Chapter Twenty Eight

3.6K 392 149
                                    

Nota breve: recomendo que escute uma boa música, algo mais melancólico ou então... não sei, só recomendo algo. Aliás, essa que vai estar aqui embaixo no começo do cap é uma ótima ideia, se você gostar do estilo. Boa leitura.

•••







Se eu pudesse estar a mil milhas de distância, eu ainda gostaria de ficar?
(...)
Tudo o que ele queria era ser um homem
Mas ele sempre foi bonito demais para ser admitido sob mármores perdidos
Ele estava sempre a mil milhas de distância, enquanto ainda de pé em frente a seu rosto

Pretty Pimpin, Kurt Vile.




— Você me perdoaria? — Hayden perguntou, exalando a fumaça de seu cigarro, encarando a rua. Ele usava uma bela jaqueta de couro nova naquela noite. A brisa estava fria, quase gelada. O céu estava limpo. Era inverno. — Se eu te dissesse que não quero falar nada sobre a minha vida, mas quero saber tudo da sua?

— É meio injusto. — Falei, bebendo um gole da garrafa de cerveja. Estávamos sentados no gramado de sua casa. A rua estava totalmente vazia, o poste de iluminação mais próximo da casa estava com defeito, de modo que deixava a rua mais escura.

Hayden encostou-se no carro atrás de si e olhou para mim, também experimentando um gole da cerveja.
— Eu quero saber tudo sobre você, Sharpe. — Meu corpo inteiro se arrepiou com o modo como aquelas palavras saíram de seus lábios. Tudo bem, Hayden. Eu queria dizer. Eu quero que saiba tudo sobre mim. — Mas não posso te oferecer nada para contar sobre a minha vida. — Ele deu o último trago e jogou o resto do cigarro fora.

— Por quê? — Eu cruzei os braços. Não porque eu estava irritada, mas porque uma brisa fria soprou meus cabelos. Hayden olhou pra mim.

— Hoje é sexta. — Falou simplesmente. Olhei para ele sem entender. Estávamos saindo há apenas três semanas. Ainda era difícil decifrar o significado do que saía por debaixo de suas palavras.

— É. — Assenti uma vez. — Amanhã é sábado.

Ele sorriu. Eu poderia dizer que me aqueci apenas com aquele sorriso.
— Espere aqui um minuto. — Ele disse e então se levantou em um segundo e foi para dentro da casa. Eu sorri enquanto ele não podia ver.

Kodan voltou com uma sacola e um isqueiro na mão. Olhei para ele, parando com a garrafa de cerveja a caminho da boca. Ele soltou uma risada suave que atravessou meus ossos e alcançou meu coração.

— Faz algum tempo que preciso queimar esses papéis e você está com frio, não vejo uma hora melhor para fazer isso. — Eu sorri e ele sorriu de volta. Ele se sentou ao meu lado e colocou um montinho de papéis sobre a grama, a nossa frente.

Logo tínhamos uma pequena fogueira feita com papéis velhos. Hayden me ofereceu um montinho deles e sem uma palavra, apenas o sorriso, eu aceitei e comecei a ir colocando os papéis na "fogueira" de pouco em pouco. Soltei um riso nasalado, me sentindo aquecida, experimentando a cerveja.

Kodan olhou para mim uma vez; eu senti o olhar dele sobre mim. Não olhei de volta, no entanto. Minha pele queimava e não era pelo calor do fogo.

Por fim acabamos de colocar os papéis e observamos as chamas. Hayden passou um braço ao redor de mim e me puxou para si. Me acomodei em seu peito, sentindo seu cheiro, seu calor.

— Sobre o que eram esses papéis? — Perguntei.

— Cheques antigos. — Falou simplesmente, tomando um gole da cerveja.

Parliament'sWhere stories live. Discover now