Chapter Thirty

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Se eu pudesse fazer isso certo,
Eu faria agora mesmo
Eu sei que preciso partir
Mas isso machuca tanto
Apenas sabendo que meu amor
Pode nunca ser suficiente

Is my love enough?, White Lies





  HAYDEN KODAN

CINCO ANOS ATRÁS


Você ligou para ele? — Perguntei a Jack, lhe entregando o que havia trago na sacola do mercado. O moreno lutava para abrir a porta da geladeira velha e detonada. Estava tudo uma bagunça, mas nenhum de nós queria parar ali e arrumar isso. Só queríamos resolver todas nossas pendências logo e sair daquele apartamento cheio de poeira e infiltrações, além de vizinhos que pareciam muito interessados em deixar nossa vida o mais infernal possível.

— Ele não atendeu. — Respondeu meu melhor amigo, jogando meu celular de volta pra mim por cima do balcão de ardósia. Encarei o visor quebrado. — Talvez seja algum problema nessa porcaria. — Eu lhe mostrei um gesto vulgar. Era um celular antigo, com botões. Jack o odiava e chamava de tralha velha. Eu gostava. Fazia ligações, era o que eu precisava.

— Quando meu pai não atende ligações significa que está se metendo em problemas de novo. — Pensei em voz alta. Jack me analisou enquanto fechava a porta da geladeira. Ele começou a picar uns legumes sobre o balcão. Queria estar de bom humor para perguntar o que ele cozinharia hoje. Ele sempre fazia algo saboroso e embora fosse modesto demais para admitir, sua comida poderia estar vencendo programas de televisão.

— Podíamos nos mudar daqui logo. — Ele comentou. — Podemos morar mais perto dele, não precisamos seguir para Califórnia.

Morávamos perto da fronteira de Nevada e vivíamos como dois amigos que não tinham onde cair mortos. Jack gostava da simplicidade, mas quando viemos para cá não esperávamos ter tantos problemas ao ponto de alugar um apartamento aqui. Não queríamos demorar então não procuramos nada melhor. Só tínhamos que resolver seus problemas com o governo e então poderíamos ir para a Califórnia, morar em algum bom apartamento e talvez até fazer faculdade. Mas a cada dia eu também me sentia mais pressionado em relação ao meu pai. Decidir que realmente iria embora e deixá-lo no Arizona não foi fácil.

— Não quero voltar. — Falei, parando em frente à janela. Estava um dia ensolarado e bonito. Morávamos perto de montanhas que proporcionavam uma vista agradável, para compensar todo o resto ruim.

— Tem que se resolver com ele. — Jack suspirou, não me virei para o olhar. Eu nunca me dera bem com meu pai e Jack sentia muito por mim. Ele nunca tivera o pai ou a mãe, ou uma família e queria que eu recuperasse o que restara da minha. Era o meu melhor amigo desde que brigamos juntos na escola, um contra o outro. Uma longa, longa história.

E havia o meu pai. Sempre se metendo em confusão e colocando sua família no meio. Não sei como ele se resolvia, não sei como ele ainda não havia matado á mim com isso. No fundo me perguntava se ele sequer se importaria.
Eu já tivera meus problemas, mas nunca o envolvi em nada.

Balancei o celular entre os dedos enquanto tirava um maço de cigarros do bolso.
— Vou ligar de novo. — Não olhei para Jack enquanto saía andando para a pequena sacada na sala.

Acendi um cigarro e semicerrei os olhos para o sol. O dia estava muito quente e mesmo a camisa branca comum me fazia soar. Eu costumava rir de Jack em dias como esse. Ele odiava calor com todas suas forças e evitava qualquer contato com o sol. Era engraçado porque ele sempre agia como um metido em dias como esse.

Parliament'sWhere stories live. Discover now