[f(4) = 8 - x] Pendular

179K 23.3K 110K
                                    

🔮

Belinda está inteira. Essa é minha primeira constatação quando saio de casa.

Definitivamente, não é como se ela tivesse sofrido o acidente que vivi em meu suposto sonho. Mas ao contrário disso, minha perna ainda dói e as cenas continuam vivas como memórias, não como resquícios de um pesadelo.

Eu vou enlouquecer. Essa é a segunda constatação.

— Hyung... está tudo bem? — Junghee questiona quando, quase um minuto depois, eu continuo de pé no mesmo lugar, olhando para Bee.

Quais as chances de explicar para meu irmão o que aconteceu e não ser visto como um verdadeiro doido?

Exato. Melhor nem tentar.

— Tudo tranquilo. Vamos logo — É o que respondo, então passo um capacete para ele e uso o outro, acelerando para longe de casa assim que subimos em Belinda.

Depois de deixá-lo em sua escola, eu rapidamente rumei à Universidade de Hangsang e estacionei exatamente na mesma vaga que ocupei, no meu sonho — e seguirei chamando-o assim até encontrar denominação melhor.

Dessa vez, talvez por ter chegado mais cedo, a vaga ao lado está desocupada, então o que faço é me recostar em Bee e esperar.

Com o passar dos minutos, eu me sinto mais ansioso e meu corpo inteiro pede por um pouco de nicotina para relaxar.

Depois da morte de meu pai, eu comecei a fumar com frequência, mas o apelo emocional de meu irmão mais novo me incentivou a abrir mão do hábito alguns meses atrás.

Agora, no entanto, parece que estou no primeiro dia de abstinência.

Por puro hábito retomado, eu tateio os bolsos de minha calça em busca de um cigarro esquecido, mas a frustração de não encontrar sequer um sobrevivente é subjugada assim que o som exagerado de um motor de carro esportivo corta a atmosfera no estacionamento e, instantes depois, o mesmo carro amarelo aparece diante de meus olhos, movendo-se até ocupar a vaga ao lado.

Sem me preocupar em ser discreto, meus olhos acompanharam atentamente os últimos movimentos, até o motor ser desligado e Park Jimin sair do banco do motorista com os cabelos repuxados para trás, óculos escuros no rosto, a bolsa de treino pendurada num só lado do ombro, botas de combate tilintando ao se chocarem contra o asfalto e suas mangas longas cobrindo cada uma de suas tatuagens, como sempre.

Definitivamente, Park Jimin.

E ele está vivo.

— Perdeu alguma coisa, Jeon? — Ele pergunta, fazendo jus à minha constatação.

Sim, Park. Perdi minha sanidade mental, aparentemente.

No entanto, não é como se eu fosse abrir meu coração e confessar tudo que aconteceu nas últimas horas, então o que faço é agarrar minha mochila apoiada sobre o assento de Belinda e, sem colocá-la nas costas e sem respondê-lo, me adianto para longe, em direção ao departamento de matemática.

— Sabe de uma coisa? Você é um esquisito! — Jimin gritou ao longe, e eu juro que ouvi sua risada ao final.

Maluco insuportável.

Mas ainda bem que ele está vivo.

Esse não é o tipo de pensamento que pensei que teria algum dia, mas me baseando nas sensações sufocantes que tomaram meu peito durante aquele sonho, ou seja lá que inferno foi aquilo, saber que Park Jimin continua exatamente o mesmo, vivo, é um motivo para suspirar aliviado.

E é aqui que as coisas começam a ficar ainda mais esquisitas.

— Ei, Jeon!

Assustado com essa sensação de dèja-vu que não passa, eu parei bruscamente e me virei para trás a tempo de encontrar Woo-ri se aproximando com os braços carregados de coisas, como sempre.

CEM CHANCES • jjk + pjmWhere stories live. Discover now