Chapter Thirteen

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Eu esperarei por você aqui, pois estou quebrado
Vou descendo nessa cidade, onde há as mentiras do meu coração
Longe e distante onde te deixaram mal
Levou-os à sua casa
Onde eu estou quebrado.

Broken, Jake Bugg.



Perseguição: Ato ou efeito de perseguir. De permanecer atrás do objetivo, pessoa, ou seja lá o que for.

Eu me sentia assim. Sentia que estava sendo perseguida por Hayden desde o primeiro momento, desde o maldito evento do campus, na maldita arquibancada.
Não me sentia perseguida como se ele estivesse sempre atrás de mim nos lugares, ou vigiando a porta da minha casa, mas eu sentia estar sendo perseguida em minha mente, em minha vida. Tudo se transformava nele, e era exatamente o que ele queria.

E, pelas palavras dele, com uma boa intenção...

Já eram quase meia noite. Eu estava vagando pelas ruas vazias da nossa iluminada São Francisco, em meu carro. Lucian havia me deixado em casa logo depois do meu encontro com Hayden, do qual ele não sabe, quando aleguei estar com dor de cabeça e cansada. As palavras de Kodan ficavam na minha cabeça a cada segundo que eu prestava atenção em meus pensamentos. Era sempre ele, principalmente agora.

Eu não podia negar, Hayden, de fato, estava certo. Era para seus braços que eu corria quando me sentia mal, quando não estava suportando meus pensamentos gritarem na minha cabeça, e ele sempre me acalmava.

Bom, costumava acalmar quando costumávamos dar certo.

E, ele tinha razão ao pensar que Lucian não fazia o mesmo.
Ninguém fazia.

Ninguém me tranquilizava e me fazia esquecer os problemas como ele, ninguém construía memórias em lugares para mim, para que eu pudesse sempre voltar até lá e me sentir melhor.
Apesar de que, agora, as memórias surtiam um efeito contrário.

Mas não importava, porque ele estava fazendo o que achava melhor para mim. O que, de fato, foi o melhor para mim por algum tempo.

Por que eu não conseguia odiá-lo? Por que eu não conseguia simplesmente culpá-lo? Dizer que tudo que ele havia dito era a mais pura mentira, que ele só queria me causar mais sofrimento? Por que eu sempre enxergava algo bom nele, se todos meus sentidos avisassem que ele era destruidor?

Parei o carro em frente a vitrine de uma loja de utensílios para casa. Era iluminada, e fiquei olhando para um produto em especial.
Um cavalete para pintura.

Eu costumava pintar, antes de Kodan. Durante nosso relacionamento eu pintava também, mas depois de nossa última briga eu acabei quebrando todas as minhas pinturas, junto com os pincéis e todo o resto.
Porque toda vez que eu começava pintar, estava fazendo seus olhos, seu sorriso, suas tatuagens. Eu não suportava mais aquilo.

Acho que aquilo sempre foi uma prova de que eu não havia o superado. Mas eu preferi ignorar e parar de pintar por um tempo...

Um tempo...

Eu já deveria saber que "um tempo" seria quando tudo isso já estivesse acabado e, como eu agradavelmente percebi hoje, não estava acabado. Estava quase completo ainda.

Liguei o carro, respirando fundo e segurando o volante com força, fazendo meus dedos ficarem brancos. Fechei os olhos, pensei em todos os momentos que conseguia me lembrar e relaxei, acelerando o carro.

Dirigi aproveitando para jogar às cartas na mesa — ou no painel do meu Camaro. Essa era nossa história: ele me encantou desde o primeiro momento, na arquibancada. Nós voltamos a nos ver nos corredores da faculdade e no Tiber's, quando ele pediu meu número. Ele me viu indo para faculdade e me convenceu a sair com ele. Amei o passeio. Saímos mais algumas vezes depois disso, até eu perceber que estava apaixonada. Ele se mudou para seu apartamento e decoramos juntos, assisti ele consertar seu carro várias vezes, ele também me convenceu a ir em algumas festas. Tivemos noites em sua varanda, bebendo e rindo, e tivemos noites jogando em meu quarto. Ele foi o meu primeiro. Assisti ele lutar por e para mim. Tivemos brigas, mas ignoramos todas elas. Sonhamos em ter um carro juntos, e agora eu o tenho. Nunca falamos sobre nossos pais um para o outro, não tenho ideia sobre os seus e ele não tem ideia sobre os meus. Ouvíamos música juntos e andávamos pelo campus quando ele ia até lá me ver. Fizemos alguns lugares serem nossos, nos isolávamos do mundo para estarmos juntos. Fizemos planos como qualquer casal. Fomos um casal que tinha tudo para ser como qualquer outro, então, por que não?

Parliament'sWhere stories live. Discover now