[f(21) = 5x - 84] Relatividade

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🔮

Eu beijei Jimin.

Não foi ele que me beijou. Eu beijei Jimin.

E eu quero beijar de novo.

De verdade, dessa vez. Não apenas tocar minha boca na sua. Eu quero ir além.

— Jimin... — Chamar seu nome não é uma decisão racional. Segurar sua mão não me leva qualquer ponderação mais profunda; entrelaçar nossos dedos, menos ainda.

Depois de tudo que me disse, de seu jeito de me olhar e de reagir às menores ações que tomo, eu acreditei que ele desejaria isso tanto quanto eu descobri desejar. No entanto, Jimin não me permite tentar tocar sua boca novamente, não quando sua testa descansa sobre a minha, sua expressão parece carregada de frustração e sua mão descansa em minha bochecha, sem que eu entenda se seu toque é um novo carinho ou uma forma de refrear o meu impulso de beijá-lo mais uma vez.

— Eu odeio que você esteja bêbado agora, Jungkook... — Leva algum tempo até que ele confesse, nesse tom que me parece insegurança, talvez incerteza.

— Eu não bebi tanto assim. — Eu tento soar tão firme quanto possível, mas sei que falho.

— Mas não bebeu pouco. — Em contrapartida, ele diz. Não se afasta, não me priva de seu toque, mesmo ao ir em frente: — E você me beijar agora... você me dizer que não me quer só como amigo depois de tantas vezes repetir que não gosta de mim como eu gosto de você... você fazer essas duas coisas, pela primeira vez, depois de beber... que merda, Jungkook. — Apesar da sinceridade palpável de sua confissão, Jimin deixa uma risada fraca escapar. — Você continua me torturando, gracinha. Cada vez mais.

— Então você não vai me deixar te beijar de verdade. — É a conclusão à qual chego, sentindo o amargor da rejeição velada e da vergonha pouco a pouco chegando à minha consciência.

Em resposta, Jimin parece sofrer. Um suspiro quase dolorido vem, antes que sua cabeça faça o movimento seguinte e sua boca se aproxime. No entanto, não toca a minha.

Seus lábios pousam em minha bochecha, deixando um beijo demorado, carregado por um suspirar seu, enquanto seu polegar acaricia a maçã oposta de meu rosto.

Ao se afastar, anuncia: — Agora, não. E você é inteligente o suficiente para saber que não é porque eu não quero. Se dependesse de minha vontade, Jungkook... eu te levaria ao céu só com um beijo. Aqui e agora.

Eu não estou completamente sóbrio. Agora, tenho a confirmação. Porque não há possibilidade alguma de que nesse microuniverso, nesse universo ou nesse multiverso inteiro, eu diga o que vem a seguir, estando sóbrio:

— Então leva. Me deixa te beijar...

— Cacete, Jungkook-ssi... — Esse seu tom de sofrimento persiste, agora, intensificado.

Eu não digo mais nada. Ainda não tenho álcool o suficiente correndo em meu sangue para ir além disso. Daqui, já começo a me recolher em constrangimento, em bochechas vermelhas e sílabas gaguejadas.

— O problema é que eu gosto de você. Muito. — Ele diz, enfrentando resistência do próprio corpo ao se afastar mais de mim. — E quando você me beijar, eu quero ter certeza de que fez porque quis, não porque bebeu e confundiu o que estava sentindo... tudo bem, gracinha?

Eu quero dizer que sim, porque acho que entendo o que ele está sentindo. Estou me esforçando para entender, pelo menos.

No entanto... o sim não vem. O que vem é esse calor característico, a incapacidade de sustentar seu olhar, a certeza de que meu rosto está exibindo a cor vermelha que entrega minha verdadeira reação.

CEM CHANCES • jjk + pjmWhere stories live. Discover now