[f(20) = 60 - 2x] Labirinto

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Quem tava com saudade de atualização em Cem chances? Só eu? Ok...

🔮

Eu nunca fui entusiasta em repetir o que dizem por aí, sobre a mente humana ser um labirinto.

Mas a vida é uma sequência de acontecimentos muitas vezes imprevisíveis, inesperados, outros indesejados. E hoje, depois de me deparar com tantas situações de tal natureza num intervalo de tempo tão curto, me pego no estado que os filósofos de internet defendem ser o estado natural de todo ser humano: completamente perdido nos caminhos das sinapses cerebrais.

Eu não entendo a maioria dos pensamentos que passei a ter, no exato momento.

Não entendo por que tantos me levam a um mesmo destino.

Não entendo por que esse destino é Park Jimin.

Mas esta é a situação atual.

Depois que saí de sua casa, desestabilizado por mais uma de suas declarações inesperadas, algo parece ter mudado.

Eu não parei de me questionar sobre muitas coisas. Os mistérios do universo no qual vivemos, certamente, tiveram sua parcela de espaço para ponderações. No entanto, muitos de meus esforços involuntários vagavam por outros rumos, por mais que eu tenha tentado impedir.

E tentei impedir porque está claro: não estou pronto para lidar com essa nova sensação de passar tanto tempo pensando numa só pessoa.

Mas o que fazer quando não se encontra a saída desse maldito labirinto? Quando todos os caminhos me levam a ele? A pensar nas palavras que ele já disse, naquelas que já me ouviu dizer, em nossos dedos entrelaçados e no abraço que me deu enquanto desvendava minhas tatuagens?

Ainda pior, o que fazer quando minha mente continua voltando à lembrança da percepção de que ele esteve com Jinhei, na tarde em que desapareceu? O que fazer quando as dúvidas não sanadas continuam martelando em minha consciência confusa?

Eles fizeram sexo?

Independente da resposta para a pergunta anterior, por que a possibilidade me causa tanto desconforto, essa sensação ruim no fundo do estômago?

No cenário geral, tudo está tão bagunçado que o que melhor entendo são as falhas do universo, enquanto me percebo incapaz de me entender.

Vai para o inferno, Jimin.

— Merda... — Praguejo sozinho, com os cotovelos apoiados em minha mesa de estudo enquanto bato minha testa contra minhas palmas. — Sai da minha cabeça, cacete!

— Sair? Sair o que? — Alguém pergunta.

Por um momento achei que seria satanás, mas é pior. É Junghee.

— Ninguém, moleque.

— Ninguém? — Ele repete. Está com um caderno e um livro debaixo de um braço, enquanto usa a mão para arrastar sua cadeira de rodinha até pará-la ao lado da minha. Enquanto ocupa o assento sob meu olhar inquisitivo, ele pergunta: — Então é uma pessoa? Quem?

— Eu já disse para você deixar de ser tão fofoqueiro. E pelo amor de deus, está de mudança para o meu quarto? Sai daqui, moleque chato.

Junghee apoia o livro e o caderno sobre a bancada, olhando para eles com uma súbita insegurança antes de voltar seu olhar, agora receoso, em minha direção.

— Matemática. — E diz, preocupado. — Você não vai mais me ajudar?

— Ah. — Eu suspiro, me recostando em minha própria cadeira. Minha mesa está cheia de papéis com cálculos extensos, facilitados pela calculadora científica, e cercados por pó de borracha. Minha última questão ainda vai ao meio, mas eu dou de ombros, incapaz de negar ajuda ao meu irmão. — Vai abrindo aí o livro e o caderno. Eu já estou acabando.

CEM CHANCES • jjk + pjmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora