[f(24) = 4x - 72] Nosso erro

270K 19.3K 200K
                                    

Eita saudade! Bora de mais Cem chances na quarentena?

🔮

Pandora é um carro bonito. Eu gosto da cor amarela, das curvas suaves da lataria e do conforto dos bancos.

À primeira vista, eu achei que não combinava com Jimin. Hoje, facilmente associo sua imagem ao corpo tatuado sentado no banco do motorista, com o teto de vinil recolhido e o vento jogando seus cabelos escuros para todos os lados enquanto, por trás das lentes dos óculos de sol, seus olhos se atentam ao caminho seguido por cada rua cortada pelo som do motor potente.

Bee, coitada. Já veio semi-nova, com o motor quatro tempos desgastado, potência máxima de 7500 rpm, partida mecânica.

Eu amo Belinda. Me levou um puta esforço para conseguir pagar por ela e eu não sou capaz de menosprezá-la por sua ficha técnica não ter as mesmas especificações de desempenho que um carro como Pandora, porque seria como menosprezar cada sacrifício que fiz para comprá-la.

Ainda assim, preciso reconhecer que, mecânica e fisicamente, ela é incapaz de vencer uma corrida contra o carro de Jimin. Ela tem limitação muito aquém à limitação de um conversível potente como esse.

Por isso, hoje, parece que a corrida que apostei com Jimin no início de tudo isso parece um sonho louco.

Eu estava tão cego de ódio? Tão domado pelo sentimento injustificável que sequer fui capaz de decidir racionalmente por não entrar numa disputa que já estava perdida?

É estranho olhar para trás. Diante de toda a repetição do dia 21 de outubro e da intensidade dos acontecimentos que sucederam o acidente apagado da memória de todos, eu percebo que parece ter se passado uma eternidade desde então. Se não essa, que outra sensação eu teria ao, menos de um mês depois, ver toda a situação inicial revertida e transformada na atual?

Que outra sensação eu teria ao, depois de tanto odiar Jimin e estender esse ódio até mesmo a algo inanimado, como seu carro, me ver saindo de casa em companhia de meu irmão para irmos para a aula com ele?

— Você até botou a jaqueta bonita ao invés daqueles moletons velhos — Junghee diz quando atravessamos o pequeno jardim, até Pandora. — Tá querendo ficar bonito pra Jimin hyung, né?

Eu olho para a jaqueta de couro antes de segurar a nuca desse moleque e apertá-la para que ele ande mais rápido, enquanto ele reclama da dor e eu garanto:

— Nada a ver.

Logo à frente, o conversível amarelo já está à nossa espera. Jimin está no banco do motorista, com os óculos repousados no topo de sua cabeça prendendo as mechas escuras para trás e os olhos pousados em mim enquanto me observa cada vez mais próximo.

A cada passo que dou, seu sorriso pequeno se mantém e intensifica a sensação de nervosismo no fundo do meu peito.

Em simultâneo, minha mente dispara um mantra: eu beijei Jimin. Eu beijei Jimin. Eu beijei Jimin.

Eu beijei Jimin e quero continuar beijando.

Tomado pelo nervosismo, eu pego Junghee de surpresa quando paramos diante de Pandora e, apenas para adiar o cumprimento que devo direcionar a Jimin, agarro a gola da camisa de meu irmão, seguro suas pernas e, erguendo-o enquanto ele ofega pelo susto, jogo o corpo magricela no banco de trás do carro.

— Hyung! — Ele grita, todo desmontado sobre o assento.

Sem dar atenção à sua reclamação, eu passo minhas pernas por cima da porta da frente e sento no banco do carona com o corpo todo rígido, virado para a frente quando deixo minha mochila nos pés.

CEM CHANCES • jjk + pjmWhere stories live. Discover now