Chapter Fifteen

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Talvez eu esteja com medo do jeito que eu te amo
E talvez eu esteja impressionado com o jeito que você me tirou do tempo
Você me pendurou em uma linha
Talvez eu esteja impressionado com o jeito que eu realmente preciso de você.

Maybe I'm amazed, Paul McCartney.


Quando as coisas costumavam ser mais simples para mim, e quando eu tinha outros amigos, eu os ouvia falar sobre todo tipo de viagem. Intercâmbio, viagem de férias, viagem de verão...
Apesar da nossa querida Califórnia ser um lugar agradável, sempre parecia haver mais lá fora. Acho que para todo mundo, sempre vai parecer haver mais em outro lugar que não é onde a pessoa more.

Hayden amava falar sobre isso. Ele costumava me mostrar rotas que ele havia escolhido no mapa. Em seu quarto haviam dezenas de mapas de vários lugares. E eu gostava tanto disso.

Lembro-me de quando ele me contou, pela primeira vez, o seu maior sonho.
Estávamos deitados em sua cama, eram quase duas da manhã.

— Você sabe onde fica Nova Orleans? — Ele perguntou calmamente, quando estávamos quietos e em silêncio há algum tempo. Eu estava deitada em seu peito, enquanto Drive de The cars tocava na vitrola. Havíamos comprado aquele disco naquela manhã.

— Louisiana?

— Andou fazendo o dever de casa? — Ele sorriu. Olhei para ele por um momento, absorvendo aquela expressão calma e brincalhona, então voltei a deitar em seu peito.

— Depois de vermos tantos mapas, posso falar até mesmo a capital de qualquer estado, todos os países da América e Reino Unido.

Senti o sorriso de Hayden e ele me apertou um pouco contra si. Depois de alguns segundos ele se levantou e eu me enrolei completamente nos lençóis. Kodan vestiu sua calça, sem abotoar, e saiu na varanda do quarto, acendendo um cigarro. Fiquei observando suas costas bem torneadas e tatuadas, dali da cama, pensando no quanto eu o amava e no quanto ele conseguia tornar qualquer momento especial.

A luz branca e clara da varanda estava acesa, iluminando um pouco do quarto, mas Hayden parecia ser o sol de qualquer lugar que fosse.

Me levantei, ainda enrolada nos lençóis, e cruzei o quarto, indo até a varanda e parando ao seu lado, apoiando os braços no para-peito de grade branca.
Ele deu outro trago no cigarro, mantendo os olhos no horizonte.

— Não vai só saber os lugares daqui um tempo, docinho, você vai os conhecer também. — Ele disse com a voz suave. — Nós vamos.

Olhei para ele naquele momento, que ainda insistia em manter os olhos no que estava á nossa frente. Eu adorava o ouvir falar sobre aquilo, ele sempre mantinha a esperança de qualquer coisa que fosse. Ele estava tão sereno naquele momento, tão calmo, mas ao mesmo tempo tão intenso. Naquele momento eu percebi um dos muitos motivos que me fizeram apaixonar por Hayden: a quantidade de sonhos, sentimentos e curiosidades que ele conseguia despertar.

E eu não estava diferente agora, no carro, de volta ao presente. Sentindo milhões de coisas ao olhar para Hayden, que dirigia meu carro numa mistura de felicidade — pelo carro —, e nervosismo pelo que havia acabado de acontecer. Desisti de olhar para Kodan e me virei para a janela.

Depois de toda a confusão na casa, Hayden cuidadosamente me tirou de lá, pelos fundos e fomos embora no meu carro depois de eu pedir para alguém avisar a minha amiga e Drew. Eu não sabia com o que me preocupar mais: a morte me esperando em casa, que também atendia pelo nome de Dayse; o fato de estar no mesmo carro com Hayden, sozinhos; O que havia acontecido ou o fato de eu também não saber para onde estávamos indo.

Parliament'sWhere stories live. Discover now