Posso te pedir uma coisa? — Ele perguntou em um sussurro, algum tempo depois.

— Claro.

— Pode pintar isso pra mim? Nós dois aqui, abraçados, dançando.

Respirei fundo, mas sorri. Se eu pudesse, eu, com certeza, acabaria pintando uma exposição inteira se Hayden pedisse. Eu era uma completa idiota, mas não podia me controlar.

— Eu adoraria. — Fiz uma pausa. — Mas não posso, estou sem tinta, sem quadro, pincéis ou cavalete.

— O que aconteceu?

— Deixei perto da janela do quarto, Dayse esbarrou e derrubou tudo lá de cima. — Menti. Não era a melhor mentira que eu poderia oferecer, mas fora o que eu conseguir pensar.

— E o carro? Tem funcionado bem? — Perguntou calmo. Respirei fundo, passando os braços ao redor de seu pescoço e olhando para ele. Seus olhos estavam intensos, nossa proximidade era grande e todo meu corpo correspondia feliz à aquilo. Eu sentia falta.

— Por que você mesmo não testa? — Hayden me olhou por um segundo e abriu um sorriso de tirar o fôlego. Eu cairia se não estivesse pendurada à ele.

Ele pegou minha mão e corremos pelo apartamento, rindo. Hayden pegou duas de suas jaquetas jeans e saímos porta à fora, sem tirar o sorriso do rosto.

Quando o elevador abriu, já no térreo, Drew me olhou como se não me reconhecesse.
— Negócios sujos, eu sabia. — Foi tudo que ele disse. Apenas fiz um gesto como se fechasse a boca, silenciosamente pedindo que ele não contasse nada para Dayse.

Quando chegamos na calçada, joguei a chave para Hayden que lançou outro de seus sorrisos desconcertantes.
Entramos no carro ainda rindo, Kodan parecia familiarizado com o veículo, mesmo tendo o dirigido apenas uma vez.

— Onde vamos? — Perguntei quando ele ligou o carro e acelerou.

— Primeiro, ao supermercado, depois, surpresa. — Ele olhou para mim sorrindo e eu fiz o mesmo.

Parliament'sWhere stories live. Discover now